A parceria entre o FasterF1 e o Café com F1 continua a todo favor. Nesta semana, com outro grande ícone da categoria.
Se voltássemos para os anos 1960, encontraríamos Silvestone, Monza, Nurburgring, Mônaco… e apenas duas equipes que permanecem vivas até hoje: Ferrari e McLaren. E os ingleses devem uma grande parte de seu sucesso a um homem que, na época, era um jovem aprendiz de mecânico.
Ron Dennis, inglês nascido e criado numa família de classe média, em Woking, chegou à F1 em 1966, então mecânico de Jochen Rindt, na Cooper. O piloto austríaco gostou tanto do trabalho do garoto de 18 anos que, quando foi para a Brabham, no ano seguinte, levou-o consigo.
Em 1969, Rindt trocou de equipe novamente, mas Jack Brabham quis que Dennis ficasse em seu time. Nessa época, Ron já começou a lidar com as estrelas que teria que domar pelo resto da carreira. “Nunca vou esquecer de um GP da Alemanha – acho que em 1967 – no Nurburgring. O carro estava pronto no grid, só restavam alguns minutos para a largada e quem estava faltando? Nosso piloto Jochen. Mandaram-me pegá-lo. Lembro que ele tinha passaporte austríaco, mas tinha nascido na Alemanha. Encontrei-o atrás do box, fumando, sem intenção alguma de ir para o grid. Com uma frieza incrível, ele disse: ‘Eles podem fazer muitas coisas, mas a única coisa que não vão fazer é começar o GP da Alemanha sem mim!’ Meio arrogante, mas me impressionou.”
A época com Brabham também lhe renderia uma história daquelas por que todo novato em qualquer empresa deve ter passado. No GP da Inglaterra de 1970, o australiano ultrapassou justamente Rindt com 12 voltas para o final e corria tranquilo para a vitória até que, no penúltimo giro, seu carro parou, sem combustível. Brabham não teve dúvidas em despejar sua raiva no jovem Dennis, acreditando ser ele o responsável pelo erro de cálculo.
Na verdade, o problema era com a regulagem do afogador do motor e o responsável, Nick Goozee, hoje engenheiro da Penske na Fórmula Indy.
Com a aposentadoria de Brabham, Dennis decidiu formar o próprio time, junto de outro mecânico, Neil Trundle. O Rondel Racing teve sucesso nos anos 1970 na Fórmula 2, mas Ron acabou abandonando o projeto para ter uma equipe própria. Foi então que começou a longa parceria com a Malboro, formando o Project Two, Project Three e o Project Four, este último com títulos na F2 e na F3 em 1979 e 1980.
Com o Project Four, o inglês expandiu seus negócios, preparando carros de corrida da BMW. Com os lucros, começou a prospectar a volta à categoria principal, e contratou o já reconhecido projetista John Barnard, que havia trabalhado na F1 nos anos 60 e 70, e estava nos Estados Unidos.
Quando o executivo da Philip Morris, John Hogan, decidiu comprar a então decadente McLaren, era natural que seu parceiro das categorias menores assumisse a função de trazer o time de Bruce McLaren de volta às vitórias. Em 1980, então com apenas 33 anos, Ron Dennis virou chefe de equipe de F1. Amanhã, veremos como o metódico inglês transformou um time em dificuldades numa potência.
3 Comments
é uma história vencedora! dennis apesar do pulso forte, é uma das figuras mais emblemáticas da f1! é algo surreal, nos dias de hoje, imaginar um mecânico chegar a tão alto nível! trabalho, persistência e bons relacionamentos, aliado a um espírito empreendedor, fizeram vingar o projeto! apesar dos postos diferentes, há uma certa semelhança entre a escalada de dennis e tio bernie! os caras sempre estão próximos das oportunidades! quem sabe faz a hora, não espera acontecer! hehehe( vou ser processado por plágio)
Na nova geração não temos um mecânico que virou chefe, mas temos um piloto que nem chegou à F1 e é chefe! As oportunidades seguem aparecendo. Afinal, milionários como o Mallya, o Fernandes, o Branson, o Mateschitz, todos precisam de alguém com conhecimento técnico para tocar a equipe. Talvez histórias como a de Ron e Bernie sejam menos comuns porque hoje o campo de formação é mais vasto. Então você tem gente que vem de diversas áreas, como o Whitmarsh, engenheiro aeroespacial, ou o Domenicali, que é administrador de empresas.
Dennis como ele mesmo se intitula foi o arquiteto da reconstrução da Mclaren. Levou esse time da quase falência para essa superpotência que é hoje. Um visionário monstruoso, haja vista, o que a Mclaren projeta para seu futuro com carros de rua o Mp4-12/c marca essa nova era.