F1 Desequilibrou - Julianne Cerasoli Skip to content

Desequilibrou

É fácil ser levado por um feito excepcional de, não apenas o primeiro que repetiu uma vitória na temporada, como também o único que ganhou largando atrás da primeira fila – e bem atrás, de oitavo e 11º – no ano. Mas não se pode fechar os olhos para o salto que a Red Bull vem ensaiando nas últimas provas e deu, pelo menos em forma de performance, em Valência.

A equipe vem de pole e vitória no Bahrein, sofreu um apagão após um erro na estratégia da classificação na Espanha, depois fez pole e vitória em Mônaco, pole e quarto lugar (com erro de tática) no Canadá. No GP da Europa, Vettel não caminhava apenas para uma vitória, mas para um grand chelem (pole, vitória liderando todas as voltas e volta mais rápida). E isso não é pouco em um campeonato tão acirrado.

Muito desse salto do Canadá, quando o RB8 pareceu ter o melhor carro em classificação, mas sofrer mais com a degradação na corrida, para Valência tem a ver com extensos upgrades. Até a suspensão traseira foi redesenhada para acomodar novidades no difusor e assoalho, tudo para dar mais pressão aerodinâmica, algo fundamental para gerar estabilidade e conservar pneus, nessa parte de trás do carro, que perdeu muito com o banimento do difusor soprado.

Assim, ao contrário do Canadá, quando Vettel assombrou a concorrência na classificação, mas não manteve o mesmo ritmo na corrida, em Valência o alemão escapou como se estivéssemos em 2011. Um pouco disso teve a ver com o fato de Hamilton, muito lento, ter segurado Grosjean, único que parecia ter carro para lutar de igual para igual com o bicampeão, mas, de qualquer forma, é um domínio que vem se desenhando há algumas etapas e se tornou mais forte com os upgrades. Todos sabem a vantagem de se largar na frente nessa F-1 dos Pirelli e o equilíbrio atingido pela Red Bull entre ritmo de classificação e corrida é fundamental para as chances de Vettel e Webber.

Por outro lado, esse grande salto do GP da Europa foi acompanhado por uma série de problemas diferentes, primeiro com Webber, depois com Vettel. Isso não é novidade na Red Bull, que quase perdeu um campeonato em que tinha grande superioridade técnica, em 2010, por três abandonos do alemão quando liderava. A equipe devia saber do risco de estrear um extenso pacote justamente na quente e estressante para o equipamento Valência e assumiu o risco, como lembrou o jornalista Livio Oricchio ainda na coletiva de sábado, quando perguntou a Vettel se ele não temia pela confiabilidade. “Você está certo”, respondeu o bicampeão. “Isso torna as coisas difíceis, mas há uma primeira vez para tudo. Obviamente, tentamos fazer peças que sejam confiáveis, então não estou preocupado.”

O dia seguinte mostrou que Vettel deveria, sim, se preocupar. Porém, mesmo que Alonso tenha conquistado uma vantagem importante, de 28 pontos, ainda mais para um piloto que vem pontuando (e bem) nas últimas 20 corridas, o novo ritmo da Red Bull é algo que, se preocupa alguém a longo prazo, preocupa os rivais.

15 Comments

  1. a performance da red bull em valência não é apenas preocupante. é brochante. pra mim, o campeonato já acabou, e vettel é o campeão. não vou nem assistir às próximas corridas.

  2. Julianne,
    Essa proibição de pegar a bandeira é uma bobagem da FIA, mas pergunto a você: Alonso não deveria ter levado seu carro para o espaço fechado destinado aos três primeiros colocados, para o exame regulamentar do carro, da gasolina e a aferição da quantidade dela que restou? Pergunto porque se não me engano já vi Vettel parando antes também, e Lewis sendo flagrado com insuficiência de combustível e punido drasticamente por isso.

    • Sim, a proibição é até pior do que cartão amarelo para jogador que tira a camisa na comemoração, mas ainda bem que ninguém falou em puni-lo por isso.
      Há uma diferença entre a punição de Hamilton e o que aconteceu ontem. Na classificação, não é permitido deixar o carro na pista, a não ser por problema de força maior – e falta de combustível, nesse caso, não entra nesse quesito porque quer dizer que o piloto tirou vantagem de ter menos peso para fazer sua volta rápida. Foi uma regra criada, inclusive, após a própria McLaren usar isso com Hamilton para conseguir a pole no Canadá em 2010.
      Já na corrida, é permitido que o piloto pare caso tenha algum problema – Alonso disse que apareceu um alerta no painel e o instruíram para que parasse. A FIA recomenda que não façam isso com frequência, mas não há uma regra que diz que “o piloto não pode parar após a prova X vezes na temporada”. Depois, o carro é levado para checagem normalmente.

      • Obrigado pelo esclarecimento, Julianne.

  3. Oi Ju,

    Que saudade de comentar aqui no seu espaço! Não tenho comentado, mas sempre dou uma passada por aqui. Gosto muito das suas análises. Ontem quando Vettel abriu aquela vantagem exorbitante eu já desconfiava que a Red Bull tinha descoberto a chave para uma nova hegemonia. Fiquei frustrada. Estou adorando o grande equilíbrio dessa temporada. O grande gênio Adrian Newey deveria ser banido da F-1 (KKKKKKKKK). Vou esperar ansiosa pelo post das transmissões brasileira, inglesa e espanhola do GP de ontem. Beijo.

    • É mesmo, Carolina, vai ser interessante a comparação das transmissões desse GP.

      A propósito, Julianne, que tal você fazer um gráfico por corrida da quantidade de tempo que a transmissão brasileira fala somente sobre os brasileiros (que tomaram fechada, que foram punidos em excesso, que foram prejudicados, que sofrem politicagens, etc etc etc)? hehehe

      Caramba, a corrida de ontem pegando fogo e a transmissão brasileira somente discutindo Senna e Massa… tá difícil isso. Se eu tivesse com mais tempo esse ano, eu voltaria a baixar as transmissões inglesas pra assistir. Putz!

      • Não é justificativa, mas não acontece só aqui. No post da corrida passada chamei a atenção para como os ingleses não paravam de falar do Button, que não estava fazendo nada. E, isso, mesmo com Hamilton na ponta. E os espanhóis? Fiquei imaginando os berros do Lobato no final… depois conto para vocês como foi.

  4. Olá Julianne!

    Que corrida fantástica, ainda mais considerando que o circuito não é lá grande coisa.

    Mas uma coisa eu achei meio estranho. Havia realmente motivo para a entrada do safety car? Ou aquilo foi uma manobra para eliminar a grande vantagem que o Vettel havia construído e criar uma nova disputa? E aquele tempo todo atrás do SC, me pareceu que foi até uma manobra para favorecer os carros que estavam com uma parada a menos…

    E as punições? Parece que existem dois pesos e duas medidas…

    Maldonado tirou o Hamilton e afetou a disputa pela liderança do campeonato, então toma 20s de punição. Kobayashi se envolve em duas batidas em circunstâncias estranhas e não é punido… Schumacher passa com o DRS aberto em zona com bandeira amarela e não é punido…

    Falta um pouco de consistência nas decisões dos comissários.

    Será que vai começar uma temporada de caça às bruxas contra a RBR, para evitar que ela se distancie demais? Já foi proibido o buraco no assoalho, os dutos do freio traseiro…

    Grande abraço.

  5. Apesar do desnível de desempenho entre companheiros em algumas equipes, essa evolução da Red Bull é confirmada pela liderança relativamente folgada no campeonato de construtores.

  6. Definitivamente estou achando que guardar um jogo de pneus macios para o final pode ser a melhor estrategia para alguns do fundão. Isso e sempre quando os que vão na frente não decidirem se trocam, devido a que disputam em mesmas condições com outros adversarios a ponta. Ontem Shumi deu Show apos trocar a 16 voltas do final pasando uma fileira de carros. Chegou em terceiro sem saber em que posição se encontrava. Em entrevista ele disse: “Passei tudo o que encontrava pela frente, até para me liberar do assedio em que me tinha Webber”. na realidade, uma amostra de estrategia para o final. Por outro lado, não entendo o chororó do Hamilton. Logo Hamilton, que tanta barbada ate agora fez. Ontem não vi nenhuma irregularidade no toque com Maldonado. De fato os dois se merecem e ainda vão dar boas disputas em pista. o Venezuelano tambem é rápido e arrojado e merecia muito mais que Hamilton esse terceiro lugar. Se alguem deveria ser punido era Hamilton por ter fechado o espaço com um carro que vinha inferior ao Willians.

  7. Ver um pódio como este foi sensacional. Lembro das temporadas de 2003, 2005, quando Kimi, Schumi e Alonso duelavam no mais alto nivel. Vettel, Hamilton são grandes pilotos, mas esses três marcaram época e ainda pilotam como poucos.

  8. Ju, sobre esse possível pulo do gato da RBR, algumas dúvidas:
    1° a Mclaren parece ter andado para trás, afinal os prateados aparecem apenas com Hamilton
    2° o rítimo mais lento de Hamilton, acabou sendo como um safety car ambulante, kkkkk, formando uma fila indiana, desgastando os pneus de quem vinha atrás, facilitando a vida de Vettel
    3° nessa temperatura alta, tanto RBR quanto Lotus, renderam muito bem no Bahrein, mas me parece, que o fraco rítimo da Mclaren nessas condições, foram contrabalanceados pela boa velocidade de reta de Hamilton
    4° me lembro que em 2011, a FIA entre Valência e Silverstone, estava em julgamento sobre o difusor soprado e, se a RBR tiver chegado nesse estágio de domínio, muito provavelmente a caneta deve funcionar, pois essas “super” mudanças dos taurinos são exclusividade e, pelas restrições em 2012, vide o suspensão regulável da Lotus na pré temporada proibida, os furos no assoalho da RBR, que poderiam criar desníveis de competição, sendo assim, os updates sendo de outro planeta, não duvido nada do poder “moderador” da FIA
    5° sobre o lance Maldonado/Vettel, existe a regra do espaço de um carro nas manobras de ultrapassagem, em toda pista, portanto, Hamilton foi culpado, pois Maldonado estava lado à lado, e foi jogado para fora da pista.
    6° me parece que no caso de Senna/Koba, o brasileiro que havia sido ultrapassado por Raikkonen, deixou espaço, onde o japonês começou a manobra e, o braisileiro vendo que perderia a posição, fecho a porta após o início da manobra. Involuntário ou não, Bruno não deixou espaço.

    • Dado o ritmo do Vettel na classificação, parece que não foi só uma questão do Hamilton estar lento – afinal, se ele estivesse tão lento assim, Grosjean e Raikkonen não sofreriam tanto para superá-lo. A Red Bull realmente deu um salto e a McLaren, por sua vez, promete um grande pacote de mudanças para Silverstone.
      Sobre essas outras questões, conversamos bastante no Credencial. Se puder ouvir, acho que resolvemos várias dessas dúvidas!


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