Apesar dos alardes de sexta-feira, a estratégia para o GP de Cingapura não contou com grandes variações em relação às corridas anteriores: três paradas para as quatro primeiras equipes, enquanto os demais tentavam fazer a tática de três stints funcionar.
No entanto, apenas Force India e Sauber conseguiram se manter na estratégia de dois pit stops, muito em função do Safety Car, na volta 29, ter gerado uma grande oportunidade para um troca de estratégia: a maioria que aproveitou a janela acabou descobrindo que fazer o resto da corrida com os mesmos pneus seria pedir demais, como Rubens Barrichello percebeu a duras penas no final, rodando cerca de 6s mais lento que os rivais.
Mas foi uma aposta válida em um circuito no qual as ultrapassagens foram mais raras que nas últimas provas. Quem estava fora dos pontos tinha de antecipar a segunda parada e torcer, ou para que o SC durasse mais tempo, ou que outro aparecesse – de preferência após o terceiro pit dos rivais.
Outra questão importante foi o uso dos diferentes compostos. Ao contrário da maioria das provas, em que o tipo mais macio foi o predileto, a grande maioria optou pelo mais duro do final de semana logo no segundo stint, devido à alta degradação com o carro pesado – a Ferrari, de maneira surpreendente, foi tão mal com o supermacio que fez o resto da prova com o prime.
A opção de priorizar o pneu macio veio com o impressionante primeiro stint de Di Resta. Largando com a opção mais dura, o escocês conseguiu evitar os boxes até a volta 19, e com um bom ritmo. Ou seja, a degradação do supermacio acabava com a vantagem de performance de cerca de 1s que se observava nos treinos. Com os 20s construídos nas primeiras 19 voltas, Di Resta já tinha feito prevalecer sua tática de 2 paradas contra as 3 da Mercedes e conquistava o melhor resultado na carreira. Para quem reclama de pilotos que não saem no Q3, esta é a resposta: o escocês só pode largar com macios e tentar algo diferente na estratégia porque não tinha tempo marcado (como ele mesmo explica no vídeo). Mesmo com o Safety Car vindo um pouco mais cedo do que seria o ideal (obrigando-o a trocar um pneu com 10 voltas e aguentar 30 com o terceiro set) conseguiu manter um ritmo competitivo no final.
Entre os que fizeram duas paradas, a corrida mais impressionante é de Perez, mais uma vez fazendo seus pneus durarem mais que a concorrência. O mexicano parou na volta 15, mesmo tendo largado com supermacios, em um esforço que se provou vital para entrar nos pontos.
O Safety Car e o duelo Hamilton x Massa
Em um dia no qual o 150º Italia não andou, o Safety Car também veio em um momento ruim para ambos os pilotos, logo depois de suas paradas. O que em um passado recente – antes da adoção dos tempos delta e do SC obrigatoriamente esperar o primeiro colocado – era uma vantagem, hoje tira a chance do undercut (que Alonso vinha conseguindo em relação a Webber, o qual havia superado em 7s ao parar antes) e ainda dá praticamente uma parada grátis aos rivais.
Comparando a corrida de Felipe Massa e de Lewis Hamilton após o toque que comprometeu o domingo de ambos, o Safety Car foi um divisor de águas: Massa, então com três pitstops no bolso, estava a 55s do líder na relargada, enquanto Hamilton tinha apenas 7s de desvantagem – antes do SC, estava 100s atrás! – e supermacios novinhos em folha para atacar, em uma manobra inteligente da McLaren, que colocou o inglês em um tipo de pneu diferente dos rivais diretos para que se livrasse mais rapidamente do tráfego.
É bem verdade que Hamilton já vinha abrindo caminho de maneira mais decidida que Massa e já estava grudado no brasileiro quando o piloto da Ferrari fez seu terceiro pit, mas o curioso é que, ainda que o inglês tenha pago um drive through, o tempo perdido por ambos com a confusão foi basicamente o mesmo (cerca de 1min22 para Hamilton e 1min20 para Massa em comparação aos tempos de seus companheiros). Isso porque a volta do brasileiro aos pits, com o pneu destroçado, foi muito mais lenta do que as duas do inglês com a asa quebrada.
Após o Safety Car, Massa, com supermacios de 6 voltas, ficou preso atrás de Perez, com macios novos, enquanto Hamilton pulou de nono a quinto em seis voltas. Toda a ideia da Ferrari, de colocar o brasileiro com o pneu mais rápido para ele fazer o mesmo foi por água abaixo quando o Safety Car foi à pista e todos colocaram borracha nova.
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