“Com 22 carros na pista neste final de semana na prova decisiva da Fórmula 1 em Abu Dhabi, são 507 os resultados possíveis. E em 455 deles, Nico Rosberg seria o campeão.” Escrevendo um dos previews para a último GP da temporada, fiquei pensando no que efetivamente poderia acontecer para que tenhamos um desfecho improvável em Yas Marina, levando em consideração que os dois candidatos têm o melhor carro e uma diferença de 12 pontos entre si.
A situação mais próxima aconteceu em 2010, quando Sebastian Vettel tirou uma diferença de 15 pontos, também em Abu Dhabi, para ser campeão, superando, na ocasião, o companheiro de Red Bull Mark Webber, mentalmente destruído após errar sozinho na Coreia e perder a liderança da tabela, e Fernando Alonso.
Tal lembrança, por sua vez, me levou ao tipo de corrida que tínhamos em 2010. Afinal, Alonso perdeu aquele campeonato por uma má avaliação, inclusive questionada por ele durante a corrida, do desgaste de pneus. O que os ferraristas viram como queda de performance, ajudados pela parada prematura também de Webber, usado como isca naquela corrida, era na verdade graining. E o resto é história.
Aquela virada incrível de Vettel no campeonato veio em uma F-1 bem diferente. Com pneus que faziam a corrida inteira confortavelmente, como Alonso dolorosamente comprovou atrás de Petrov, carros altamente afetados pela aerodinâmica, motores equalizados, sem DRS. As corridas eram, geralmente, menos movimentadas, mas a competitividade entre as equipes era maior, os erros eram mais constantes, e chegamos ao final com quatro pilotos com chances de título.
Claro que era um equilíbrio artificialmente mantido, mesmo depois que os pneus Pirelli e o DRS entraram em cena – e que as corridas em si também ficaram bem mais movimentadas. Afinal, toda vez que Adrian Newey e companhia achavam algo a mais, alguma regra técnica era modificada e os pneus Pirelli, pelo menos até aquela sequência de estouros do GP da Inglaterra de 2013, também foram usados, digamos, para manter o nível geral mais baixo e competitivo, uma vez que seu comportamento era imprevisível.
Foi assim que tivemos um campeonato bastante interessante em 2012, o que continuou na mesma toada até meados de 2013. Com pneus mais resistentes e previsíveis a partir de Silverstone, a vantagem da Red Bull ficou clara e a competência de Vettel com um carro que era rápido, mas não óbvio de se pilotar, deixou as coisas sem graça.
Isso, até que o regulamento de 2014 deu grande importância aos motores e aumentou a complexidade, distanciando tanto uma equipe da outra, quanto a categoria do público. Assim, mais que pensar que Hamilton precisa de um Petrov para ganhar, como dizem os pontos, o realismo nos leva a acreditar que apenas uma quebra ou uma largada péssima podem fazer com que Rosberg perca.
E assim termina esse ciclo de três anos. É bom a F-1 aprender porque é difícil defender, com uma final de campeonato com ‘tantas’ alternativas, que a tática deu certo.
4 Comments
Belo Post. Rosberg só perde se quebrar ou bater. Até a má largada pode ser recuperada. Ou seja, se não der muito azar é mantiver a cabeça no lugar, já era.
Bom Dia, Jú.
Acredito que a chance do Hamilton é de 1% se o Nico bater na largada, fora isso, sem chance, porque mesmo se largar mal ele tem carro pra chegar em terceiro. Quebrar acho quase impossível pois a Mercedes baixou os giros do motor depois da Malásia.
Lauda e toto wolff nunca escinderam a preferência por hamilton , nao duvido nada se sabotarem o carro do rosberg , mas sinceramente o que mais me assombrou foi ver o patético kime bater o vettel em classificação 11×10 sera que kime evoluiu tanto ou vettel caiu mesmo?
Parece que Vettel não está à vontade com o carro, mas em corrida sempre vem apresentando ritmo melhor. Está na frente na tabela mesmo com várias trocas de câmbio, acidentes (só foi culpado em um deles) e com uma quebra na volta de apresentação.