Nossa viagem no tempo hoje nos leva de volta a uma era em que a McLaren era prateada e lutava por vitórias, e a Ferrari despontava como o time com as melhores táticas no grid. Há 20 anos, o equilíbrio era grande entre as equipes de Mika Hakkinen de um lado, e Michael Schumacher de outro e foi esse o pano de fundo para o GP de San Marino de 2000.
Há outra contextualização interessante a se fazer: talvez traumatizadas por todos os problemas que colocar dois pilotos fortes como companheiros trouxe para a Williams e a McLaren no final dos anos 80, havia se tornado comum e até esperado por parte das equipes ter um primeiro e um segundo piloto definidos.
F1 tinha segundos pilotos bem definidos
Para quem não lembra, no final dos anos 90, houve até jogos fortes, com o segundo piloto do time A claramente segurando o primeiro do time B, em uma intensidade que faz algum tempo que não nos acostumamos a ver.
Os coadjuvantes de luxo daquela época eram Coulthard, na McLaren, e Barrichello, iniciando sua carreira na Ferrari em um momento interessante: seu antecessor, Eddie Irvine, tinha se colocado numa situação curiosa no ano anterior, quando teve a chance de ser campeão depois que Schumacher quebrou a perna.
Se tudo o que acontecera no ano anterior servia de alento, pelo menos era o sinal de que o time formado por Todt, Schumacher, Byrne e Brawn estava começando a se tornar uma máquina de vitórias.
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A disputa pela pole position foi emocionante entre Schumacher e Hakkinen, com o alemão roubando a primeira colocação já no finalzinho do classificatório, e o finlandês retomando a pole logo depois e silenciando a torcida italiana. Seria a primeira vez que Hakkinen e Schumacher dividiriam a primeira fila na temporada, num resultado que dava ao finlandês a vantagem em números de pole na carreira: 24 contra 23 de Schumi (que viria a ter 68 apenas seis anos depois!).
Coulthard e Barrichello fecharam a segunda fila, e o carro mais próximo do dueto prateado e vermelho foi a Williams de Ralf Schumacher, mais de 1s atrás.
Táticas diferentes na época do reabastecimento na F1
Schumacher não largou bem, mas conseguiu manter a segunda posição. Hakkinen abriu um pouco, 4s, e quando ambos pararam na mesma volta, o finlandês optou por um reabastecimento mais curto que o do rival.
Este era um tipo de tática comum na época: fazer o contrário do que esperava-se que o outro faria e, como numa pista tão travada como San Marino (e numa época em que a média de ultrapassagens era bem mais baixa que hoje), era de se esperar que quem estivesse na frente protegeria a posição de pista e não optaria por um reabastecimento mais longo, a decisão da Ferrari não foi tão difícil assim.
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Em teoria, por estar mais leve, Hakkinen teria a oportunidade de abrir mais vantagem na liderança antes da segunda bateria de pits, mas dificuldades com retardatários e um problema no motor, que às vezes perdia potência na reta, fizeram com que Schumacher diminuísse a desvantagem para pouco mais de 2s.
Mas foi a segunda parada que revelou a estratégia da Ferrari: em apenas 6s2, Schumacher estava de volta à pista, mostrando que ele já tinha largado com mais combustível do que a McLaren imaginava. Somado a isso, o alemão tinha dado uma de suas famosas voltas voadoras antes da parada e voltara 6s na frente.
A partir daí, Hakkinen tentou forçar o ritmo, mas a derrota era iminente. Pela terceira vez no ano em três corridas, Schumacher vencia e abria 21 pontos de vantagem para o companheiro Barrichello, que terminou em quarto. Foi a primeira vez que Hakkinen pontuou no ano, num campeonato que acabou sendo mais competitivo depois que Schumacher teve uma série de abandonos a partir da nona etapa, levando a decisão para uma corrida clássica no Japão.
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Nessa época era mais fácil o piloto que estava na frente proteger a sua posição. Agora com o DRS isso já não acontece.
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