Tive a chance de fazer em Hungaroring uma rara entrevista a Jo Bauer, delegado técnico da FIA, um alemão que não gosta muito de falar com a mídia. É a função dele e de sua equipe garantir que os carros estejam dentro da legalidade (aliás, aguardem artigo bem completo sobre isso na sessão de técnica na segunda metade do ano). Jo revelou algo interessante: “em meus 388 GPs, na Alemanha foi a primeira vez que não pesamos nenhum carro. Eles simplesmente estavam inundados por causa da chuva”.
A Mercedes convidou apenas as mulheres que trabalham na TV e no rádio para um jantar na quinta-feira em Budapeste. O grupo é cheio de histórias interessantes e mulheres fortes. Teve quem foi de aeromoça à TV, uma dinamarquesa que queria morar na Espanha e foi garçonete para ganhar dinheiro quando chegou no País hoje está há mais de uma década na F1. Outra planejava trabalhar alguns meses como produtora na categoria, e isso faz 16 anos. Já uma das pioneiras entre as mulheres na F-1 no início dos 90 se viu sem trabalho quando sua TV não renovou o contrato e agora é consultora na Mercedes.
A resenha foi longa, claro. Da dificuldade de encontrar alguém que entenda esse trabalho e ter um relacionamento sério a toda a boataria ridícula que os homens espalham sobre nós no paddock. Sobre como é complicado acertar todas as perguntas para 20 competidores com pouco tempo para reagir após as sessões, com gente falando no seu ouvido, e ainda mais a pressão extra que nós mesmas colocamos por sermos mulheres nesse mundo tão masculino.
O mercado de pilotos continuou em ebulição na Hungria (mas sem “aquele” boato de Alonso na Ferrari, que surgiu bem longe do paddock). Os olhos estão na Force India e as manobras estão nas mãos de Toto Wolff. O time não estava pagando a conta dos motores para a Mercedes, então o chefe interferiu, usando Esteban Ocon como moeda de troca e atraindo o dinheiro dos Stroll.
O francês fala como se já soubesse seu destino. Ouvi de fontes muito confiáveis que o negócio realmente está fechado com a Renault. Na tal manobra de Toto, falta conseguir colocar Sainz na McLaren.
Já sobre a questão Stroll/Force India, que fique bem claro que a ideia de seu pai é investir, nos moldes do negócio com a Williams. Até porque ele já estudou comprar o time e foi informado de que há várias dívidas escondidas. Nesse quadro, chamou a atenção a declaração de Sergio Perez de que “a situação é crítica, e vocês nem sabem quanto”. E logo percebemos o porquê: foi a empresa ligada a ele quem entrou com o processo, ainda que a Mercedes tenha grande interesse em resolver essa questão e também esteja por trás disso.
Mas a Force India, mesmo sem dinheiro, prova a cada etapa que sabe fazer e desenvolver um carro. E por isso não é só Stroll que está interessado. Os russos que financiam Mazepin também estão de olho na equipe.
O processo de falência tem suas consequências práticas, contudo. Pelas regras da F1, uma equipe nessa situação não recebe a premiação pela posição no campeonato. A não ser que haja um acordo de todas para revogar isso. E por enquanto não há. Renault, McLaren e Williams não assinaram documento para liberar o prêmio à Force India. São algumas dezenas de milhões de dólares, dependendo da posição final do time, que não inviabilizam sua continuidade, mas é um dinheiro a menos nas mãos dos novos donos.
18 Comments
Olha Ju , acho que se Vettel até Monza estiver numa posição privilegiada , as chances de Kimi serão grandes , caso contrário creio que Alonso sera uma possibilidade muito real sim ,sem falar que Ricciardo ainda não assinou , além de Leclerc que por enquanto è o favorito a vaga
Sim, a decisão tem a ver com o moral de Vettel dentro da equipe. Mas se ele vetar Leclerc, não há motivos para crer que não faria o mesmo com Alonso ou Ricciardo.
E desde quando piloto deveria decidir por isso? É cada uma.. rs
Essa è a questão Ju , se ele mesmo com o melhor equipamento estiver numa situação muito desfavoravel antes de Monza , a paciência dos italianos è historicamente curta e Vettel perderia o poder de veto , que até creio que não exerça . Basta lembrarmos que a Ferrari ja contratou Prost qdo tinha Mansell , buscou Rubinho que era teoricamente na epoca o melhor do resto para correr contra Shumacher , depois buscou Kimi o que pra mim foi o fator que mais pesou na aposentadoria de Shummy , qdo Massa mostrou resultados melhores que Kimi ela trouxe Alonso , logo após qdo Kimi demostrou competitividade guiando a Lotus ela o trouxe de volta para enfrentar Alonso , todas essas escolhas com certeza desagradaram quem ocupava o posto de lider da equipe e mesmo assim os italianos a fizeram , portanto não creio muito em poder de veto na Ferrari não Ju
Fico chocado com a mesquinhez da Williams em vetar a continuidade da participação da Force India no campeonato. Como se não existisse uma chance enorme de ser ela, a Williams, a próxima a ir à bancarrota.
Não é esse o caso. O processo pelo qual a Force India está passando é só para organizar a casa para o próximo dono e há muitos interessados. Há muito mais dinheiro que é investido na Williams e está indo para a Force India do que essa quantia que eles “bloquearam”.
Ju, mas até por isso acho a atitude da Williams pouco inteligente. Porque esse veto não vai impedir os Stroll de irem para a Force India e, lá na frente, se a Williams precisar do apoio da Force India numa situação semelhante, não vai ter. O que critico é a Williams agir como se fosse equipe grande quando deveria era se aliar com seus “companheiros” do pelotão intermediário.
Ju, drops instigantes, de meio de campeonato, com muita coisa aberta. Polêmica não falta. Mas fiquei mesmo intrigada com esse almoço aparentemente simpático da Mercedes. Alguma motivação especial? E quantas eram no total? Faixa etária variada? Uma ítalo-brasileira, uma dinamarquesa, quantas nacionalidades mais? Alguma trajetória do tipo “acompanhou o marido” ou, o raro oposto, “marido acompanhou a esposa”? Chacoalhar o mundo tem mil detalhes… Boas férias!
Cortesia da assessora que trabalha com Lewis na Mercedes, Rosa, que acabou virando uma tradição no GP da Hungria. Postei uma foto do encontro meu instagram @myf1life, dá uma olhadinha!
Ju , vc percebeu que a vantagem de Hamilton para Bottas no safyte car virtual aumentou absurdamente ?
E pra encerrar a questao sobre o brilhantismo da corrida de Bottas domingo , vc acredito que se fosse Lewis largando e- segundo e cgegando em quinto depois de dois toques em disputa dos quais em pelo menos um ele foi no minimo imprudente , sera que algum critico elogiaria a perfomance de Hamilton ?
Oi Julianne!
Poderia explanar um pouco mais sobre a boataria ridícula? É um pouco estranho perceber que ainda existe esse tipo de coisa no mundo.
Uma pena a situação da Force India, uma das equipes da quais mais admiro o trabalho pelo pouco orçamento que possui. Li uma matéria que disse que o Sergio Perez entrou com a ação judicial para impedir o fechamento da equipe ainda em 2018 e dar a sobrevida necessária para encontrar um investidor.
Oi Hermes!
A bronca da Williams, McLaren e Renault com a atual situação da Force India, está relacionada ao possível estreitamento da relação entre os dois. As três rivais estão preocupadas com a força que Mercedes e Ferrari passariam a ter no grid devido à estreita cooperação com as equipes clientes. Enfim, estão preocupados com uma “Mercedes B”. E sinceramente concordo com isso, a F1 sempre foi um campeonato de construtores, Haas, Sauber e possivelmente a Force India, deixariam de ser construtores. Esse é o motivo do veto.
Creio que o Liberty deveria rever essa questão e tornar a F1 novamente um campeonato de construtores.
E só pra constar:
A Ferrari só trouxe o Alonso em 2010 pq o Massa sofreu o acidente e o Kimi tava caindo fora da F1. A equipe corria sério risco de não ter pilotos (bons) em 2010.
Grande abraço a todos do blog!
Nato,
Aqui tem um artigo que relata o posicionamento de Sergio Perez
https://www.motorsportweek.com/joesaward/id/00285
Ele se expos bastante, mas “at face value” concordo com a motivação.
Cá entre nós o Vijay Mallya se “segurando no osso” Force India, pode acabar com qualquer chance do time se manter.
Seria interessante ver Ocon e Hulkenberg na mesma equipe.
Juliane,
O Grupo Band não transmitiu a corrida da Hungria? Sintonizei na Band News SP, RB SP e nao estava passando em lugar algum.
Julianne não teremos mais vídeos?
Tá gravado. Sergio deve colocar no ar em breve.
Sergio? Que bom gosto muito do seu conteúdo.