O GP da Inglaterra é daqueles em que até é difícil conversar com as pessoas para saber as fofocas dos bastidores, já que todo mundo está ocupado, muita gente importante dá o ar da graça e é interessante como o nível de conhecimento das pessoas que circulam é alto e até mesmo assessores de imprensa e cozinheiros das equipes não conseguem caminhar sem que peçam pelo menos por um autógrafo.
Mesmo com toda essa movimentação, uma coisa ficou clara nos bastidores em Silverstone: a movimentação dos promotores dos GPs está mais animada que o mercado de pilotos. E olha que não estou falando da questão do GP do Brasil, que não está na lista dos problemas mais imediatos da Liberty: basicamente só as duas primeiras corridas do ano que vem têm as datas confirmadas. O resto, ninguém garante.
O próximo “Por dentro da F1” será sobre como é montado o calendário e deixará mais claro o tamanho da encrenca, mas o que está acontecendo para 2020 é sem precedentes. Os promotores estão cheios de demandas em termos de datas e, a não ser que a Liberty bata o martelo mesmo que isso signifique deixar muita gente infeliz, o calendário não sai.
Um dos problemas é o Vietnã. Várias áreas do projeto estão atrasadas e começa a pairar a dúvida se a pista estará pronta para fazer sua estreia em abril. Mas a substituta natural, Baku, quer ir para junho e já havia sido feito um acordo para o Canadá mudar de data por conta disso. Enfim, se eu for listar os problemas aqui o texto vai ficar gigante. O fato é que os organizadores da Alemanha estavam no último GP e os da Espanha estiveram em Silverstone, mas ao que tudo indica as duas provas estão fora. Encontrei o pessoal do México todo sorridente no paddock em Silverstone: um acordo verbal foi fechado para manter aquele que é um dos melhores, senão o melhor evento do ano, no calendário.
Mas aposto que vocês querem saber mais sobre o projeto do Rio. Há muitas coisas que ainda não estão claras, mas o que começa a ser esclarecido é o tipo de investimento envolvido, que é um projeto imobiliário na região de Deodoro, na qual a pista é um detalhe. Isso explica por que empresas privadas teriam o interesse de investir. Agora cabe ir atrás de onde vem tanto dinheiro. Mesmo com toda a confiança que a Rio Motorsports demonstra de que o negócio será fechado em poucas semanas, ao que tudo indica ainda tem muita água para rolar, já que eles nem podem entrar no terreno ainda. A expectativa é de que a obra comece em outubro ou novembro se tudo correr bem e sabemos como o Brasil é.
O fato é que Chase Carey voltou do Brasil sem gostar nada de ver tanto envolvimento político nessa questão do GP. Virou um tiroteio de Bolsonaro x Doria e é difícil ver como o Brasil pode sair ganhando com isso.
Voltando ao paddock de Silverstone – que, aliás, finalmente renovou por cinco anos, depois que a cláusula de exclusividade de três anos (efetivamente acabando, pelo menos até 2023, com o que eles entendem que seria uma ameaça: o GP de Londres) – até Vijay Mallya apareceu. E adivinha onde ele ficou bebendo a tarde inteira? No motorhome de sua ex-equipe, a agora Racing Point. Ele e Lawrence Stroll aparentemente se dão muito bem. Coisas da F1.
Mas quem roubou a cena em Silverstone foi a Haas. O time passa por uma fase terrível, tendo que reverter o pacote aerodinâmico para o começo da temporada para entender o que está errado em termos de performance, ao mesmo tempo em que lida com seu patrocinador temperamental. Depois do tweet em que a Rich Energy dizia que estava encerrando a parceria pela falta de resultados, o investidor principal estaria tentando desligar o CEO William Storey da empresa. De qualquer maneira, uma coisa não muda: nunca vi o tal energético a não ser as latinhas (com gosto de Red Bull) do paddock.
Fechando com uma nota positiva, foi bonita a homenagem feita a Charlie Whiting na quinta-feira dentro do circuito de Silverstone. A família do querido diretor de provas da F1, que morreu em março às vésperas do GP da Austrália, estava presente, assim como praticamente todos os pilotos do paddock. Confesso que eu posso não ter visto, mas só senti falta dos dois pilotos da Alfa e de Ricciardo. Vettel discursou em nome dos pilotos e depois teve uma longa conversa, junto de Hamilton e Jean Todt com a viúva de Charlie. Claro que, sendo F1, teve a polêmica de por que Todt apareceu, já que ele estava tentando se livrar de Charlie nos últimos anos, mas vamos focar em coisa boa, né? Ficou a lição de que ser justo e tratar todo mundo igualmente compensa.
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Uma coisa que não entendi foi a estratégia da ferrari – mais uma vez. Me parecia pelos treinos, que eram mais velozes com o pneu médio ( amarelos), ao menos com o Charles. Não teria sido mais eficiente largar com os pneus amarelos? A impressão que eu tenho, pelos tempos do treino, é que se o Charles tivesse largado de médio poderia ter acompanhado mais de perto as mercedes e ter sofrido menos o ataque de Max.