F1 Drops do GP da Turquia e o caos “controlado” - Julianne Cerasoli Skip to content

Drops do GP da Turquia e o caos “controlado”

@F1 Pool

É difícil imaginar que a Liberty vá estender a cortesia deste ano de pagar por eventuais melhorias nos circuitos em que, eventualmente, tiver de correr no futuro no mesmo esquema deste ano. Os portugueses e os turcos aproveitaram a oportunidade para ganharem um asfalto grátis para suas pistas (quem sou eu para julgar se necessário ou não), economizaram alguns milhões de dólares e causaram uma dor de cabeça daquelas para pilotos e equipes. Em Portimão, o resultado foi uma corrida muito boa. Na Turquia, por uma série de motivos (temperatura mais baixa, falta de categorias de suporte e, claro, a chuva que apareceu em todos os três dias de atividades), a situação ficou no limite entre a chance de os pilotos e engenheiros mostrarem serviço e uma corrida daquelas que parecem que não vão ter fim, cheia de bandeiras vermelhas e SC. 

No paddock, a corrida dividiu opiniões. Os engenheiros e pilotos gostam de ser vistos como perfeitos, ou pelo menos andando sempre em alto nível, e não colocando silver tape nos dutos de freio ou rodando mais de uma vez durante a corrida.

Mas, no final das contas, na corrida com pior condição de pista em muito tempo, o Safety Car não foi acionado, raridade neste ano. Nada como os espaçosos Tilkódromos.

É por esses e outros gastos que o resultado financeiro do terceiro trimestre, ou seja, depois que o campeonato já tinha começado, foi negativo mais uma vez, e mudou até o discurso das equipes sobre os triple headers (três corridas em finais de semana seguidos). De não aceitarem nenhuma, passou por “talvez uma sequência dentro da Europa”. E chegou em Rússia-Singapura-Japão (!). Como já vimos inúmeras vezes na F1, quando a coisa pega no bolso, as convicções mudam. Foi o mesmo que aconteceu com o Brasil: a Liberty chegou a desistir da prova em 2021, e teve de voltar atrás. A corrida em SP não oferece a grana que eles queriam receber, e eles não têm a garantia de que as mudanças que queriam serão feitas, mas eles não estão em posição de escolher.

Até porque tem quem chame as 23 provas de “Calendário de Wall Street”, ou seja, para investidor ver, porque especialmente alguns GPs que estão no início do ano (Austrália e China) precisam de uma mudança significativa no cenário da pandemia para acontecerem. Então é melhor dar a bênção para o calendário agora e depois ver o que será realista em 2021.

Michael Masi tomou outra decisão questionável e, pela reação dos pilotos, dá para sentir que o apoio e a confiança no trabalho dele sofreram graves arranhões ao longo desta temporada. Ele decidiu liberar os carros durante a classificação quando ainda havia um trator na pista porque fora afirmado que ele sairia a tempo. Mas a saída do trator atrasou e ele não quis voltar atrás entendendo que dava para cobrir a situação com uma bandeira amarela. Os pilotos não gostaram nada disso, especialmente depois do incidente de duas semanas atrás, quando aqueles que tinham de descontar uma volta durante o SC em Imola estavam de pé embaixo quando descobriram que tinham sido liberados enquanto os fiscais ainda limpavam a pista. São decisões que mostram um Masi sob pressão de reiniciar as sessões rapidamente, e escolhendo ignorar protocolos de segurança para tal. Essa pressão é inerente à posição dele, e às vezes ele vai julgar errado, acontece. O problema é que, quando vimos várias vezes durante essa temporada, ele nunca admite sequer que poderia ter agido melhor ou diz que avaliará a situação para que não volte a acontecer no futuro.

Depois de um final de semana com o céu e ares tão carrancudos, não é que um arco-íris apareceu no céu? Foi o terceiro, por assim dizer. Um estava no capacete de Vettel e o terceiro, no discurso de Hamilton, inspirado após uma vitória que vai para o top 3 (pelo menos) da sua carreira. A Anistia Internacional cobrou um posicionamento em relação à Arábia Saudita e ele respondeu enquanto comemorava a vitória: “Só estamos no começo do trabalho para nos responsabilizamos, como esporte, e encarar – não ignorar – os problemas de direitos humanos dos países para os quais nós vamos, como podê-los ajudá-los e empoderá-los para fazer mais para que eles realmente possam mudar aqui a 10, 20 anos.” Recado dado.

4 Comments

  1. Grande Ham. Ainda vai trabalhar comigo 😉

    *Josiann**e Francia Cerasoli* *Departamento de História – Unicamp*

    *https://www.ifch.unicamp.br/ciec/ * *Observatório de Direitos Humanos – Unicamp*

    *http://www.odh.unicamp.br/ *

  2. Esta pandemia pelo menos teve uma coisa de bom que foi trazer a F1 de volta aqui a Portugal, o que me deu a oportunidade de ver uma corrida de F1 ao vivo pela primeira vez na minha vida. Um dia que vou recordar para sempre.
    Agora o novo calendário para 2021 acho que ainda vai ter muitos ajustes, principalmente nas primeiras corridas, como você mencionou no post. A pandemia não vai desaparecer para já e acho que vai afetar algumas provas do próximo ano.
    Sobre aquela decisão do Michael Masi, eu ouvi os comentadores aqui da TV dizerem que foi o posto de comissários a passar a mensagem para a direção de corrida que os carros podiam sair. De qualquer maneira alguém errou.
    Já essa questão dos direitos humanos é bastante delicada e na minha opinião a F1 devia ter um critério mais apertado e pensar duas vezes antes de aceitar ter nações que não respeitão esses direitos.

    Cumprimentos

    visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/

  3. Ju, o seu Top 3 das vitórias do maior e melhor de todos os tempos seria?

    1 – Silverstone 2008
    2 – Turquia 2020
    3 – Alemanha 2018


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