F1 Drops do GP de Mônaco e as picuinhas da F1 - Julianne Cerasoli Skip to content

Drops do GP de Mônaco e as picuinhas da F1

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 Pexels.com

A chegada do avião ao aeroporto de Nice é uma das mais bonita – talvez a melhor – da temporada. Você vai vendo as praias e o mar incrivelmente turquesa, vai chegando cada vez mais perto até pousar do ladinho do mar. Depois, no caminho a Mônaco, de ônibus e principalmente de trem, a cada fim de túnel começa um paraíso diferente.

 

Mas não dessa vez. O tempo estava (bem) feio na chegada, ainda na terça-feira, e voltou a piorar na segunda. Então esse GP de Mônaco acabou ficando mais com o gostinho de outra marca registrada da prova: de ser um GP estilo Forest Gump.

 

Os fotógrafos, claro, têm números muito mais impressionantes. Mas até a jornalista aqui andou quase 77km a pé durante o GP e subiu o equivalente a 174 andares, seja em escadas mesmo ou nas ladeiras do Principado.

 

Já tinha me programado ir para a McLaren para saber mais sobre o papel de Gil de Ferran na equipe quando soube que a filha dele estava namorando Vandoorne. Então lá fui eu, acredito que apenas pela segunda ou terceira vez, para a coletiva do belga, que é daqueles pilotos que não costumam dar declarações lá muito interessantes. Coitado, ele não esperava a pergunta e ficou roxo.

 

Com Gil, tinha acertado uma entrevista, que foi barrada com a McLaren. Querem esperar que ele entenda melhor a filosofia do time – ou seja, o que pode falar – para conversar com a imprensa.

 

Continuando com os brasileiros, Sette Camara saiu do circuito ainda durante a segunda corrida da F-2, muito irritado com a maneira como foi tratado pelos médicos. Depois de ter sido vetado para a primeira corrida devido a uma luxação no pulso, consequência de uma batida na classificação, ele sequer chegou a ser examinado antes da prova 2, mesmo sentindo-se totalmente apto a correr. O lado bom é que pelo menos ele tem um mês até a próxima corrida, na França.

 

É impressionante nos bastidores da F-1 como coisas que não vão mudar o preço do dólar tomam proporções maiores do que deveriam. Em Mônaco, de um lado o pessoal da FOM estava irritadíssimo porque especialmente a mídia inglesa falava no retorno das grid girls – e falo mais sobre isso adiante – e, do outro lado, a FIA se revoltava com o site oficial (ou seja, com a FOM) pela cobertura questionando a legalidade do motor da Ferrari.

 

Isso porque a FIA estava tentando manter tudo debaixo dos panos, sendo inclusive curiosa a forma como o conglomerado que controla Motorsport.com e Autosport tratou o assunto. No final das contas, a federação acabou dizendo que o motor estava ok em Mônaco – e é claro que estava! – mas sem explicar como se chegou até ali.

 

Sobre as grid girls, a questão da FIA era que, pela acepção do termo, grid girls seguram placas com números e bandeiras dos pilotos. E no caso de Mônaco era uma ação publicitária em que isso não aconteceria. O fato é que homens e mulheres estavam no grid com plaquinhas com frases supostamente de fãs. Foi uma boa forma de dar visibilidade à marca e até eu fui puxada pelos modelos brasileiros que estavam no carro de Hamilton para tirar foto e entrar na brincadeira. Mas o difícil é achar essas contas que estavam citadas nas placas…

 

Falando em show, pela segunda vez o Twitter da F1 fez uma transmissão ao vivo, com entrevistas após a corrida. As visualizações superaram 1.4 milhão, muito mais do que o próprio Twitter esperava. Os americanos acreditavam que a categoria ficaria no mesmo patamar do programa feito de forma semelhante na NBA, que tem média de 600 mil espectadores. Para a FOM, perfeito. Já as TVs fechadas que pagam milhões em direitos e têm como uma das armas o conteúdo pós-corrida, não foi uma ideia muito popular.

 

Falando em FOM, uma fofoca engraçada. A F1 agora tem uma pessoa encarregada de selecionar digital influencers para ir ao paddock e ajudar na promoção da categoria especialmente entre o público mais jovem. Isso pode ser fácil em alguns lugares, mas é preciso conhecer um pouco da cultura. Pois bem. Em Baku, a primeira gafe: algumas mulheres foram selecionadas por terem muitos seguidores. No final, descobriu-se que eram prostitutas, e não influencers.

 

Voltando às corridas, Mario Isola, da Pirelli, falava sobre a escolha de pneus para o GP da Hungria e perguntei se eles estavam esperando Mônaco para decidir se daria para usar os hipermacios lá. A resposta foi franca: “Não, não saiu ainda porque esqueci de mandar o email”. Atrasos à parte, a boa notícia é que, na segunda metade do ano, as escolhas de compostos devem ter saltos, ou seja, algo como: médio, macio, ultramacio.

 

Personagem do final de semana, Verstappen surpreendeu com a firmeza em não reconhecer os erros neste ano – somente China e Mônaco foram culpa dele, pela sua conta. Mas seu olhar perdido logo após a coletiva lotada mostrava mais um menino perdido e pressionado do que o piloto que respondia firmemente instantes antes. No domingo, o semblante mudou, as respostas ficaram mais maduras. Mas esse foi exatamente o mesmo filme que vi depois do GP da China.

14 Comments

  1. Corrida monótona, bastidores agitados: Mônaco!

  2. alguma explicação para o fiasco da hass? se o carro é cópia da Ferrari 2017, como afirmam seus detratores, em tese deveria ter um bom desempenho em Mônaco.

    • Eles não conseguiram correr com o pacote aerodinâmico de Mônaco por conta de falhas na produção das peças, que não estavam resistindo.

      • Os carros deles sempre são os únicos que soltam pedaços por aí. Aconteceu em praticamente todas as corridas até agora.

  3. Juliane
    Uma ideia seria imitar a F2.
    Duas corridas.
    Uma no sábado e outra com grid invertido dos 8 primeiros colocados, no domingo.
    No mais, parabéns pelo seu trabalho.

    • Sem forçar a barra, senão deixa de ser F1, talvez correr com os carros de F2, ou talvez F3 seja a solução para Mônaco, carros de F1 não cabem na pista.

  4. No caso Verstappen, ele admitir ou não erros não muda nada, até porque foram dois grandes erros, o resto foi coisas de corrida que só teve esse barulho todo porque aconteceram em sequência e Bakur foi consequência de dois companheiros de equipe disputarem muito agressivamente uma posição, como aconteceu com Vettel- Webber ou Senna Prost, a questão é o momento, tudo começa a dar errado, manobras que sempre deram certo começam a não dar em sequência, isso acaba gerando uma grande ansiedade em alguém tão jovem, como é alguém com uma autoconfiança inabalável não dá para esperar que ele seja mais prudente, até porque se ele for deixa de ser Verstappen e vira um qualquer, talvez a sensacional ultrapassagens sobre Sainz possa ser a virada, na F3 foram quatro acidentes em nove provas, nas outras vinte e quatro, foram um, a virada está em sua cabeça, o que está doendo muito é que em seus dois grandes erros a vitória era sua, fácil.

  5. Independente de tudo, tem outro ponto, tem pistas que não se encaixam com determinados pilotos, Button fazia corridas horrorosas em Silverstone, Barriquello sempre andou bem em Interlagos, mas tudo acontecia com ele, é o caso de desamor entre a apertada Mônaco e o espaçoso Verstappen, é uma união que não funciona.

  6. “A F1 agora tem uma pessoa encarregada de selecionar digital influencers para ir ao paddock e ajudar na promoção da categoria especialmente entre o público mais jovem.”

    Então isto deve explicar este vídeo no canal do Rosberg.
    https://www.youtube.com/watch?v=HuMdEbjynMo

    No canal do garoto, são três vídeos somando quase 900 mil views.

    Sobre as tais “pseudo influencers” de Baku, meu cachorro perguntou se alguém sabe quem são elas…

  7. Sobre a Anna de Ferran, que está tentando se estabelecer no mercado da música pop, o capacete e balaclava devem ser preferência pessoal, porque ela namorava o Sage Karam, piloto que participa regularmente da Indy 500.

  8. Jú,

    Vi sua matéria sobre o GP de Miami, você tem uma ideia de quando vai ser essa corrida, pelo menos o mês?

    Um abraço

      • Obrigado Jú, é que provavelmente vou no ano que vem e quero aproveitar pra assistir…


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