Quem diria que o “engarrafamento” do Canal de Suez afetou até a Fórmula 1. Parte do equipamento é transportada por navio, e parte por via aérea. Basicamente, tudo o que é mais barato ter cinco “cópias” (já que são cinco carregamentos diferentes) do que enviar apenas uma por voos fretados pelo mundo, é transportada por via marítima.
O carregamento do Bahrein seguiria para o Azerbaijão, onde a F1 corre em junho. Mas o temor a respeito de quanto tempo vai demorar para que o tráfego seja normalizado já fez a F1 mudar de tática: caminhões já devem, inclusive, ter saído de Londres para levar os equipamentos por terra para o Azerbaijão. São quase 4.000km!
Algo curioso que observei, quando estivemos ao vivo no lugar que normalmente é reservado para os convidados VIP, foi a diferença operacional de Red Bull e Mercedes: no pitwall dos heptacampeões, havia apenas quatro pessoas sentadas. No dos tetracampeões, são sete. Fui perguntar lá na Mercedes se era mesmo novidade, e era: eles já tinham um pitwall menor, uma vez que Toto Wolff não gosta de ficar lá, e os engenheiros de pista de cada piloto trabalham em um outro sistema, de ilhas, dentro da garagem, nas quais todos os engenheiros de cada piloto trabalham um do lado do outro. E, para 2021, como o diretor-técnico James Allison não virá para muitas corridas por estar focado no projeto de 2022, eles tiraram mais uma cadeira. “Não é eficiente ter uma cadeira que não será usada”, ouvi da Mercedes. Aliás, esse tipo de coisa é o que é transportado por via marítima.
Ainda no pitlane, outra cena curiosa: o engenheiro-chefe da Red Bull Paul Monaghan, colocou um cone bem próximo da posição de box da Mercedes, no finalzinho do treino livre. Era o sinal para Max Verstappen saber qual o limite para ele posicionar o carro da melhor maneira possível para entrar na vaga de pitstop, usando todo o espaço disponível. E Max usou cada centímetro: tocou de leve o cone, que deu aquela balançada. Paul olhou o cone balançando, e não caindo, e fez um sinal de “sim” com a cabeça. Era esse tipo de precisão que ele estava esperando de Max. Um pitstop rápido – e os da Red Bull são os melhores – também é feito por um piloto que usa todo o espaço e para nas suas marcas.
No Paddock, quase não reconheci Bob Constanduros, o narrador do pódio há anos na F1. Nem tanto pela máscara estampada e os óculos escuros, mas pela cabeleira comprida, branquinha. Parecia roqueiro setentão. Aliás, com a Inglaterra em lockdown desde o começo do ano, tinha muita gente com o cabelo bem mais comprido que o normal. Mas não citei o Bob para falar de cabelo: é dele a frase “e agora, o champanheee”, durante os pódios. Mas o que fazer depois que a F1 assinou com uma empresa de vinho frisante? Na quinta antes da corrida, ele reconheceu que havia uma pequena crise porque eles ainda não tinham ideia do que seria feito. Acabou virando, “and now, the celebrations”, mas os pilotos estranhamente não quiseram saber e no final não teve estouro de coisa alguma.
Falando em narradores, o GP do Bahrein foi um marco, que quem acompanhou pela F1TV Pro pôde ouvir: duas mulheres estavam comandando os comentários nos treinos livres na Sky na Inglaterra (Natalie Pinkham) e no Pitlane Channel da própria F1 (Rosanna Tennant). Ambas experientes trabalhando na reportagem na F1.
Na TV espanhola, a equipe de produção fez uma versão em alto relevo de sete pistas diferentes do calendário. A ideia é colocar uma venda nos pilotos, que terão dois minutos para tentarem descobrir quais são elas. A repórter Noemi de Miguel ficou sem reação quando o primeiro piloto com quem eles gravaram, Carlos Sainz, acertou todas tão rápido que ele nem precisou dos dois minutos. Eles até pensaram em colocar Jarama, que fizeram como um extra, mas ela não quis fazer uma pegadinha com o piloto. Noemi ficou mais tranquila só quando gravou com Sergio Perez e ele só acertou duas!
Por fim, já começaram os rumores de que a F1 vai voltar ao Bahrein no final do ano, em outubro ou novembro, cobrindo alguma prova que pode não acontecer. Uma etapa na Turquia, inclusive, em junho (provavelmente no lugar do Canadá) é dada como praticamente certa. Aliás, uma das perguntas que mais respondemos desde o teste é “você acha que vai dar para correr no Brasil?” Pelos indicativos que temos no momento (situação atual e velocidade, ou a falta dela, da vacinação), é bastante difícil, mas a F1 vê o Brasil como um mercado importante e vai esperar para tomar uma decisão.
Quem está louco para voltar ao Brasil é Lewis Hamilton. Ele inclusive perguntou se dava para ir agora. Ficou animado com as fotos que viu no Instagram do Max, pelo jeito, já que disse que queria conhecer “aquele lugar com dunas e lagos”. Quem pode recebê-lo?
1 Comment
Ô Ju, se puder me tirar uma dúvida que não vi comentada ainda. Com aquela parada de Perez na volta de apresentação e logo depois parando na saída do pit-lane enquanto todos completavam mais uma volta, ele não deveria descontar essa volta depois? Abraço!