A cobertura do GP do Brasil é tão insana que faltaram forças para escrever sobre uma corrida que, como de costume em Interlagos, não decepcionou. Mas o grande assunto do final de semana não teve relação nenhuma com o que aconteceu dentro da pista.
A saída de Interlagos é a pior da temporada, e não é de hoje. A única vez que tive uma arma apontada para a minha cabeça na vida foi justamente ali, lá pelas 22h30, em um domingo. Como descobriram os mecânicos da Mercedes – e os membros da FIA algumas horas antes na sexta-feira – a polícia vai embora dali cedo e os profissionais ficam expostos. No sábado, após muita pressão, saí do circuito 21h45 e vi várias viaturas nos semáforos com policiais armados até os dentes. No domingo, após as 22h, o número já tinha caído bastante.
Há quem possa dizer que os brasileiros passam por esse tipo de situação todo dia, mas é contraproducente não conseguir garantir a segurança em um dos eventos que mais movimentam dinheiro na maior cidade do país. O problema de segurança de Interlagos é localizado, tem hora e lugar para acontecer. Não deve ser tão difícil assim prevenir.
É impossível não comparar com o México. Havia muitas dúvidas dentro da F-1 antes de voltarmos lá pela primeira vez, em 2015. E o entorno do circuito por lá lembra muito Interlagos. Mas a sensação de segurança é infinitamente maior, com policiamento fortíssimo começando a uns 4km da pista – e nas proximidades, então, é quase exagerado. Isso não impediu que, neste ano, VIPs que pegaram um Uber tenham sido assaltados (na verdade, o motorista do Uber foi rendido). O que aconteceu horas depois? O Uber estava bloqueado nas intermediações do circuito.
A segunda despedida de Massa em Interlagos acabou não sendo tão emocionante quanto a primeira, o que já era esperado, mas foi a melhor corrida do brasileiro no ano. Não é exagero dizer que ele venceu a “sua” corrida. Fui a primeira a entrevistá-lo assim que ele alinhou no grid e dava para ver que ele já tinha lágrimas nos olhos. Está claro que ele queria ficar, mas a indefinição de Kubica fez com que o prazo dele e da Williams não fossem os mesmos.
Ao contrário do que algumas mídias publicaram, o polonês tem uma proposta nas mãos há pelo menos duas semanas, mas ainda não a assinou. Tem patrocinadores por trás e não quer ser visto como piloto pagante. Por isso, sequer se tem a confirmação de que ele testará em Abu Dhabi, mas todos ao seu redor o pressionam para que ele finalmente assine. Até porque, caso contrário, a Williams fica em uma posição bem desconfortável, com poucas opções no mercado.
Isso porque Massa não só já garantiu que não volta atrás novamente, como já assinou contrato para sua próxima empreitada: fará parte da equipe global da Sky Sports, participando como comentarista de cerca de 10 etapas. O acordo quase saiu para este ano, mas teve de ser adiado.
O piloto teve propostas de equipes da Fórmula E, mas nenhuma delas era protagonista, então a opção foi esperar para a temporada 2018-2019, quando ele não deve ter problemas para encontrar uma boa vaga em uma categoria que vem absorvendo bem os ex-F-1 – ainda mais com Nicolas Todt como empresário.
10 Comments
Julianne que engracado, eu fui no Sabado ao GP do Mexico com a minha esposa Mexicana e ela ficou Assustada com a quantidade de policias mesmo antes de chegar ao Autodromo por Viaducto, como vc mesma disse a sensasao de seguranca aparente era muito grande e como vc mesma disse os dias e os horarios sao muito fáceis de ser marcados e a seguranca ahi em Sao Paulo poderia ter sido muito melhor, mas fazer o que, mais uma pra conta do Brasil em eventos internacionais, ni modo.
Ju,
Alguma idéia do que Kubica espera p/ assinar o contrato? O que não está no gosto dele, ter apoio de patrocinadores??
Seria isso sim. Mas agora ele está sendo pressionado de todos os lados. Mas não assinou ao contrário do que alguns veículos deram.
Eu fui em Interlagos os 3 dias. Tinha policial saindo pelo Ladrão os 3 dias. O Problema era que acabavam-se os treinos, a galera ia embora os policiais sumiam. Pelo menos foi essa a informação de quem morava nas proximidades. Não pensaram na segurança dos que ficaram trabalhando até tarde.
Outra coisa era a segurança nos trens e estações. Não havia muitos seguranças e apenas no na estação Autódromo via-se muitos policiais, nas outras estações não tinha praticamente ninguém.
Não é algo complicado de se organizar, mas parece que aqui no Brasil temos uma dificuldade absurda para algumas coisas. Como já comentei em outro post para vc sair da estação autódromo para chegar no Portão A vc levava 40min andando. Poderiam colocar ônibus circulares para realizar esse trajeto, facilitaria e muito a cosia, mas como dito organização é uma porcaria.
A iniciativa do Expresso F1 da SPTrans é uma solução aparentemente boa, não fosse o preço abusivo de 38 reais por dia para ir voltar. Se esse preço fosse menor, seria uma grande solução, já que Interlagos é distante a o trem não é algo muito redondo do ponto de vista operacional e logístico porque a estação é distante dos portões do A.
Mas todo esse imbróglio da insegurança é um microcosmo do Brasil no momento: paralisado e desorganizado. É lamentável e triste.
Por sorte, dentro da pista, Interlagos nunca decepciona.
Ju, só discordo de você quanto à emoção dessa segunda despedida do Massa. Tão boa quanto a primeira. Foi muito lindo vê-lo tendo a chance de se defender do Alonso. E ele no pódio depois, visivelmente emocionado…
Eu sempre fico em estado de graça depois de ir a Interlagos ver a F1.
Uma coisa que fiquei bastante impressionado quando fui no primeiro gp,em 2015!foi o fato de sentir muito medo, no acesso aos portões sempre com aquela sensação,que iriam me roubar,e olha que sou de belém do pará uma cidade bastante perigosa, de fato na chegada havia bastante policia,mais não o suficiente para dar segurança,violência no brasil realmente é um caso serio,é preciso uma ação enérgica dos governantes,
o pior do brasil he o brasileiro. o problema da violencia ai tambem passa pela parte moral e etica e nao so de necessidade. amigo meu indiano falou que a violencia na india nao he tao grande, apesar do pais ser muito mais pobre. de fato, vi os numeros e ele esta certo.
amigos e parentes choram e lamentam pelo que nao se tornou. ainda havia esperanca, mas era somente fe. nem estrangeiro acha mais graca em ir ate a bahia pegar mulher para levar de volta para dinamarca.
culpam politicos, mas o mesmo cara que fala mal de um politico pede propina durante uma transacao qualquer. o malandro que compra e vende pirata ajuda bandido. o filho de papai que compra drogas e faz textao no feicebuque sustenta bandido.
isso ai acabou.
Concordo, Plow! O famoso jeitinho brasileiro: dar e receber suborno, não acompanhar a politica, furar fila, não respeitar faixa de pedestre, para em fila dupla, abusar do cargo para receber vantagem, jogar lixo na rua, não ler livros, não gostar de estudar, votar em quem distribui bolsa família ao invés de não dificultar que gera emprego, enfim, o problema é maior do que parece…
a F E é uma opção profissional mas não consigo ver um piloto que foi de ponta ficar satisfeito com um carro tão lento.
Ah, esqueci de perguntar tudo no mesmo comentário, Ju:
Bottas foi usado como uma isca para obrigar Vettel a parar e tentar deixar a Ferrari encurralada estrategicamente? Porque a impressão que eu tive ao vivo foi que a Ferrari se viu obrigada a responder para preservar a posição de pista, mas ficou uma certa tensão em relação à durabilidade dos pneus da volta 29 até à 71 e ao fato de os italianos correrem o risco de ficarem vulneráveis a Hamilton nas voltas finais, correto?
*ps: adorei escutar você nos alto falantes do autódromo para a Bandeirantes!