Estava a ponto de começar esse texto quando o repórter da F1, Will Buxton, começou a contar uma história engraçada. Ele estava conversando com Christian Horner sobre o show das Spice Girls que tinha ido ver no começo da semana. Elogiava a esposa do chefe da Red Bull, Geri Halliwell, enquanto ele agradecia e dizia o quanto elas estão trabalhando duro para fazer uma boa turnê. A conversa é interrompida por uma ligação em vídeo, e Horner diz. “É ela, aproveita e fala direto pra ela!”. A Ginger Spice ficou em entender muita coisa.
Falando em Red Bull, um dos rumores fortemente negados neste fim de semana no Canadá foi a substituição de Pierre Gasly por Nico Hulkenberg. Gasly nem foi perguntado diretamente sobre o assunto e já saiu atirando: “Não vou perder tempo com esse tipo de besteira. Isso é mau jornalismo!”. Do lado de Hulkenberg, a reação foi um pouco mais calma, mas até parecida. “É uma loucura. Fake news”.
Curiosamente, os dois tentaram diminuir a informação porque “ela veio da Itália”. Na verdade, ela foi publicada na Itália, pelo respeitado Roberto Chinchero, mas isso não significa que o “assopro” veio de lá. Porém, levando em consideração a maneira como a relação entre a Red Bull e a Renault acabou, é possível que tenham jogado a informação no ar por provocação mesmo.
Outro rumor era de Vettel estaria disposto a se aposentar no final do ano. Ele disse que se sente com a missão de vencer com a Ferrari, se disse “faminto”. Por um lado, todas as declarações dele são sempre apoiando a equipe, mas por outro cada vez vejo menos paixão no olhar dele. É meio como se tivesse entrado no piloto automático.
Certamente, a Ferrari está se preparando para todos os cenários, como é normal na F1. E, tendo Leclerc seguro a longo prazo, a melhor estratégia seria ter um piloto mais experiente ao seu lado, mas que não seja rápido o suficiente para roubar pontos do monegasco.
Voltando ao Canadá, finalmente fomos deslocados da tenda em que ficava a sala de imprensa, e ganhamos um prédio de verdade. Como tem sido tendência nos circuitos, não temos vista para a pista, mas o que mais chamou a atenção foi a aparente pressa para aprontar tudo. É fato que o prazo para a reforma é 2020 (este ano ainda é um híbrido, já que as equipes seguem nas tendas), mas também vimos tinta do chão saindo e grudando no pneu da Haas, o que não é dos melhores sinais em termos de qualidade.
Houve uma longa reunião com chefes de equipe e diretores técnicos para agilizar as regras de 2021, algo que já está se estendendo por muito mais tempo do que deveria. Conversamos com Otmar e Andy Green na Racing Point sobre o encontro e o engenheiro até cruzou os braços ao escutar a pergunta. Disse que não podia comentar, mas só balançou a cabeça negativamente. Parece que o novo prazo é outubro.
Tem muita coisa na pauta, e muitas brigas de todos os lados. O veto da Ferrari, o valor do teto orçamentário, padronizar ou não as peças – e como fazer isso, criando um novo design para todos ou simplesmente congelando o que está sendo usado? – diminuir o final de semana para poder aumentar o calendário (e a ideia seria, inclusive, deixar o carro em parque fechado desde antes dos treinos livres, o que seria bem interessante). Vai ser impossível deixar todo mundo contente.
Para os fãs do Netflix, a boa notícia é que a Mercedes decidiu entrar na segunda temporada (a Ferrari ainda avalia, segundo Binotto). Perguntei ao Toto o que o fez mudar de ideia e ele disse que queria ser igual o Guenther fucking Steiner. Fui perguntar a Guenther o que ele achava dessa história. Disse que o Toto “precisaria se esforçar muito” para chegar nele. Justo.
4 Comments
“E a ideia seria, inclusive, deixar o carro em parque fechado desde antes dos treinos livres, o que seria bem interessante”. Como funcionaria isso, ninguém mexe no carro ? Qual a vantagem ?
Boa noite,
Pra mim se acontecer tudo isso vai mudar totalmente a formula 1 tradicional que já vem desde 1950. É assim que eu gosto perderia a graça. Isso é que dá colocar americano no negócio eles fazem muitas coisas legais , mais tirar a essência seria lamentável. Parabéns pelo seu trabalho é sensacional. ♥️♥️♥️♥️
O teto orçamentário é ótimo para igualar as coisas na F1, a grande vantagem de Mercedes, RedBull e Ferrari é o orçamento.
A Force India fazia milagres com o orçamento que tinha, mas também contava com a incompetência de Renault e McLaren. Tanto que as duas se ajeitaram e agora são elas que lideram o pelotão intermediário.
O teto orçamentário tem que sair sim, mas as peças padronizadas e esse lance de “usar pedaço do carro dos outros” tem que cair por terra, a F1 sempre foi um campeonato de construtores e essas duas coisas combinadas tiram essa graça do campeonato.
Não adianta querer transformar a F1 em uma F-Indy, a F-Indy é que sempre foi campeonato de pilotos e não de construtores por isso peças padronizadas dão certo por lá, na F1 não daria certo.
“Um piloto não tão rápido para não roubar pontos do monegasco”
Acho que o Hulkemberg vai acabar na Ferrari!
“Guenther Fucking Steiner”
Alguém pode me explicar o que aconteceu no documentário da Netflix?
Grande abraço a todos do Blog!
Sobre o novo paddock, a pressa foi devido ao tempo relativamente curto desda corrida do ano passado até a corrida deste ano, levando em conta o tempo de demolição, o inverno rigoroso e para ajudar, problemas de qualidade sobre certos pontos da construção. Algumas coisas tiveram q ser refeitas. Sobre a tinta no box que se soltava, a construtora se defendeu dizendo que a FIA aprovou o marca que foi usada. Agora sobre a reforma só acabar em 2020, não é bem assim. A obra acabou mesmo, as tendas atrás, utilizada pelas equipes, estarão lá no ano que vem. Não vai ter outro prédio, não. Ps: Moro em Montréal e acompanhei bem todo o processo.