O GP do Japão é uma festa desde a quinta-feira, já que o ingresso de três dias dá direito a uma visita ao pitlane no dia anterior ao início dos treinos livres. Na sexta, as arquibancadas já estavam cheias, com mais de 60 mil pessoas. Isso é tradição no Japão e joga por terra a desculpa que costuma-se dar para a falta de público nas pistas europeias. Por lá dizem que é quase impossível tirar um dia de folga do trabalho para comparecer na sexta. No Japão isso é muito mais difícil mas, com planejamento, as pessoas conseguem combinar suas férias com a prova.
Os organizadores dão um incentivo também, sempre colocando a corrida no segundo domingo de outubro, uma vez que a segunda segunda-feira de outubro é feriado, o “dia dos esportes”. Assim, descontando três dias das férias, os japoneses têm eventos em cinco.
Tudo bem que o sucesso de público não é tão grande em comparação ao início do GP em Suzuka. Em 1990 mais de 3 milhões de pessoas entraram no sorteio para comprar ingressos. Hoje em dia, o número gira em torno de 180mil. Mas ainda há a necessidade de sorteio, já que são perto de 150 mil lugares.
Correr na casa da Honda deu trabalho aos pilotos da Toro Rosso. Na sexta, fiz uma exclusiva com Pierre Gasly, que estava originalmente programada para quinta, mas a agenda do francÊs acabou ficando lotada demais. “Dormi 15 horas em três dias”, disse o simpático francês. Foram cinco visitas a fábricas, além de jantares com o pessoal da Honda. O japoneses estão aproveitando: Franz Tost basicamente aprova todas as suas ideias, diferentemente do que acontecia com a McLaren.
Falou-se muito do tufão que passaria por perto de Suzuka, principalmente depois de outro que gerou muitos transtornos no fim de semana anterior. Foi a primeira vez que vi algum tipo de efeito de um tufão, e a sensação é bem estranha: um vento muito quente e úmido, e uma chuva que vai e vem. Isso porque estávamos muito longe do centro, no mar entre o Japão e a China.
Mas as equipes sentiram mais. O combustível da Renault e da McLaren chegou só às 4h da manhã da sexta-feira, 6h antes dos carros entrarem na pista. Isso fez com que as duas equipes quebrassem o toque de recolher imposto aos mecânicos, mas isso não gerou nenhuma pena para eles, uma vez que a FIA entendeu que foi algo fora de seu controle.
Outra coisas que fugiu do controle aparentemente foi a alocação de pneus da McLaren. Gil de Ferran negou que o time tenha simplesmente esquecido de enviar sua escolha para a Pirelli. Isso porque eles acabaram com a alocação padrão, de 5 médios, 4 macios e 5 supermacios, muito diferente dos outros, que escolheram entre 1 e 2 médios e até 10 supermacios. Outra dica é que o mesmo aconteceu no GP da Bélgica. E o prazo para mandar a alocação à Pirelli para as duas provas acabou no mesmo dia…
Vários pilotos estavam em um avião fretado que saiu domingo à noite de Sochi em direção a Nagoya, a maior cidade relativamente próxima a Suzuka. O avião estava lotado, mas não foi bem por conta disso que Valtteri Bottas e Kevin Magnussen acabaram dormindo no chão. Foi mais por questões alcoólicas mesmo. Afinal, o finlandês já nem precisa de motivos para encher o caneco. Imagine depois de ter perdido uma vitória certa!
Falando em finlandeses, não há muitas opções de hospedagem nesta área do Japão, então acaba sendo um bom GP para que a turma do paddock se encontrar nas pequenas cidades ao redor de Suzuka. Bom para o jornalista Heikki Kulta, que acabou uma das noites cantando We are the Champions com Mika Hakkinen em um karaokê em Shiroko. Horas antes, ele tinha entrevistado o ex-piloto, que deu dado algumas voltas com sua McLaren de 1998 em Suzuka.
Outro que teve a oportunidade de se reencontrar com um velho conhecido foi Felipe Massa, que andou com o F2006. Na primeira volta, diminuiu três marcas para fazer a primeira curva. Na segunda, duas. E lá foi ele, abrindo um caminhão de tempo para a outra Ferrari que vinha atrás, de 2010. Massa saiu do carro parecendo uma criança: “Foi muito melhor do que eu lembrava! E dava para sentir muito mais aderência do que o carro com que a gente terminou a temporada passada. Não queria parar!”
Jornalistas que trabalham para a FOM se envolveram em acidente de trânsito. Um brasileiro que mora no Japão se distraiu no celular e encheu a traseira do carro dos jornalistas. Tudo demorou 4h para ser resolvido, com direito a fotos dos dois motoristas ao lado das placas dos carros. E, da maneira mais japonesa possível, o processo só acabou quando o brasileiro mostrou, via Google tradutor uma mensagem se desculpando. Não precisa explicar muito mais porque já saímos do Japão sentindo saudade!
2 Comments
Sensacionais estes posts com os drops do paddock, muito legal ficar por dentro do que rola além das corridas.
Estes posts “drops” com peculiaridades dos locais (e adjacências) dos autódromos em épocas de corridas são muito bons.
Lembram o “sinal verde” da dona Globo, que não são mais exibidos…..