Parece ironia do destino, mas estava eu na frente da Williams fazendo imagens para uma matéria quando George Russell apareceu na garagem, cumprimentou um a um seus mecânicos, olhou para fora, e fez uma cara de quem não gostou do que viu: o céu bastante carregado. Imagino que o semblante dele foi diferente ao acordar no domingo e dar de cara com o céu ainda pior. E nem ter que correr para conseguir seu primeiro pódio. Claro que não foi do jeito que ele queria, mas ele não estava contendo o sorriso de orelha a orelha.
Era basicamente o único sorrindo de felicidade mesmo. Vez ou outra você via os dentes de alguém, mas sorrindo só para fazer alguma brincadeira sarcástica. Como Lando parabenizando Max pela performance ou Daniel falando bem do primeiro setor do George.
Voltando ao piloto da Williams, ele está com uma leveza desde a quinta-feira na Hungria que não tinha antes, o que leva a crer que a última peça que falta de encaixar no quebra-cabeça da Mercedes é Valtteri Bottas. Espera-se notícias na semana do GP da Itália. Também em Monza tem mais um round da discussão sobre os motores de 2025.
Seria uma dinâmica interessante de se observar, já que Lewis Hamilton não consegue esconder que não é exatamente um fã de Russell. A frieza dele em relação a seu compatriota tem sido marcante desde que ele correu em seu lugar em Sakhir. A maneira como ele vai lidar com essa fase final da carreira, correndo contra pilotos mais jovens sedentos por destroná-lo, vai ser interessante para jogar perspectiva aos números inchados dos últimos anos.
Quem sabe bem disso é Sebastian Vettel, que teria uma imagem diferente se tivesse parado de correr no final de 2013. Isso, em vários sentidos. Ele sempre foi um cara estudioso e comprometido, mas agora parece estar ainda mais com a mentalidade de “se você quer as coisas bem feito, tem que fazer você mesmo”. Depois de deixar sua frustração com a direção de prova bastante clara via rádio, ele ficou uns 10 minutos conversando sozinho com Michael Masi, logo depois de dar entrevistas. Ouvi ele dizendo (tranquilamente, em um papo amistoso, embora duro), que sua sugestão era de que Masi ouvisse mais os rádios, dos pilotos e também a comunicação dos fiscais de pista, ao que o australiano respondeu que apreciava pelo interesse de ir conversar com ele.
No sábado de manhã, a F1 apresentou às equipes seu plano para o restante do calendário, mantendo a Turquia mesmo que o país continue na lista vermelha do Reino Unido. A aposta é de que os turcos saiam da lista no próximo anúncio, dia 16 de setembro. Se isso não acontecer, o mais provável é termos 21 provas.
O GP da Cidade do México já iria mudar de qualquer maneira, indo para o dia 14 de novembro, mas com o pedido de São Paulo para alterar sua data para ter mais chances de reaver o investimento de 150 milhões de reais na prova, foi o GP paulistano que ficou com essa data. A lógica é clara: manter México e Brasil no calendário mesmo que os dois países estejam na lista vermelha britânica. E o esforço será realmente gigantesco, já que todo mundo vai ter que sair correndo de São Paulo no domingo à noite e na segunda-feira para ir direto ao Catar, e passar 10 dias por lá antes de poder retornar à Inglaterra.
Isso sem contar na logística de todo o material da F1, enviado em aviões-cargo em uma viagem de mais de 15h, contra o fuso horário. Isso já foi feito uma vez, quando o Brasil fez dobradinha com Abu Dhabi. E teve coisa chegando só na quinta-feira de manhã.
Outra alteração será no teste de jovens pilotos, que geralmente é depois da última corrida, mas será antecipado para não virar praticamente um teste de Natal. Mas, sim, vai ter gente que não vai voltar para casa desde antes do GP da Cidade do México, no começo de novembro, até depois de Abu Dhabi, já na metade de dezembro.
2 Comments
Bom, para começar, (sobre Sir LEWIS e RUSSEL), a idade inexoravelmente cobra um preço de QUALQUER ser humano. Pelo menos uns milésimos de segundo. Quanto mais numa Fórmula 1!!! O Senhor das Areias Saint Exupéry dizia que o tempo DEVASTA a argila humana (“Terra dos Homens”). O kart é a prova mais cabal disso, considerando-se talentos equivalentes. ICKX disse em seu tempo que talento na Fórmula 1 se media em décimos de segundo. Hoje não é sequer em centésimos que se mede, é em milésimos, como todos sabemos.
Essa atual geração de jovens lobos é fortíssima, começando-se pelo “veteraníssimo” MAX VERSTAPPEN (alguém já tinha visto uma criança de 16 anos ser disputada “a tapas” pelas duas principais equipes da Fórmula 1 e ter um contrato IMEDIATO para correr oferecido por uma delas?). Não nos esqueçamos que o tão apedrejado HELMUT MARKO ganhou em 1971 as 24 Horas de Le Mans pilotando um poderosíssimo PORSCHE 917, e que TOTO WOLFF venceu em sua categoria as 24 Horas de Nurburgring em 1994: os DOIS – como ex-pilotos – tem faro fino para descobrir talentos, portanto – não são meros “pilotos de escrivaninha”.
MAX é um fuori serie, um piloto com a CHAMA da GENIALIDADE, como LEWIS HAMILTON (alguns de seus críticos não tem sensibilidade para perceber que mesmo depois de tantos anos vitoriosos LEWIS mantém intacta a sua “GRINTA”, como dizem os italianos, a vontade de chegar na frente, de vencer, de se lançar a loucas recuperações).
Entre todos esses jovens lobos, À PARTE o gênio MAX, destaco 3 expoentes: RUSSEL, LECLERC e NORRIS que comporão com o gênio VERSTAPPEN a QUARTA GERAÇÃO DE OURO da F1 (pilotos de talento excepcional mais ou menos equivalentes, correndo entre si na mesma época – as três anteriores foram CLARK, G. HILL, SURTEES e BRABHAM; PIQUET, SENNA, MANSELL e PROST; e HAMILTON, ALONSO e VETTEL). Não podemos JAMAIS comparar pilotos de ÉPOCAS diferentes, porém pilotos excepcionais de gerações diferentes às vezes se vêem frente à frente, como se verá a partir de 2022, com carros e regulamentos diferentes, o que promete ser emocionante!!! Isso já ocorreu entre STEWART e EMERSON, entre LAUDA e PROST e PIQUET, a título de exemplos (não estou me referindo a parceiros de equipe).
Esse GP da BÉLGICA – com aparência de jacaré e que se transformou no final em um beija-flor – foi uma oportunidade de OURO perdida para se ver num mano a mano debaixo de chuva pesada principalmente LECLERC, excelente em piso seco (mas precisa bater menos). RUSSEL e NORRIS (a despeito da batida) já nos deram uma boa noção sobre como lidam com a água.
Então Sir LEWIS trata com certa frieza RUSSEL? Isso faz parte da “GRINTA”. E RUSSEL, como trata LEWIS? Ele deve e tem a obrigação de enfrentá-lo almejando vencê-lo (assim como o estreante LEWIS fez com o bicampeão ALONSO), mas cuidando para não ser presunçoso, cuidando para não subestimar HAMILTON. Aprecio RUSSEL, acho-o mais talentoso que NORRIS, que foi tratorado por ele na F 2. RUSSEL, LECLERC e NORRIS – sempre se saíram bem na difícil mudança de categorias para carros mais pesados, mais velozes e com concorrência mais qualificada, fatores que mais põem em evidência os limites de um piloto, PRINCIPALMENTE quando eles chegam à categoria máxima.
Finalmente, creio FIRMEMENTE que RUSSEL não conseguirá bater HAMILTON, pelo menos em sua primeira temporada como parceiros de equipe. Ressalvo que NÃO EXISTE E NUNCA EXISTIU NA HISTÓRIA DO AUTOMOBILISMO UM PILOTO IMBATÍVEL. Todos – TODOS, sem exceção – em algum momento, foram inapelavelmente batidos por alguém nas mais diversas oportunidades.
Deus queira que tenhamos “apenas” 21 provas! (Menos é mais) Muito embora goste da Turquia…
Agora essa de 2010 (Brasil – Yas Marina) e 2016 (Canadá – Baku) foram surreais! Fazer um deslocamento desses em poucos dias… coisa de louco.
F1 tem que rever isso. Ou começa mais cedo (início de março) ano que vem. Não dá para ter rodada tripla tb.