F1 Em tempos de corrida maluca, o bom é ficar sozinho - Julianne Cerasoli Skip to content

Em tempos de corrida maluca, o bom é ficar sozinho

Final do 4º (!) stint: Alonso faz uma sequência de melhores voltas e vai tirando, décimo a décimo, a diferença em relação a Vettel. O espanhol é constantemente mais rápido que Webber (ainda que marginalmente) e está em segundo. Logo vem a resposta do alemão: oito décimos mais rápido. Ele nunca esteve ameaçado.

As corridas têm sido espetaculares, com ultrapassagens, estratégias sensíveis que até uma saída em classificação pode definir uma posição – como Webber descobriria algumas voltas depois, tendo pneus duros novos para superar Alonso. Todos no limite. Menos um.

A superioridade de Vettel especialmente em relação ao companheiro é o que mais salta aos olhos. Tudo bem que Webber parece sofrer mais com o desgaste de pneus, tem sido mais azarado com o Kers e, na Turquia, corria com uma asa dianteira (sempre ela!) diferente. Mas nada que justifique uma diferença que não apareceu nos dois primeiros anos em que os dois correram juntos. Ano passado, o duelo dos pilotos da Red Bull foi um dos mais apertados em classificação, com média de quatro centésimos de vantagem para Vettel. Nestas primeiras quatro corridas, é de 0s593.

Uma dobradinha, duas atitudes

O abismo persiste em corrida. A performance do australiano na China teve muito mais a ver com os pneus novos do que com qualquer sinal de reação. Um dos fatores que tem atrapalhado Webber e beneficiado Vettel nas corridas é a diferença de largar na frente e ditar seu próprio ritmo e lutar constantemente por posições.

Brigar na pista e economizar pneu é tarefa impossível, como Felipe Massa descobriu hoje. Temos visto os pilotos que duelam no tráfego caindo pelas tabelas do meio para o final da corrida. Não é coincidência. A questão é cumulativa. Se você se encontra no meio de um grupo de pilotos em seu primeiro stint, provavelmente vai gastar mais pneu e vai parar mais cedo. Sua parada vai ser condicionada apenas pelo desgaste em si, não por haver um espaço livre para voltar longe de mais tráfego. No bolo de novo, a história se repete.

No caso específico de Massa, esse fator, somado a duas paradas ruins – em relação a Alonso, sua perda total nos pitstops foi 7s379 maior – e ao já comum rendimento ruim com os pneus duros explicam a 11º colocação.

Hamilton, ainda que tenha tido uma corrida solitária a partir do 2º stint, foi outra “vítima”. Com o erro na terceira curva da primeira volta, ficou preso atrás de Button, o acabou com seus pneus e o obrigou a parar antes do previsto. Saiu do carro acreditando que o lugar de Alonso era seu. Difícil dizer, mas certamente esse início teve um grande impacto nos 40s que separaram o inglês, Rosberg e Button do vencedor.

Já o caso de Barrichello remete mais ao da Mercedes. A Williams melhorou em uma volta, mas de uma maneira que coloca muito estresse no pneu e o desgasta mais rápido. Em corridas nas quais o melhor tem sido parar mais vezes por questão de performance, e não obrigatoriamente de desgaste – ou seja, as equipes não param porque seus pneus estão em frangalhos, mas simplesmente porque é o caminho mais rápido – é uma péssima notícia. No caso de Rosberg, inclusive, o desgaste excessivo o obrigou a priorizar os duros e ainda fazer 4 paradas.

11 Comments

  1. Na corrida, uma das poucas análises sensatas que ouvi de Reginaldo e Galvão, foi quando constataram a boa corrida da GP2, mt em detrimento do desgaste dos pneus, já que a categoria menor, não possui KERS e ATM. A sensação que fiquei com a parada tardia de Button, acredito que três voltas a mais, foi um “corretivo” por ter brigado com Hamilton, por mais maluco que seja, não fazia sentido prolongar-se, afinal os Pirelli são completamente diferentes dos Bridgestone, o que acabou com a corrida do inglês. É uma situação no mínimo estranha. Por mais sensacional que Vettel seja, o fato de terem andado juntos, nos últimos anos, mereceria uma distância menor em 2011. Aí vem a grande especulação: será que os carros em 2011, são verdadeiramente idênticos? Será que apenas os pneus explicam? Quando tivemos a briga de Alonso/Webber, me lembrei do pega de Cingapura 2010. Por saber da habilidade do espanhol, seria dureza o australiano passar sem a ATM, ponto para o artificialismo. Quando vc coloca a grande quantidade de paradas, fico imaginando o que acontecerá em pistas mt travadas, como Valência, Hungaroring, Mônaco ( que parece não terá ATM), onde os pontos de ultrapassagem, mesmo utilizando o KERS/ATM, passar onde? Os pneus me agradam, mas se fizessem um check-up nas pistas, seria bem melhor que os artificialismos.

    • Tem algo que acabei esquecendo de colocar no texto. Senti que a DRS foi mal colocada na Turquia. Os pilotos não estavam dividindo a freada, já passavam bem antes. Acho que a linha de ativação deveria ser um pouco mais à frente, para ficar menos artificial.
      Aliás, há outras tendências interessantes em relação à asa e sua relação com a supremacia da Red Bull, mas esse é um papo para o decorrer da semana!
      Acho que faz parte de um campeonato ter as pistas mais travadas, elas só não podem ser regra. O que vai acontecer nesses lugares (e vai ter asa em Mônaco) é que veremos menos ultrapassagens, mas não como antes. O circuito continua sendo um fator relevante. Aliás, tivemos 3 grandes corridas em 3 Tilkódromos – dois deles, Malásia e Turquia, que considero grandes pistas.

  2. Se não me engano, a RBR não usou o KERS. Ao menos no carro de Webber, não apareceu. O que demonstra a eficiência aerodinâmica brutal. A situação momentânea de Vettel é tão positiva, que esse revezamento de desafiantes, só ajuda. Nada contra o garoto, mas se caírmos naquela sua teoria do bom carro, a tendência seria esse excelente carro aproximar os pilotos. Nunca saberemos, mas parece que ano passado, o material de trabalho era mais bem dividido. Esse ano, uma forma de manter a hegemonia, por parte da RBR, parece ser manter Webber em uma distância “segura”. Hehe, como fazer isso? Nunca saberemos. Quem sabe na bibliografia de Webber.

    • Oi Wagner,

      Estava lendo as suas “teorias da conspiração” e acho que é valido sempre ter a mente aberta e crítica e porque não interrogativa.
      Mas, nos anos em que assite Webber e Vettel na pista nunca vi o autraliano mostrar-se de forma regular ser igual ou superior a pilotagem de Vettel, na verdade, o que percebi foi que devido a constantes imaturidades de Sebastian somado a uma maré de falta de sorte (recordando as duas corridas no inicio do ano passado que Seb poderia ter ganhado facilmente)Webber com seus muitos anos de experiências nas costa sobre se aproveitar e fazer disso o seu lado mais forte, a isso eu chamo de jogo emocional. Só que este ano, Webber está lidando com um campeão mundial, que está motivado e que se já era amado agora é adorado por sua equipe. E me diga, quem pode contestar o carinho que uma equipe venha a ter por seu piloto?
      Não consigo enxergar em Webber um coitadinho abandonado pela equipe. Ele está na Red Bull Racing a mais de 4 anos, deve ter criado muitos laços lá dentro. Percebo que muito da simpatia que ele tem das pessoas é por acharem que ele é o piloto “desprezado”, e sempre temos uma queda em defender os fracos e inocentes…rs.
      Enfim, sempre existe a possibilidade de uma teoria da conspiração existir de fato! ( Pobre Webber, então), entretanto, acho essa a mais remota possibilidade pois, acho o autraliano um piloto apenas mediano, que sabe se aproveitar de algumas boas chances em corridas, mas que não tem a estrela e a força de um campeão.

      • Achei perfeito seu comentário. Penso da mesma forma, inclusive a imaturidade de Vettel começa a se transformar em experiência e isso tira um pouco da vantagem que restava ao Webber, que seria sua rodagem nos circuitos e na equipe.

        Uma coisa que também deve fazer diferença ao Vettel é a regra do abastecimento ter sido abolida. O “pulo do gato” de algum piloto fazer uma classificação bem leve não existe mais e a pole fica cada vez mais nas mãos de quem tem habilidade para ser o mais veloz. Ponto para o alemãozinho nesse quesito.

        Aí ele faz a pole, larga bem, vai ampliando a vantagem com o decorrer das voltas, a equipe faz o ótimo trabalho nos boxes e fica tranquilo pra administrar toda a corrida, sem haver necessidades de mostrar todo o potencial do carro e evitar riscos desnecessários.

  3. Deusy e Guilherme, imaginemos apenas as diferenças em disputa pela pole e o rítimo em corrida. Por mais inexperiente que seja, Vettel estreiou na F1, em 2007, assim como Hamilton, e se lembrarmos o excelente carro da Mclaren de 2007, o que aconteceu? O novato (mas talentoso) Hamilton, brigou de igual para igual com o experiente bicampeão Alonso. Teoricamente, o bom carro ajudou o inglês na busca de seus resultados. Em 2010, mesmo com menos rodagem que Webber, Vettel mais talentoso, teve mais dificuldades tanto pela falta de confiabilidade do carro, mas a RBR naquele momento, deixava a briga correr mais solta, como não se lembrar da Turquia 2010! Não sei se seria a briga de Davi contra Golias, mas dois fatores me parecem mt certos em 2011: 1º a confiabilidade e 2º tratamentos diferenciados, pois tendo Vettel o estatus de 1º, conseguido em pista, nessa altura do campeonato, enquanto as outras equipes não chegam, o adversário mais forte de Vettel, sem dúvida alguma é Webber, teoricamente com o mesmo equipamento. Como balancear os ímpetos, dentro do regulamento? Como não se lembrar da parada a mais de Webber na Austrália? Como não se lembrar da incapacidade de Webber não passar pelo Q3 na China por não usarem os pneus macios? Por que apenas o carro de Webber detona os pneus? Detalhes que não ocorrem com o nº1. Nada tira o brilhantismo de Vettel, mas a diferença assusta.

    • Oi Wagner,

      Acho que as respostas às suas perguntas estão no post original. O principal fator que explica a diferença é que como o Vettel pôde ditar o seu próprio ritmo, ele pôde controlar a degradação de pneus de forma melhor. O resto, inclusive os erros da RBR, acho que são detalhes de corrida.

    • Wagner, no ano em que Hamilton foi companheiro de Alonso o que mais se ouviu foi que a equipe Mclarem privilegiava ao inglês. Mil e uma teorias da conspiração…rs. A fórmula 1 depois da palhaçada da época Schumy X Barrichelo deixou em nós brasileiros um trauma de achar que as equipes forjam campeões ao escolher favoritos.

  4. Vettel é um talento incontestável. Sua capacidade, aliada a um carro mt bom, que dá-se ao luxo de não utilizar o KERS, têm sintonia fina. Hehe, não que eu queira fazer feito mula empacada, mas lebremos da China e da Turquia. Na China, Webber teve problemas mecânicos na sexta, e no sábado, sem parâmetros, não passou do Q1, por negligência da equipe, que não lhe deu pneus macios para achar uma vaga no Q2. Incompetência do piloto ou equipe? O mais engraçado de tudo isso, é que o plano b de Webber quase derruba Vettel. Nesse final de semana da Turquia, Vettel bate na sexta, não treina, e no sábado, bingo! Pole e detona na corrida, com mt menos parâmetros que Webber. Ok, talento nato, mas em algum momento faltou esmero da equipe? Vettel é mt bom, mas os cuidados da equipe idem.

  5. Julliane,

    O Hamilton também iria para três paradas, mas como não conseguiu superar o Button, quer dizer até conseguiu, mas levou o troco, aliás ótimo duelo dos pilotos mclarianos.

    Lewis mudou sua estratégia para quatro paradas e Button erradamente seguiu o plano A, apesar da grande corrida, o campeão de 2009 amargou apenas o sexto lugar, com esses pneus não vale mais a pena fazer uma parada a menos, por mais limpa e suave que seja a pilotagem do piloto.

    Lewis perdeu um tempão nos boxes e ainda chegou em quarto, além do Rosberg em quinto.

    Abraço!

    • Sim, pelo que disse Hembery, todos tinham previstas 3 paradas e alguns mudaram de ideia durante a prova. Muito provavelmente não por uma questão de degradação, mas de performance. Simplesmente, era o caminho mais rápido para o final da prova. A McLaren e sua “operação milittar” de Woking comeram bola.


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