F1 Estratégia do GP da Emilia Romagna e a posição de pista - Julianne Cerasoli Skip to content

Estratégia do GP da Emilia Romagna e a posição de pista

FIA Pool

O GP de Emilia Romagna foi mais uma daquelas corridas que Lewis Hamilton não deveria ganhar, mas ganhou, já que fez sua parte para se colocar em situação de aproveitar qualquer oportunidade que aparecesse, buscando virar o jogo mesmo caindo para terceiro na largada em uma pista de difícil ultrapassagem, mesmo estando tranquilo no campeonato. Enquanto vários pilotos muitas vezes se acomodam em uma situação dessa, ele sempre busca algo “fora da caixinha” para virar o jogo.

Em Imola, foi o overcut, ou seja, andar rápido com pneus usados para tirar os quase 5s de desvantagem que tinha antes da primeira parada do pole Bottas e do segundo Verstappen. Os três tinham planejado fazer a mesma estratégia: largar com o pneu médio e fazer a segunda parte da prova com o duro. Mas a durabilidade de ambos os compostos daria duas opções estratégicas para as equipes: ou antecipar a parada e apostar em aquecer o duro rápido e conseguir ganhar a posição dessa maneira (com o undercut) ou com a estratégia de Hamilton, que foi a que funcionou melhor no domingo em Imola porque o pneu médio foi aquele que se mostrou mais consistente.

Mas ele mal sabia que sua vitória tinha começado a ser construída logo na segunda volta, quando Valtteri Bottas passou por cima do pedaço da asa dianteira da Ferrari de Sebastian Vettel. Sem ter tempo de evitar bater, ele escolheu pegar a peça de frente para não ter um furo no pneu, e acabou com o detrito embaixo do carro. Foi um azar tão grande que a Mercedes custou a acreditar que era isso mesmo que tinha acontecido.

A peça tirou 50 pontos de aerodinâmica do carro, o que daria mais de meio segundo por volta. Talvez, inclusive, a Mercedes até tenha percebido o que acontecia e evitado dizer a Bottas antes da parada porque a Red Bull ouviria e Verstappen, ao invés de tentar o undercut, permaneceria na pista esperando que Bottas parasse primeiro. Com a dificuldade de se ultrapassar em Imola, a posição de pista é o mais importante a se defender.

Foi também sabendo que Bottas não conseguia adotar o ritmo que o carro permitia que a Mercedes teve que responder ao “ataque” da Red Bull e parar Bottas na volta 19. E sem mexer no “detrito”, pois não havia tempo, além do que a Mercedes vem tendo perdas em seu time de mecânicos desde a Alemanha por conta da covid e de isolamentos decorrentes dela e sua equipe de pitstop não é a titular no momento. O foco era em manter a posição de pista.

Esse contexto lá na frente deu a chance para Hamilton fazer o overcut funcionar. Quando ele chegou na volta 29, estava perto dos 28s de que precisava para parar, voltar na frente, e não se arriscar muito com o pneu duro frio para defender a liderança. Conseguira abrir essa diferença por seu ritmo, claro, mas também porque Bottas não conseguia ser tão rápido quanto poderia, com um carro mais lento e mais arisco nas freadas. O ritmo dele mostrava que ele ainda tinha algumas voltas no pneu para abrir mais e voltaria na liderança de qualquer jeito, mas alguns segundos de VSC foram suficientes para lhe dar ainda mais tranquilidade.

Com o carro mais rápido do dia e agora tendo a posição de pista, a fatura estava liquidada para Hamilton. Bottas foi sofrendo cada vez mais com o carro, errou duas vezes e Verstappen aproveitou, mas ficou pelo caminho algumas voltas depois aparentemente por passar por cima (também) de detritos.

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A rodada e o decorrente SC jogariam pimenta na corrida do segundo pelotão, na qual os pilotos que optaram pelo overcut largando com o pneu médio vinham tendo vantagem em relação a quem começou a corrida com o macio (todos do top 10, menos os três primeiros, e Giovinazzi). Mas, ao mesmo tempo, o Safety Car causado por Verstappen veio um pouco tarde demais para Raikkonen, que se aguentou até a volta 48 com o mesmo jogo de médios esperando um SC, e ele apareceu TRÊS voltas depois!

Nessa briga, que acabou se tornando pelo pódio, Ricciardo vinha com a vantagem desde a largada (e com a sorte de ter visto o piloto com o ritmo mais próximo ao seu em teoria, Gasly, fora logo no começo), mas perdeu a posição para Perez justamente quando o mexicano conseguiu fazer o overcut funcionar, ajudado por Magnussen, que segurou a turma que tinha largado com os macios antes de fazer sua parada.

As paradas desse pelotão que vinha logo atrás dos três primeiros tinham sido provocadas por Leclerc, ainda que o piloto não tenha entendido por que a Ferrari o chamou cedo aos boxes, na volta 13. Já Sainz tentou estender ao máximo o primeiro stint e foi o piloto que mais andou com os pneus macios (17 voltas), mas voltou para o mesmo lugar onde estava depois da parada. Na verdade, salvo Perez, as posições do top 10 estavam praticamente inalteradas em relação à largada, com a diferença mais significativa sendo Russell aparecendo em décimo após ter trocado os médios pelos duros cedo e adotado um ritmo bom o suficiente para estar na frente de Raikkonen, das Haas e de Vettel, que vinha fazendo uma boa corrida em que pese a asa quebrada e antes do pitstop desastroso.

Mas tudo mudou com 12 voltas para o final e o SC, com algumas equipes priorizando acertadamente a posição de pista, e outros interpretando que a combinação de pista relativamente fria com pneu gasto iria ser fatal na relargada: Ricciardo, Albon e Leclerc não pararam, assim como as duas Alfa Romeo, que lucraram a parada de Vettel. 

Não havia uma decisão certa ou errada nesse caso. Dependia de quantas posições seriam perdidas com a parada e do rendimento de cada carro com o pneu macio. Por isso que, para Ricciardo, ficar na pista foi a garantia de um pódio que estava perdido. 

Para Albon, o mesmo resultou em uma rodada e o fim da chance de pontuar. 

Para Perez, parar foi a diferença entre um terceiro e um sexto. 

Para Kvyat, fazer o pitstop foi a chance de ter o melhor resultado do ano.

https://www.instagram.com/tv/CHGJl7ABAwl/

1 Comment

  1. Mais uma vitória do Hamilton que acabou por ter sorte mas também fez por isso.
    Provavelmente sem o problema que apoquentou o Bottas, Hamilton não conseguiria ganhar tanto tempo ao finlandês, mas isso nunca iremos saber. Em Portugal o Bottas não teve nenhum problema e o Hamilton Ganhou de forma categórica.
    Se a Red bull e o Verstappen foram os mais azarados da corrida, a Racing Point foi a equipa mais incompetente ao deitar fora um pódio praticamente certo do Perez.

    visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/


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