F1 Estratégia do GP do Bahrein e a tática engessada pelo SC - Julianne Cerasoli Skip to content

Estratégia do GP do Bahrein e a tática engessada pelo SC

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É até difícil lembrar que houve uma corrida depois do terrível acidente de Romain Grosjean, que encheu o guard rail em plena reta em um ângulo e velocidades tão incomuns que abriu um buraco na proteção, fazendo com que a parte de trás do carro se soltasse, expondo o tanque de combustível e gerando um incêndio como há muito, mas muito tempo não se via na F1. Foi um daqueles lances de largada em que os pilotos vão tendo de tirar para o lado, dividir freada no meio do pelotão, e um vai tirando mais o pé que o outro, e decidindo para que lado tirar. Lá atrás, Kimi Raikkonen tirou para o lado esquerdo, onde não tinha ninguém, e Grosjean escolheu o direito, sem ver que Daniil Kvyat estava ali. E o que se passou foram cenas incríveis do francês escapando do fogo e do meio do guard rail apenas com queimaduras nas mãos.

Isso quis dizer que a corrida, mesmo, só começou mais de uma hora depois, na segunda largada, com um grid um pouco diferente, já que a direção de prova levou em consideração a classificação de quando os pilotos passaram pelo último mini setor de cronometragem antes da bandeira vermelha. Então o GP do Bahrein finalmente começou com Hamilton, Verstappen, Perez, Bottas, Albon, Ricciardo, Norris, Ocon, Gasly, Vettel. Gasly apostava nos duros, assim como Leclerc, 12º, enquanto Sainz, sem muitas opções depois que uma falha no freio fez com que ele acabasse com um jogo de médios, ia de macios.

A bandeira vermelha não tinha mudado muito o desenho da estratégia: os pilotos largaram com a ideia de fazer duas paradas, evitando ao máximo o pneu macio, que se desgastava rapidamente. E os carros mais rápidos não descartavam fazer até três paradas se isso significasse ficar mais tempo de cara para o vento.

Mas as chances de fazer uma estratégia de três pits funcionar acabaram quando, na relargada, Kvyat foi otimista para cima de Lance Stroll, que capotou, provocando a entrada do Safety Car. A corrida só recomeçou na nona volta, o que significava que o pelotão não abriria os espaços necessários para alguém tentar arriscar fazer três paradas.

Esse alguém que estava estudando adotar a tática era Max Verstappen. A ideia era driblar a Mercedes, até levando o primeiro stint próximo do que seria o ideal para fazer duas paradas (lá pela volta 20), mas depois antecipar o segundo pit e ver se Hamilton seguiria a tática de Max. Mas tudo ficou no ‘se…’ porque o pelotão ficou tão compacto que os pneus dos ponteiros acabaram antes mesmo que se abrisse um buraco, e a Red Bull teve que parar Verstappen na volta 20 mesmo com ele voltando no tráfego, respondendo o pit stop de Hamilton na volta anterior, mesmo com ele voltando no tráfego.

Nas primeiras paradas, houve estratégias diferentes entre as equipes: uns (como Hamilton) colocando os médios e outros (como Verstappen) preferindo os duros. Isso dependia de quantos jogos tinham sido guardados ao longo do final de semana, mas não fez muita diferença: o rendimento e a duração dos médios e duros se mostraram bastante semelhantes, o que fez com que Verstappen até ensaiasse um ataque no começo do segundo stint, mesmo estando com o composto, em teoria, mais lento, mas Hamilton logo respondeu e mostrou que tinha ritmo sobrando. Mais uma vez, coube a Verstappen maximizar o que era possível para a Red Bull. Quando Hamilton respondeu ao ataque de Max sendo 0s3 mais rápido na volta 26, e 0s5 na 27, as duas primeiras posições da corrida estavam definidas.

Um pouco mais atrás, Sergio Perez fazia uma corrida solitária. Com cinco voltas para o final, tinha 5s de vantagem para Alex Albon e até já tinha pedido para a equipe acordar, de tão solitário que estava no carro. Mas seu motor o deixou na mão, e a Racing Point saiu zerada do GP do Bahrein, e ainda viu a McLaren pontuar muito bem com um quarto e quinto lugares.

Isso porque, mais uma vez, a equipe e os pilotos deram show de execução. Originalmente, Norris largava do fim do top 10, Sainz só em 15º e tendo de usar os pneus macios no começo da prova. A atuação do espanhol foi magistral, levando o pneu, que não durou por mais de 4 voltas nos treinos livres, até o 21º giro. E mais, passando Vettel, Gasly, Ricciardo e Leclerc no meio do caminho. Após as primeiras paradas, já era o sétimo. E logo passou Ocon também. A McLaren optou por sempre parar seus pilotos depois dos rivais diretos, então eles perdiam posições por conta do poderoso undercut, já que quem parava antes conseguia um ritmo muito mais forte na volta à pista, mas recuperavam na pista. E foi por isso que vimos duelos bacanas entre o espanhol e seu futuro companheiro Leclerc. Como a Ferrari, a Renault buscou o undercut nas paradas, e viu as duas McLaren terminarem na frente – e é fato que Ocon e Ricciardo encontrarem-se na pista tantas vezes, um segurando o outro, não ajudou em nada o resultado do time francês.

Mas o grande temor das equipes do meio do pelotão era que alguém tentasse parar uma vez a menos. E foi essa a tática da AlphaTauri com Pierre Gasly, aproveitando a bandeira vermelha para um pneu duro novo. Isso abriu a possibilidade de fazer só uma parada especialmente depois do Safety Car, mas era claro que segurar-se no final seria difícil. Mais um Safety Car, causado por Perez, no final, salvou a pele de Gasly, e a aposta gerou um sexto lugar.

Se a sorte esteve com o francês, abandonou completamente Valtteri Bottas. Depois da largada ruim, ele teve um furo no pneu logo no reinício da prova, e depois outro. Foram tantas paradas que a Mercedes ficou sem pneus para trocar! Ele só tinha dois jogos de pneus médios, ambos já usados, e como o dianteiro direito tinha furado, quando eles tiveram que voltar a usar esse primeiro jogo depois do segundo furo, não tinham como trocá-lo. E lá foi Bottas com três semi-novos e um pra lá de usado até o fim, se arrastando até o oitavo lugar enquanto seu companheiro vencia novamente.

7 Comments

  1. A semana que vem a tática do LH44 será repouso. Dá uma chance de outro piloto ganhar. O pior é que VB77 está com o maior medo, pois se quem vier andar mais que ele vai ficar difícil a situação. E a chance de isso acontecer é grande.
    Quanto à corrida, foi igual mastigar isopor, sem sabor algum, ficou sem graça após o acidente.

    • Rapaz, tô torcendo tanto pro Russel entrar e dar um sacode no Bo77as 😀

  2. Eu estava me perguntando até hoje porque Bottas não conseguiu escalar o pelotão com o melhor carro do grid numa pista onde a ultrapassagem é tranquila. Como o estado dos pneus faz muito diferença, dá pra aceitar a performance tão abaixo. Porém, se o Russel superá-lo, não vai ter argumento que justifique ou até mesmo explique.

    • Eu tenho certeza que o Russel só não foi contratado pela Mercedes para 2021 por causa da pandemia. Pelo que tem conseguido com o carro atual (W), está valendo o investimento do Toto. Ele é o futuro da equipe, pois acho que LH44 não ficará lá mais muito tempo, nem VB77…

  3. Julianne,

    Bom dia.

    Apenas a título de informação, para que você possa trabalhar com os fatos corretos.

    Como você é mais focada na F1, talvez não tenha a informação de que o Campeonato Mundial de 1951 vencido pelo Palmeiras, foi sim reconhecido pela FIFA em 2014 em reunião do comitê executivo da entidade, realizada em São Paulo, durante os preparativos da Copa 2014.

    Caso queira saber mais ou acessar a ata da reunião da FIFA é só acessar:

    https://esportes.yahoo.com/noticias/mundial-palmeiras-veja-o-que-diz-documentacao-oficial-da-fifa-080057062.html?guccounter=1&guce_referrer=aHR0cHM6Ly93d3cuZ29vZ2xlLmNvbS8&guce_referrer_sig=AQAAANcfBTxkidj79FQ8hYXUlB2JHVYc6BtozZUxuvQENkD8LxlrskC-99OzPJXqO32QmF1dPu-9-tSnw07l1tEq9cHNW1p2b2qTcVd_wiUuzgb9xnUvdgBMYtVAKTdMKY8bYlsisKctaPb6QdI6Dc6F0Il67XL0Vl_WcN10f0qAo7zG

    Atenciosamente,

    • Oi Marcos,

      Obrigada pelas informações. Como eu realmente não sou focada em futebol e não estou a par de toda a história, pedi que os editores fizessem uma revisão, então acredito que o padrão editorial do UOL seja o adotado na matéria também.

      E acredito que o importante seja a mensagem legal do Pietro. Espero que todos os palmeirenses fiquem contentes com isso.

      • Oi Julianne.
        Grato pelo retorno.
        Ficamos sim muito felizes com a atitude do Pietro. Infelizmente, grande parte da imprensa (não é o seu caso) ainda desvaloriza e achincalha, por puro clubismo, ou até mesmo má índole, grandes feitos do esporte brasileiro como a conquista do Mundial Interclubes em 1951 por parte da Sociedade Esportiva Palmeiras, que, aliás, foi a primeira conquista a nível global do futebol brasileiro. Se possível, sugiro que o texto do uol seja retificado. Parabéns pelo site. Excelente qualidade! E tomara que o Pietro seja mais brasileiro a se destacar na F1!


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