F1 Estratégia no GP de Abu Dhabi: as alternativas de Webber e Alonso e a volta de Kobayashi - Julianne Cerasoli Skip to content

Estratégia no GP de Abu Dhabi: as alternativas de Webber e Alonso e a volta de Kobayashi

Mesmo tendo um pouco de tudo entre os 10 primeiros, de uma a três paradas, ficou claro pela tática mais conservadora utilizada pelos três primeiros colocados que o caminho mais rápido no GP de Abu Dhabi era fazer duas paradas de forma a garantir que o período no pneu mais lento fosse minimizado.

Mais uma vez, a superfície pouco abrasiva de Yas Marina e as baixas temperaturas do asfalto devido ao fato da corrida ser disputada ao entardecer tiraram um pouco – ainda que em menor intensidade do que na Índia – do “efeito Pirelli”. Vimos que as melhores provas do ano foram aquelas em que os pilotos tiveram de fazer três ou mais paradas por conta da alta degradação.

Por que Webber arriscou?

Claramente a Red Bull adotou a estratégia errada com Webber em Abu Dhabi – assim como ano passado. A justificativa para as três paradas era de que o segundo jogo de pneus macios tinha acabado antes da hora e eles temiam perder para Massa se colocassem o médio cedo demais. Entretanto, o ritmo ruim da Ferrari com o composto mais duro especialmente no caso do brasileiro e sua rodada fariam com que todo esforço se tornasse inútil, pois o australiano terminaria em quarto de qualquer maneira.

E por que lutar contra Massa e não tentar brigar pelo pódio com Button? Os 6s perdidos no pit stop fizeram grande diferença na corrida de Webber, que até então estava junto do piloto da McLaren, naquele momento com problemas no Kers. O momento da mudança da estratégia veio duas voltas depois que chegou a informação de que a falha havia sido solucionada, quando Webber detonava seus pneus lutando com Massa e estava a 6s do pódio. Eram 31s em 20 voltas que tinha de ganhar em cima do inglês para chegar em terceiro, então é de se imaginar que a Red Bull havia jogado a toalha e só se concentrou em Massa.

Alonso passaria Hamilton sem o pit stop atrapalhado?

Talvez, mas não ganharia a corrida. Em uma cena que se repetiu algumas vezes neste ano, Alonso dosou a degradação de seus pneus de maneira mais eficiente que os rivais e conseguiu andar rápido nas voltas finais de seu stint. Quando Hamilton parou, tinha 3s de desvantagem e, nas três voltas seguintes, conseguiu chegar marginalmente perto dos 21s necessários. Seus pneus até tinham mais rendimento, mas a opção foi parar na volta 43 para não pegar o tráfego da Hispania. Porém, Ricciardo também parou, atrasando entrada do espanhol nos boxes. Isso, somado a um pit stop atrapalhado o fez perder 2s para Hamilton.

Mas dizer que o desastre no box lhe custou a vitória é um erro. Há uma espécie de efeito colateral da F-1 pós-pacote de ultrapassagens: dificilmente uma corrida defensiva é premiada e o melhor carro tende a se sobressair. E, no caso da Ferrari, é muito difícil manter a posição ganha no box quando se demora para aquecer os pneus. Na comparação direta entre Hamilton e Alonso, isso ficou claro: 44s2 vs 45.3 na primeira volta após a saída dos boxes, 43.9 vs 44.5 na segunda, 43.9 vs 44.1 na terceira e só então o ritmo da Ferrari se estabiliza, ainda assim mais lento que a McLaren. Portanto, ainda que Alonso voltasse à frente, certamente Hamilton o passaria com facilidade.

Kobayashi brilha no meio do pelotão

Tática de Di Resta pode não ter sido a ideal, mas manteve os rivais diretos sob controle

Fazer o primeiro stint com o pneu médio mostrou-se a estratégia mais eficaz para quem estava tentando diminuir os danos de uma classificação ruim. E quem conseguiu se aproveitar melhor disso foi Paul Di Resta, que garantiu com um bom ritmo de seu Force India, voltas suficientes para completar a prova com apenas uma parada, algo que a equipe decidiu fazer para cobrir suas rivais na luta pelo sexto lugar no Mundial de Construtores – seu companheiro Adrian Sutil optou pela segurança das duas paradas.

Isso porque havia a chance que um Safety Car desse um pit stop “de graça” para um Sauber ou uma Toro Rosso, então a equipe quis se prevenir de todos os lados. Sem interrupção da prova e com um carro com bom rendimento, acabou garantindo-se nos pontos com ambos.

Quem também apostou em SC mas, estranhamente (já explicamos o porquê aqui), na largada foi Bruno Senna. Largou com os médios com a intenção de parar logo de cara e se livrar do composto mais lento. Com bandeira verde, acabou caindo para o fim do pelotão e, após novos problemas no Kers, acabou com sua corrida.

Barrichello foi outro que largou com pneus médios. Isso fez com que ficasse preso atrás de Kovalainen por mais de 20 voltas, até que ambos pararam e, usando o mesmo composto, o piloto da Williams abriu caminho. Usou o ritmo do pneu macio quando a maioria estava com médios para ser 12º.

Mas a grande estrela do meio do pelotão foi Kobayashi, que adotou estratégia parecida com Senna, mas, ao conseguir fazer 28 voltas em seu segundo stint, atrasou a segunda parada (a primeira fora para se livrar dos pneus médios, com 5 voltas completadas) o suficiente para não perder rendimento no final, como aconteceu com seu companheiro Perez. O mexicano teve de rever a estratégia ao trocar o bico após a largada, mas não conseguiu fazer o médio durar por mais de 25 voltas, tendo de parar cedo e se arrastar até o final – nas últimas voltas, era 1s mais lento que o japonês.

5 Comments

  1. Excelente análise, Julianne. Obrigado!

    Não tinha reparado na corrida do Kobayashi, e não tinha percebido na hora da corrida o porquê do Barrichello ter ficado tanto tempo preso atrás daquela Lotus (estava pensando se o carro da Williams estava ruim a ponto de não conseguir superar uma Lotus…)

    • Pois é, Pedro. A maior parte do tempo o Rubens não ficou exatamente grudado no Kovalainen, a diferença se mantinha em 2s e o ritmo dos carros era bem parecido. Assim que ambos pararam e colocaram o mesmo pneu, a Williams passou a ser 1s5 mais rápida.

  2. Bom dia prezada!

    Excelente análise. Gostaria de ler algo comparativo com os jovens pilotos e os tempos nos treinos de classificação (pilotos titulares) da corrida em Abu Dhabi.

    Abraço e parabéns pelo seu blog!

    • Seria muito legal poder fazer isso, mas certamente houve evolução na pista, além do que não dá para saber qual a configuração usada pelos novatos em suas voltas rápidas. Os pneus também são outros, eles estão usando os experimentais da Pirelli para o ano que vem. Então acho que tudo isso invalidaria qualquer comparação.

  3. Ju, sobre a disputa entre Hamilton/Alonso, a sensação que fiquei no chutômetro, foi que a Mclaren do inglês tinha reservas para se defender do ataque da Ferrari do espanhol. Em nenhum momento consegui enxergar a Ferrari na frente da Mclaren. A Ferrari é nitidamente a terceira equipe da F1, dependendo exclusivamente da pilotagem diferenciada do espanhol.


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