F1 Execução perfeita de Verstappen e Red Bull no GP da Holanda - Julianne Cerasoli Skip to content

Execução perfeita de Verstappen e Red Bull no GP da Holanda

Por três vezes pareceu que o GP da Holanda poderia escapar das mãos de Max Verstappen. Quando as Mercedes começaram a voar com os pneus duros no meio da prova. Quando o Safety Car Virtual o obrigou a colocar esse mesmo composto que a Red Bull não acreditava funcionar em seu carro. E por fim quando um Safety Car foi acionado na parte final da prova. Porém, ao mesmo tempo, sua vitória na verdade nunca esteve tão ameaçada assim.

Vamos por partes. Os compostos têm funcionado de maneira diferente dependendo da filosofia do carro. E, no geral a Red Bull não gosta muito dos C1 e C2 (duros e médios desse fim de semana). A Ferrari prefere os mais macios. A Mercedes é inconstante mas, na Holanda, percebeu que os duros eram uma boa para eles. A Alpine foi outra equipe que fez essa leitura em Zandvoort, ambas contando que as temperaturas não cairiam tanto quanto fora previsto.

De fato, o domingo foi um pouco nublado e a temperatura caiu um pouco. Mas não a ponto de dificultar fazer o pneu duro funcionar. E isso abria a possibilidade de fazer uma parada.

Para Mercedes e Alpine, isso seria uma arma importante porque ambas as equipes tiveram uma classificação ruim. E não é coincidência que os carros franceses conseguiram voltar a sua posição normal nos pontos. E a Mercedes só não colocou ambos os carros no pódio por uma série de acontecimentos que foram contra sua estratégia.

Verstappen usou jogo novo de macios para abrir

Largando da pole position, Verstappen manteve a ponta e tinha aberto 4s em relação a Chalres Leclerc quando ambos pararam nas voltas 17 e 18. O monegasco acredita que a diferença veio do fato de que Max tinha um jogo de pneus macios novo, e sente que a Ferrari tinha um ritmo bem parecido com a Red Bull na primeira parte da prova. Seu companheiro, Carlos Sainz, teve um leve toque com Lewis Hamilton na primeira volta e estava com o assoalho danificado, o que tirava a estabilidade da traseira e acelerava o desgaste de pneus.

O espanhol seria tirado da disputa por um pitstop desastroso da Ferrari. Vendo a movimentação da Red Bull, que poderia conseguir um undercut parando Perez antes, eles chamaram Sainz bem em cima da hora. Com isso, não avisaram todos os mecânicos para deixar os pneus preparados. Um erro de execução, que vai para a conta do racing manager Laurent Mekies.

Foi nessa fase da corrida que as Mercedes assumiram a ponta. Largando com os médios e planejando usar os duros, eles estavam com um bom ritmo e em uma tática de uma parada.

Mercedes colocam os duros, e começam a voar

Verstappen voltou 8s atrás de Hamilton quando fez sua primeira parada, e estava a pouco mais de 2s quando o inglês fez o que era a única troca planejada da tarde na Holanda, 10 voltas depois. Foi quando ele e Russell começaram a adotar um ritmo muito mais veloz do que a Red Bull acreditava ser possível e fez os rivais passarem a fazer contas.

Inúmeros cenários são estudados antes da corrida, e muitas vezes a Ferrari nos dá algumas dicas do que eles esperavam. O fato de Leclerc ter ido para o plano C e ele ter sido duas paradas com o pneu duro indica como esse composto não fazia parte dos planos deles e começou a parecer mais interessante ao longo da prova. É sempre mais difícil você adicionar outra variável que não estava nos planos durante o GP e era esse o desafio da Red Bull.

Com 25 voltas para o final, o cenário era o seguinte: com pneus médios mais usados, Verstappen vinha perdendo terreno para Hamilton, que estava 13s atrás, e essa diferença estava começando a cair mais rapidamente. A Red Bull esperava mais cinco ou seis voltas para parar Verstappen. Supondo que ele perderia mais alguns segundos e sabendo que o tempo de perda da parada era de 21s, o holandês voltaria a cerca de 10s de Hamilton e também com Russell entre eles. Mas com pneus macios (era por isso que a Red Bull estava esperando) contra duros usados dos dois.

Seria bem difícil segurar, em uma tarde na qual foi menos difícil de ultrapassar que o previsto e sabendo o quão decidido Max é nas manobras. Mas teríamos visto uma briga de Verstappen com as duas Mercedes, que tinham largado em quarto e sexto, pela vitória.

Abandono cheio de erros de Tsunoda provoca o VSC

Mas Verstappen não pararia para colocar os macios. Ele teria uma oportunidade de ouro para fazer seu pitstop na volta 47, quando Yuki Tsunoda provocou um VSC. O timing não foi dos melhores porque o holandês não queria colocar os compostos duros, o único jogo novo que ele tinha, mas é claro que parar com o VSC o fez economizar cerca de 10s. 

Como seria o suficiente para ele voltar à frente da Mercedes de qualquer maneira, o time alemão optou por pelo menos dar a ambos os pilotos um jogo novo de médios para as voltas finais. Eles agora estavam a 12s e 15s de Verstappen, com 18 voltas para o fim.

Neste ponto, seria muito difícil pensar em vitória, embora Hamilton tenha dito que tinha certeza de que iria chegar em Verstappen. Mas isso dependia da Red Bull sofrer muito com os duros, o que o time não estava vendo nos tempos de Perez.

As circunstâncias do VSC causado por Tsunoda suscitaram suspeitas pela série de erros. O japonês parou o carro reportando que um dos pneus não estava encaixado. Ele estava preparado para abandonar, então começou a tirar o cinto. Como a equipe não via nada na telemetria, o chamou aos boxes, trocou novamente seus pneus, apertou o cinto mas, quando ele voltou à pista, ficou claro que o problema era no diferencial. Então ele estacionou seu carro de novo e provocou o VSC.

O SC do final e as decisões da Mercedes

Acabamos não vendo o que aconteceria com Verstappen. Ele não estava tão rápido quanto as Mercedes, e vinha perdendo terreno, de três a sete décimos por volta. Mas a lógica diz que Hamilton não teria velocidade de reta suficiente nem a diferença de ritmo necessária para se passar em Zandvoort (algo em torno de 1s por volta) para passar Verstappen na pista. 

Mas a Alfa Romeo de Valtteri Bottas quebrou de novo e trouxe o Safety Car para a pista na volta 55. Mais do que isso, como o carro do finlandês quebrou na reta dos boxes, os pilotos teriam que passar pelo pitlane. Isso na prática significava que, ao invés de perder 12s em uma parada com SC, o pit custaria só o tempo da troca.

Não para Verstappen, já que a Red Bull já tinha decidido parar assim que o SC foi dado e antes da determinação para todos passarem pelo pit. Foi uma típica decisão da Red Bull, sem ter medo de desistir da posição de pista para estar com os pneus certos. E não os duros, com os quais Verstappen sofreria na relargada. Mas também é verdade que é mais fácil tomar uma decisão dessa quando se sabe que tem mais velocidade de reta que os rivais que vêm logo atrás.

Mas isso também colocou a Mercedes em xeque-mate. Se eles copiassem a Red Bull, permaneceriam atrás, com os mesmos pneus (que não eram seus favoritos), e com menos velocidade de reta. Se não parassem os dois pilotos, eles provavelmente seriam passados na pista.

Russell pediu os pneus macios

Mas Russell fez algo que nem Hamilton, nem Verstappen fizeram. Ambos disseram que só seguiram a determinação da equipe (no caso de Hamilton, ficar na pista, no de Verstappen, parar), enquanto George estava pedindo para ser colocado nos pneus macios, e seu pedido foi atendido. Isso tirou um carro entre Verstappen e Hamilton e deixou o inglês ainda mais exposto, dando a impressão de que a Mercedes estava cometendo um grande erro. Na verdade, é difícil imaginar um cenário em que a vitória fosse plausível neste ponto.

Não ajudou que Hamilton estava no modo de motor errado na relargada, e Verstappen passou com facilidade. O inglês ainda perderia posições para Russell e Leclerc, que havia saído da disputa pela vitória primeiro pela falta de ritmo da Ferrari com pneus médios em relação a  Verstappen. E principalmente depois que ele teve o azar (mais uma vez!) de fazer a segunda parada logo antes do VSC causado por Tsunoda.

Russell conseguiu o overcut em cima de Perez e Sainz após as primeiras paradas, andou próximo de Hamilton em termos de ritmo o tempo todo e ainda fez a escolha certa no final. Foi outra tarde consistente do piloto que só não chegou entre os cinco primeiros em uma corrida até aqui.

No final, deu Verstappen de novo. Sem a lavada da Bélgica, como esperado devido às características da pista, mas com outra execução perfeita, a marca dele neste campeonato.

1 Comment

  1. Hoje vou discordar Ju , Se Hamilton tivesse trocado na passagem pelo Pit e Russel tivesse sido sacrificado , Hamilton tinha plenas condições de se manter em primeiro


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