F1 F-1 dos Pirelli enfrenta sua rival simbólica - Julianne Cerasoli Skip to content

F-1 dos Pirelli enfrenta sua rival simbólica

Show de luzes em Abu Dhabi: será que agora tem corrida também?

A F-1 das ultrapassagens já passou por alguns grandes testes neste ano. De Barcelona a Valência, a categoria se mostrou, em menor ou maior escala, mais propensa ao espetáculo que nos últimos anos após a adoção do conjunto Kers + DRS + pneus menos duráveis da Pirelli. Mas talvez a grande barreira simbólica a ser quebrada ainda esteja por vir: o GP de Abu Dhabi.

O circuito de Yas Marina se tornou uma espécie de símbolo de uma era de procissões após o anticlímax do ano passado. Em uma temporada cheia de alternativas e viradas – incluindo, claro, a cartada final de Vettel, pulando de terceiro para ser campeão –, em que quatro pilotos de três equipes diferentes disputavam o título na etapa final, em que mesmo o número de ultrapassagens tinha aumentado significantemente, um ano, enfim, considerado por muitos o melhor em muito tempo, a imagem que ficou foi do então líder do Mundial sem armas contra uma pista sem graça e pneus longa-vida.

Um parêntese: é por motivos óbvios que a não-disputa do poderoso bicampeão contra o novato russo que fica na memória, porém o mais impressionante foi Kubica segurando Hamilton por 23 voltas. O inglês tinha pneus do mesmo composto, só que 24 voltas mais novos, um carro marginalmente mais rápido de reta (313.3 contra 312.9 no speed trap) e mais de 1s por volta mais veloz por volta e ainda assim só foi liberado quando o polonês fez sua – única – parada. Olhando para aquela prova, aliás, vemos vários fatores que não são a realidade de 2011: o Safety Car na primeira volta virou raridade, pois os pilotos sabem que podem ultrapassar no restante da corrida e tendem a arriscar menos; parar na primeira volta e ficar tranquilo com o mesmo jogo de pneus até o final do dia também é impossível agora e uma diferença de vida de pneu como a descrita acima é ultrapassagem na certa. É impressionante como a F-1 é sensível aos pneus.

Quando até Hamilton fica sem ter o que fazer, é mau sinal

O circuito em questão continua lá – as prometidas mudanças foram adiadas para 2012 – oferecendo a oportunidade do pacote pró-ultrapassagem mostrar do que é capaz. Foram quatro manobras “reais” na corrida de 2010 (descontando aquelas entre carros das equipes então novatas e os times já estabelecidos, sendo 13 no total), dados parecidos com as cinco (15 no total) de outro GP caracterizado pela monotonia, em Valência. O número em solo espanhol aumentou para 24 neste ano (42 no total).

Assim como será em Abu Dhabi, Valência se valeu de duas zonas de ultrapassagem, como também dos pneus médios e macios. Portanto, os números do GP da Europa servem como uma espécie de requisito mínimo para um traçado no qual foram gastos bilhões e onde Herman Tilke teve uma folha em branco para trabalhar.

Alguns podem torcer o nariz especialmente para a DRS – e realmente ela é de difícil ajuste e muitas vezes faz tudo parecer fácil demais – mas o GP da Índia, com seu traçado especialmente pensado para promover ultrapassagens, aprovadíssimo pelos pilotos, e mais as duas zonas de ativação da asa móvel, teve um dos menores índices de ultrapassagem do ano (veja matéria) e foi a prova cabal de que os pneus são o fator decisivo.

A falta de brigas coincidiu com pneus duráveis demais, uma vez que a Pirelli optou pela cautela em um circuito sobre o qual não tinha informações. Evitou um desastre de marketing e nos deu uma corrida no estilo Bridgestone. A empresa italiana tem dados suficientes de Yas Marina para não deixar isso se repetir em Abu Dhabi. Os efeitos pirotécnicos em forma de parque de diversões temático com montanha-russa que anda a zilhões de quilômetros por hora, hotel dentro da pista que muda de cor e saída de box subterrânea marcarão presença. Vamos esperar que a corrida dê o ar da graça dessa vez para variar.

5 Comments

  1. Julianne,

    Tenho percebido pelos seus textos, pelos textos do Ico e Livio, que grande parte da dinamica das corridas deste ano se deve muito mais aos pneus do que ao conjunto DRS+KERS, é isso mesmo? Se sim, vc acredita que se os pilotos não tivessem estes artificios as provas seriam tão dinamicas – ou pelo menos quase tão – quanto as deste ano?

    Lhe faço essa pergunta pois me parece que as equipes gastam mto nestes itens e tenho a sensação de que não fazem a diferença que se esperava deles.

    Um abraço!

    • É uma pergunta difícil de responder, Lincon, se as corridas seriam tão dinâmicas, mas tudo indica que os pneus são o fator dominante nas disputas. Duas das provas com menor número de ultrapassagens foram Silverstone e Índia. Na Grã-Bretanha, quase ninguém colocou pneu duro porque o fato de largarem com intermediários acabou com essa obrigatoriedade e na última prova o fato dos pneus novos serem apenas marginalmente mais rápidos que os usados – questão de décimos, enquanto nas outras provas era de 3 a 4s/volta – foi fundamental para que, mesmo com duas zonas de DRS, poucas manobras fossem executadas em relação às outras corridas.
      Note que não há ultrapassagem o tempo todo nessa F-1 de 2011, mas em determinados momentos da prova – e isso ocorre quando pilotos com estratégias ou número de voltas de pneus diferentes. Outra prova da influência da Pirelli.
      No entanto, não é em todo circuito que ela ocorre fora da zona de DRS, o que indica que talvez seja necessária uma combinação, principalmente naqueles traçados reconhecidamente mais travados. Para complicar ainda mais, temos de lembrar que o Kers serve como ferramenta de defesa para quem não pode ativar a DRS. Então, de uma forma ou de outra, o sucesso de um elemento depende de outro.

  2. sobre Abu Dhabi: “Zzzzzzzzzzzzzzz…”
    A FIA promete que este ano a corrida ser emocionante!

  3. Kkkkk, Ju sarcárstica, kkkk. Será que agora tem corrida, rsrsrsrs. Ju, falando sério, essa limitação de DRS, creio que deixa as decisões mt limitadas, algo que acontecia em qualquer ponto da pista. Gostaria de ver esses pneus serem usados com mais liberdade, não em quantidade, mas de composto, cabendo a equipe utilizar na corrida o composto mais adequado ao carro, ai sim, teríamos desníveis de rendimento, naturalmente, sem necessidade de artificialismos! Liberdade aos pneus FIA!

    • Wagner, não observamos um composto ser particularmente bom para determinado carro, mas sim para as condições da prova. Na verdade, parece que sempre o macio é melhor, mesmo quando usado em conjunto com o supermacio. Então acho que liberar uniformizaria as estratégias, pois é justamente para lidar com o “pneu ruim” que surgem as estratégias mais diferentes.


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