Hora dos Credenciados do Projeto No Paddock da F1 com a Ju tiraram as suas dúvidas. Essas foram as que sobraram quando eu fiz uma live com eles no grupo fechado do Facebook direto da fila interminável do check-in no aeroporto da Cidade do México.
Henrique Gianetti: Com tanta mudança para 2021, você acha que as equipes vão colocar menos esforço para desenvolver os carros de 2020 já que pouco deste ano vai ser aproveitado nos anos seguintes? Lembro 2013 que foi o último antes da mudança de motor, Vettel e Red Bull ganharam muito mais fácil que os anos anteriores, como se fosse continuação do ano anterior.
Essa é uma pergunta muito interessante porque está diretamente relacionada a algo que metade das equipes do grid questionaram muito durante esse processo decisório das novas regras. O projeto do carro do ano seguinte na Fórmula 1 geralmente começa assim que a temporada inicial se inicia. É lógico que, no começo, os recursos no desenvolvimento das ideias do carro seguinte são muito pequenos, e depois vão aumentando ao longo do ano.
Quando os times entram em uma temporada já sabendo que o carro mudará completamente, como será no caso de 2020, a porcentagem inicial de atenção para o modelo seguinte já começa o ano aumentada.
E por que isso gerou discussão entre as equipes? Quando se tem mais recursos, é mais fácil cobrir o desenvolvimento dos dois carros ao mesmo tempo. Ah, mas não vai ter o teto orçamentário? Sim, mas só a partir de 2021, ou seja, as equipes grandes vão gastar rios de dinheiro para ter carros com muito mais chance de serem melhores.
Para o consolo das médias, metade do grid gasta menos que o teto atualmente por falta mesmo de recursos, então na operação delas não faz muita diferença. O teto, diga-se de passagem, é considerado alto (ele é de 175 milhões de dólares na teoria, mas calcula-se em 250mi na prática, incluindo todos os custos que ficam de fora da conta pela regra). Para quem ter orçamento no nível da Racing Point em diante, eles queriam chegar a 100-120 milhões no máximo. Mas a ideia é que haja uma retração paulatina ao longo dos anos.
Respondendo à pergunta: foca em 2020 ou 2021? Para os grandes, tanto faz. Para os demais, tudo vai depender de como a temporada começar, lembrando que a posição no campeonato continua sendo determinante na distribuição do dinheiro
Marcos Barni: A McLaren está começando a vir para frente ou foi o circuito que era favorável?
A McLaren já é consistentemente a quarta força do grid há algum tempo, mas eles tiveram uma série de azares em várias corridas depois da volta da pausa de agosto mas, na grande maioria das vezes em que tiveram corridas sem percalços, demonstraram um ritmo forte, vide as quinta e sexta colocações de Sainz na Rússia e no Japão.
Um problema curioso que a McLaren vem tendo, contudo, não tem nada a ver com ela. Como consegue colocar os dois carros no Q3, mas não tem tanto ritmo assim para classificar com o pneu médio, os dois pilotos ficam em muita desvantagem em corridas como as últimas duas, nas quais largar com o pneu macio era muita desvantagem. Foi por isso que eles acabaram perdendo para pilotos que saíram de fora do top 10 (Perez no México e Ricciardo nos EUA).
Falando nisso, achei curiosa a declaração do Pierre Gasly para mim no último sábado. Perguntei justamente dessa desvantagem (porque ele também foi ao Q3 nestas duas corridas) e ele me disse “pelo menos acho que vão mudar isso para o ano que vem”. Bom, para isso ocorrer, é preciso de unanimidade. E os grandes têm sempre barrado o fim dessa regra de largar com o pneu do Q2 em todas as vezes que ela foi votada nos últimos anos.
3 Comments
Oi Julianne!
Para os grandes barrarem essa regra é pq ela traz algum benefício a eles. Qual seria esse benefício?
Grande abraço a todos do blog!
É benéfico quando o pneu macio é muito pior. Como eles podem fazer o Q2 com o médio, isso só aumenta a vantagem deles e deixa a corrida estrategicamente mais simples, porque logo se abre o espaço para eles pararem sem voltar no trânsito.
Opa!
Agradecido!
Grande abraço!