Foi a menor diferença do campeonato até aqui. A Red Bull sofreu para colocar seus pneus na janela de funcionamento ao mesmo tempo em que tinha que lidar com as ondulações e controlar a temperatura dos freios. E mesmo assim Max Verstappen venceu o GP do Canadá de ponta a ponta.
Ele começou a construir esse resultado com uma pole position que poderia muito bem ter escapado das suas mãos, com uma classificação complicada pela chuva e uma bandeira vermelha logo quando a pista piorou, evitando que alguém melhorasse. Ao seu lado no grid estava Fernando Alonso, mas o espanhol perdeu a posição para Lewis Hamilton nos primeiros metros.
Por que o GP do Canadá é uma boa opção de corrida para ir como fã
Isso acabou permitindo que Verstappen abrisse, já que a Mercedes não tinha o mesmo ritmo da revisada Aston, andando em uma pista que casa melhor com seu carro, com as curvas de baixa. A traseira ainda se mexe muito, e isso faz com que o rendimento caia nas várias zonas de tração do circuito. Alonso só passaria Hamilton na volta 21, e mesmo assim Verstappen não tinha aberto nem 3s.
Safety Car tirou 4s da vantagem de Verstappen
Parte da explicação para isso vem do Safety Car causado por George Russell na volta 12, que fez com que os ponteiros fizessem sua primeira parada, trocando o pneu médio pelo duro. O Safety Car também tirou 4s da vantagem de Verstappen na ponta. Então, quando Alonso passou Hamilton, ele imaginou que poderia pressionar o holandês.
Isso não aconteceu. Verstappen foi aumentando a diferença aos poucos, até vencer com 9s5. Mas mesmo assim sua folga foi muito menor do que nas provas anteriores, todas vencidas com mais de 20s de vantagem para o não Red Bull mais próximo. E olha que Alonso recebeu mensagens para economizar combustível no final da corrida, devido a uma leitura errada do sistema da Aston, indicando que ele poderia não chegar até o final. Nada que poderia ter mudado o resultado na corrida, no entanto.
Verstappen frio sobre igualar marca de Senna e o barulho da Ferrari
Mas de onde vem essa dificuldade de Verstappen? Em uma tarde relativamente fria e nublada em Montreal e com curvas que não colocam energia no pneu, Verstappen tinha que trabalhar duro para fazer com que Red Bull trabalhasse suficientemente bem o pneu. Ou seja, a suavidade que faz com que o carro lide muito bem com asfaltos mais quentes e condições em que os outros sofrem foi um ponto negativo para as condições de Montreal.
Vida difícil para Perez em Montreal
Que o diga seu companheiro, Sergio Perez, que viu seu lado da garagem tomar decisões erradas no Q2 e largou só em 12º, logo atrás das duas Ferrari. Charles Leclerc também não navegou bem na classificação na chuva, e Carlos Sainz levou uma punição por ter atrapalhado Pierre Gasly.
Perez largou com o pneu duro, e sofreu com a falta de temperatura nesta fase da corrida. Perdeu uma disputa com Sainz na primeira volta e ficou preso atrás do espanhol, que tinha pneu médio. Mas o mais interessante aconteceria depois do Safety Car, quando ele e as duas Ferrari não pararam. Mesmo que o pneu médio e Sainz e Leclerc, em teoria, devesse se desgastar mais rapidamente, as Ferrari começaram a abrir para Perez.
Ferrari tem melhor ritmo do ano
Logo ficou claro que a tática ferrarista seria de fazer apenas uma parada. Isso era mais visível com Perez (que acabou fazendo duas para colocar pneus macios e fazer a volta mais rápida) porque o mexicano largou de duros. Para Leclerc e Sainz, tudo dependia de como a corrida se desenhasse. O foco deles era ficar com pista livre para poder usar seu ritmo superior. E o Safety Car, com todos a sua frente parando, lhes deu essa oportunidade.
Com isso, eles pularam para o quarto e quinto lugares, logo à frente de Perez, e só tiveram que esperar abrir a vantagem necessária para parar e voltar na frente para trocar os médios pelos duros. Novamente, o ritmo foi forte, o melhor apresentado pela Ferrari em toda a temporada até aqui.
É bem verdade que a condição de pista pode ter ajudado, mas a Scuderia acredita ter encontrado uma maneira melhor de acertar o carro. E está vendo o resultado da atualização da Espanha, que deve ajudar mais em pistas com curvas de baixa velocidade.
Albon é o piloto do dia
Se entre os seis primeiros só houve uma briga entre Alonso e Hamilton e entre Sainz e Perez no começo da prova, atrás a disputa foi intensa. Houve momentos em que trenzinhos de DRS foram formados – em determinado momento, quase metade do pelotão estava atrás de um trenzinho puxado por Oscar Piastri. Mas também vimos várias ultrapassagens.
Albon tinha largado em nono e estava na briga com as McLaren e Ocon pelos pontos. Ultrapassa pra cá, ultrapassa pra lá, entre as voltas 35 e 37, os rivais do tailandês fizeram sua segunda parada. Ele ficou na pista, 9s na frente.
Ocon chegou, trazendo consigo as McLaren, Bottas e Stroll. Mas o francês, mesmo com um carro melhor e pneus mais novos, não conseguiu passar. A Williams se adaptou bem ao circuito do Canadá por ser um carro que gera pouco arrasto. Foi bem nas zonas de frenagem em Montreal, e essas são duas qualidades que fazem com que Albon seja um piloto difícil de ser ultrapassado. Ainda mais quando não comete nenhum erro mesmo sob muita pressão nas últimas voltas.
Com isso, Albon foi o sétimo, e tirou a Williams da lanterna do campeonato de equipes. Ocon foi o oitavo, e Stroll passou Bottas quase em cima da linha para conseguir o nono lugar. Ele tinha sido outra “vítima” da classificação chuvosa e também tinha sido punido no sábado.
4 Comments
Pelo que entendi, os menos de 10s que separaram Verstappen do Alo não devem ser ainda celebrados.
Já dá para apostar numa vitória de uma não RB depois da folga de verão.
Eu acho difícil isso acontecer em condições normais nesse ano. A vantagem que eles têm é bem considerável ainda.
E aquela asa meio solta do Ocon, alguma explicação?
Comento sobre isso na parte final desse vídeo
https://www.youtube.com/watch?v=gopC38C9J3s