F1 Ganhadores e perdedores do GP da Hungria – e Grosjean - Julianne Cerasoli Skip to content

Ganhadores e perdedores do GP da Hungria – e Grosjean

Dia foi de quem soube abrir caminho mais rápido

Em um domingo surpreendente, no qual o vencedor só conseguiu explicar o desempenho do seu carro com a palavra milagre, ficou provado que a melhor fórmula para os pneus ajudarem o espetáculo não é provocando um sem-número de paradas: as corridas precisam de degradação razoavelmente alta, sim, mas principalmente que o composto melhor para a classificação não seja o melhor para a corrida.

Isso conseguiu abrir as possibilidades até do geralmente chato GP da Hungria e premiou, além da melhor estratégia, quem conseguiu se dar melhor no tráfego. Assim, mantém-se o elemento da agressividade, enquanto também se valoriza quem corre com a cabeça. E lá estão Lewis Hamilton e Kimi Raikkonen nos dois primeiros lugares do grid.

Claro que F-1 é conjunto e ambos não chegariam lá sem as qualidades de seus respectivos carros, mas também é curioso que, não apenas pilotos com abordagens distintas, como também equipes com pontos fortes diferentes, tenham se dado bem.

Em terceiro, como vinha apontando na semana anterior, aquela “variável que nunca varia” neste campeonato, seja qual for a temperatura, tipo de pista, pneu: Sebastian Vettel poderia ter saído da Hungria no prejuízo, haja vista os riscos que tomou no roda a roda para compensar a falta de velocidade de reta de sua Red Bull, que lhe obrigou a ser “criativo” nas manobras, mas acabou mais uma de suas “corridas ruins que terminam em pódio”.

O mesmo não pode ser dito da Ferrari, que por um lado se surpreendeu pelo ritmo razoavelmente bom na classificação e por outro com o ritmo que sumiu na corrida. A equipe, na verdade, mostrou-se perdida durante todo o mês de julho, sem saber explicar a queda de Silverstone, a ressurreição no domingo em Nurburgring e a nova queda na Hungria.

Quem sabe bem o que é perder-se e parece no caminho para compreender seus problemas é a McLaren, que encostou na Force India nas últimas provas, tendência amplificada pela queda vertical dos rivais, coincidentemente ou não depois que os pneus com banda de aço, rodas invertidas e excessos em pressões e cambagens ficaram para trás.

Mas quem vem roubando a cena mesmo entre tantos astros no campeonato é Romain Grosjean. Candidato à vitória na Alemanha, o francês parecia ser o mais rápido da pista no início da prova. A demora da Lotus na primeira parada o colocou no tráfego e o velho problema de noção espacial voltou a atacar – primeiro, ao voltar à trajetória cedo demais no embate com Button, e segundo por não se dar conta de que ultrapassara Massa com as quatro rodas fora do circuito. Mas dizem que é mais fácil ensinar um piloto rápido a ser consistente do que o contrário, não é?

As punições por ambos os incidentes deram o que falar depois da corrida. O primeiro foi claro e o próprio Grosjean se desculpou após a prova. Na manobra com Massa, os dirigentes consideraram “dura” a punição. Não concordo.

A partir de meados do ano passado, foi formalizado na regra que um piloto deve permanecer com as quatro rodas entre as duas linhas brancas que delimitam a pista. Quando deixá-la, deve fazê-lo “por um motivo justificável” e voltar “quando for seguro e sem ganhar vantagem”.  Mesmo quem justifica que não havia opção para Grosjean não pode negar que ele levou vantagem, afinal não faria a ultrapassagem caso se mantivesse na pista.

Como um campeonato de Fórmula 1 é disputado em “campos de jogo” diferentes, com áreas de escape e tipos de pista distintos, não pode haver dois pesos e duas medidas, do tipo “na Hungria é mais difícil ultrapassar, então seremos mais condescendentes”. A regra tem que ser preto no branco, não pode se valer de interpretações. Ultrapassar saindo da pista não vale e é importante que os pilotos tenham isso claro.

13 Comments

  1. Essa espetacular vitória de Hamilton resgata a mais pura essência do que DEVE SER o automobilismo de Fórmula: foco na VELOCIDADE, além de IMPETUOSIDADE e ARROJO nas ultrapassagens (Lewis não perdeu tempo atrás de ninguém quando voltava dos pits). E que são também – coincidentemente – as três características mais marcantes no estilo de pilotagem de Hamilton, sempre eletrizante.

    A equipe que transmitiu a corrida pelo SportTV – sem exceção – foi muitíssimo melhor do que aquela que habitualmente narra e comenta pela emissora-mãe, na minha opinião. Deveria entrar em campo como TITULAR, daqui pra frente. O piloto Max Wilson esteve muito bem nos comentários.

  2. Essas regras exageradas também não podem tornar chatas e entediantes as corridas. Claro que não se pode tolerar cortadas INTEIRAS ou CONSECUTIVAS de chicanes preestabelecidas, mas algumas eventuais SECANTES em curvas normais deveriam sim ser perfeitamente admissíveis, para o bem do espetáculo. Vide Valentino Rossi x Casey Stoner, Marc Marquez x Valentino Rossi, Alex Zanardi e Brian Herta, todas em Laguna Seca. Por esses exageros de hoje Peter Gethin não teria vencido de maneira ÉPICA e SENSACIONAL em Monza em 1971: com certeza seria até desclassificado, pois iniciou sua manobra com duas rodas fora da pista.

  3. As duas ultrapassagens de Hamilton por fora em Webber foram bonitas. Se tivesse um segundo primeiro lugar, deveria coroar Raikkonen, que corridaça!!! Hehe, já a Ferrari vai ladeira abaixo, sem velocidade no sábado e rítimo no domingo…

  4. Oi Julianne,

    Eu acho que é preciso interpretar as situações. Tivemos algumas corridas em que pilotos colocaram deliberadamente as 2 rodas pra fora da pista para fazer uma ultrapassagem. Mas no caso de Grosjean não achei justo a punição. Ele simplesmente ficou sem espaço porque a pista acabou.

    É diferente de quando se corta uma chicane ou ultrapassa por fora numa curva explorando todo o traçado sendo que para isso foi preciso fazer a manobra fora do asfalto.

    Massa deu espaço para o Grosjean e não vi o francês fazer nada demais, apenas ele ficou sem traçado. Mas em momento algum ganhou vantagem saindo da pista, até porque, quando ele põe as rodas pra fora do asfalto, a ultrapassagem já estava concretizada.

    Um abraço.

  5. Tem que ser “preto no branco”! Nao poderia sem mais claro que isso! Concordo 100%!

  6. Ju, apesar do fator pneu e pista, tivemos um piloto fundamental no desenrolar da corrida, Button e sua Mclaren. Como vc vê o papel do inglês nas corridas de Hamilton, Raikkonen, Vettel e Webber, já que referente a Alonso, o espanhol só conseguiu chegar na briga quando Button bloqueava os ponteiros, ou seja, a Ferrari não tinha rítimo de corrida…

  7. Sobre Button, acho que os dois forçaram. Mas aceito a punição ao Grosjean. Sobre a passagem sobre Massa, acredito que você está errada. Se o brasileiro quisesse realmente dificultar, o rapaz não passaria ali. O Massa abriu caminho e o Grosjean ultrapassaria de qualquer jeito. Vide o que fez Raikonnen sobre Vettel no mesmo trecho. Dessa forma, não consigo conceber uma falha (sim ele falhou em colocar o carro fora da pista) ser punida tão intensamente, se ao final ele mesmo perdeu o traçado da curva seguinte e perdeu tempo. O Massa ficou a km de distancia dele em questão de segundos. Minha humilde opinião.

  8. Foi uma corridaça…Hamilton detonou mesmo…pole e vitória…parabéns a Mercedes pelo excelente trabalho…nao conheciam os novos pneus e foram crescendo no decorrer dos treinos. E o Kimi mostrou porque é o cara…deixou o Vettel comendo poeira literalmente….
    E a Ferrari…tem q virar a mesa logo, se nao já era…tá disputando posiçao com a McLaren…logo virá pelotao intermediário… :/
    Abrçs

  9. Puniram o Grosjean por ser o suspeito de sempre (dificil esquecer do maluco da primeira volta, carimbada por Webber), porém, acho que se não tivesse sido punido, ninguem reclamaria do caso. O que sim fisseram foi tirar mais emoção nessa corrida que costuma ser chata. Coloquem os 20 seg que perdeu o Gross na passagem pelos pits e vejam onde ele estaría no final. Cartão vermelho para os comisarios e um baita NÃO para os bunda mole que defendem essas ridiculas punições. Vão Pra Lá!!!

  10. Mas Julianne, o problema para concordar contigo é que não parece haver um embasamento sólido para aplicar punições na F-1, de uma maneira geral. Fica parecendo que muitas decisões são submetidas à subjetividade dos comissários, além da possibilidade de uso político de punições ou então da condescendência que pode haver com determinadas equipes ou pilotos consagrados. Para eu concordar com você na questão da punição ao Grosjean falta eu acreditar que o sistema é minimamente isento, o que não parece ser.

    A impressão que me passou é que puniram o Grosjean pelo conjunto da obra da carreira dele, pela fama que ele carrega desde o ano passado. Longe de mim defendê-lo, mas não acho certo. Talvez a colisão com o Button merecesse uma reprimenda, mas na ultrapassagem sobre o Massa não o vi cometer irregularidade alguma. Usou a área de escape para não bater, é para isso que ela serve. É para ver ultrapassagens e ação que nos sentamos em frente a tv por 19 ou 20 domingos por ano e eu penso que a F-1 não pode trair esse princípio.

    • Entendo seu ponto de vista e acho que temos opinião semelhante no final das contas.
      Também acredito que há pontos a melhorar – a punição financeira a Alonso por um erro de software ser metade da sofrida pela Red Bull por colocar a vida de pessoas em risco, por exemplo. Mas qual a solução para isso? Apoiar regras objetivas. Assim, os pilotos saberão exatamente o que podem ou não fazer.
      E foram justamente essas regras objetivas, discutidas a pedido dos pilotos após o GP do Bahrein do ano passado, que Grosjean desrespeitou: primeiro, ao não deixar um carro de distância para Button quando o inglês tinha a asa dianteira a seu lado e, segundo, ao ultrapassar Massa com o carro totalmente fora da pista. Ele pode perfeitamente sair da pista para evitar contato, mas não pode ultrapassar/segurar posição fazendo isso. É simples. Quanto mais objetivas forem as regras, menos espaço haverá para uso político de punições, como você apontou e realmente ocorreu historicamente.
      Sobre o argumento de 20 anos atrás, a diferença é que as áreas de escape eram pensadas de outra forma. Talvez ele não arriscasse carregar tanta velocidade na curva há 20 anos e escapar na brita. Esse problema é novo, por isso a maneira de pensar também deve ser outra.

      • Eu entendo e quase concordo com você, Ju. Mas eu vibrei tanto com a ultrapassagem e fiquei tão puto com a punição que acho que tô resistindo por pirraça. No conjunto da obra a F-1 decepciona um pouco por estar se tornando muito coxinha em sua amplitude geral, não sei se me entende.

        É uma questão de imagem, de posicionamento, que me irrita. Acho que o que o Grosjean fez sobre o Massa ontem foi bem parecido com o que o Marquez fez sobre o Rossi no Saca-Rolhas, domingo atrasado. Na MotoGP foi um lance antológico, na F-1 foi passível de punição, infelizmente.

  11. Grosjean paga pela fama. Fosse ele no toque com o Rosberg no início da prova, que arruinou a corrida do alemão, teria sido punido também. Como foi outro(Massa), ficou por isso mesmo. Eu não puniria ninguém em nenhum dos toques. Pra mim foi acidente de corrida.


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