“Eu queria muito ver mais disputas, mas não depende de mim. Só tenho que continuar o que estou fazendo.” Quando o próprio líder do campeonato, caminhando para o sétimo título mundial e a glória de se tornar o maior vencedor da história reconhece que a temporada está previsível demais, quem pode discordar? Lewis Hamilton mais uma vez sobrou, como um super-heroi negro que “invade” um mundo dominado por brancos, vai lá, e belisca um Oscar.
A única possibilidade de Valtteri Bottas ameaçar seu companheiro de Mercedes seria na largada, mas todo campeão também precisa de sorte: a traseira de Hamilton escapou na primeira curva, mas Bottas estava logo atrás e, ao invés de atacá-lo, teve de tirar o pé. E quando os dois rasgaram a reta Kemmel ele estava longe demais para tentar o bote. Ainda assim, foi o mais próximo que estaria de Lewis por toda a corrida.
E só por esse momento Hamilton disse que a vitória da Bélgica não foi tão fácil quando “uma das mais tranquilas da carreira”, na Espanha, há duas semanas.
Muito forte em classificação e a bordo de um conjunto carro-motor pensado para comandar as corridas da frente, Hamilton vem, há anos, facilitando sua vida com performances precisas aos sábados. Ao contrário de Bottas, raramente falha em largadas (quando o faz, é algo mínimo, como neste domingo). E por isso é tão difícil batê-lo.
Junte-se a isso as temperaturas mais baixas na Bélgica em relação às últimas corridas e as possibilidades de Max Verstappen e uma Red Bull que parece lidar melhor com o superaquecimento dos pneus desapareceram. Foi o holandês, inclusive, que reclamou de falta de aderência, e que só conseguiu se aproximar depois da troca de pneus até o momento em que as Mercedes foram instruídas a aumentar o ritmo.
Sabendo que o verão europeu já está na sua reta final e a categoria ficará no continente até novembro, Hamilton até deu a ideia de impor uma segunda troca de pneus obrigatória para movimentar mais as corridas, mas qualquer mudança no regulamento teria que ser aprovada por unanimidade.
Mas há um outro elemento: quando um piloto da Renault, equipe que não vence desde 2013, quando nem era administrada pelos franceses, e que já sabe o que é vencer e fazer poles como Daniel Ricciardo, sai da corrida com um sorriso de orelha a orelha dizendo que acabara de fazer a volta mais rápida de sua vida, isso quer dizer que não é preciso ter um carro fora de série para fazer curvas antes desafiadoras de Spa com o pé embaixo ou próximo disso. Claro que a velocidade traz consigo seus desafios, mas o fato é que a F1 nunca teve tantos carros gerando tanta aderência em um mesmo grid.
A não ser que você pilote uma Ferrari, claro. Sem potência e com um carro que gera muito arrasto, os pilotos ferraristas sofreram em Spa-Francorchamps neste domingo. O pneu não dava aderência porque eles não geram pressão aerodinâmica, mas em contrapartida bem… não havia contrapartidas, porque o carro também era lento nas retas. E eles se viram brigando com seus clientes, fora do top 10 não só na corrida, mas por todo o final de semana. E não há motivos para acreditar que a situação será muito diferente em Monza.
E o pior no caso ferrarista é que não há muito o que fazer, já que muito do déficit vem do motor, que não pode ser atualizado (caso por questão de confiabilidade) nem neste ano, e nem no ano que vem.
É claro que o vexame seria menor se o carro gerasse menos arrasto, como foi o caso da Renault, momentaneamente a terceira força do grid. Ricciardo e Ocon (com ultrapassagem na última volta) maximizaram o resultado da equipe, que também deve estar bem no próximo domingo. Mas o piloto do dia foi Pierre Gasly, 12º no grid e oitavo no final mesmo com o Safety Car causado pela assustadora batida de Antonio Giovinazzi (na qual mais uma vez vimos um pneu se soltando, outro indicativo da velocidade destes carros) saindo no pior momento possível para fazer sua estratégia de largar com os pneus duros funcionar.
Como de costume nos últimos anos, houve muito movimento na prova, inclusive ultrapassagens na última volta. Mas, salvo quando há problemas com os pneus, elas não aconteceram perto o suficiente do pódio.
3 Comments
Esse segundo Pit stop obrigatório passou da hora de entrar em vigor. Com ele viria mais chances de algo acontecer e os pilotos não precisariam “cuidar” tanto dos pneus.
Mais uma vitória, irrepreensível, do Lewis Hamilton que caminha a passos largos para o seu sétimo titulo mundial.
A Ferrari, muito mal, a bater no fundo.
cumprimentos
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Muito se fala do motor quebrado do Lewis que o fez perder o campeonato de 2016 para Rosberg, mas pouco se fala que em umas 3 provas o Lewis largou muito mal e fez com que o Rosberg maximizasse sua pontuação, pelo visto essa lição foi bem aprendida por Lewis.