F1 GP da Hungria por brasileiros, espanhóis e britânicos: “Com o Grosjean não tem monotonia, amigo!” - Julianne Cerasoli Skip to content

GP da Hungria por brasileiros, espanhóis e britânicos: “Com o Grosjean não tem monotonia, amigo!”

Nem mesmo os ingleses arriscavam uma torcida a Lewis Hamilton antes da largada para o GP da Hungria. Martin Brundle, da Sky Sports, vai de Grosjean. Na Globo, a preocupação é com a monotonia da prova. “Às vezes a ultrapassagem é tão difícil aí, que é pior que Mônaco, por isso uma boa largada será fundamental para o Felipe”, avalia Luciano Burti.

Já os espanhóis, na Antena 3, esperam que Alonso recupere algumas posições na largada, mas se frustram. “Cuidado que Vettel e Grosjean podem se tocar e Alonso está logo atrás!”, o narrador Antonio Lobato chega a se animar, mas o alemão endurece para cima do francês e permanece à frente. “Como Vettel arriscou! O fato é que, largando da parte suja, defendeu muito bem”, surpreende-se Pedro de la Rosa. “Um cara que foi corajoso, tendo vista quantos acidentes teve, foi Grosjean, que foi espremido e não tirou o pé”, observa Brundle.

O narrador brasileiro Luis Roberto confunde Massa com Alonso quando vê um pedaço da asa dianteira da Ferrari voando após o toque do brasileiro com Rosberg. “Depois de uma largada agressiva, Felipe se tocou com Rosberg. Vamos ver o que vai acontecer”, acredita Burti.

Os ingleses logo chamam a atenção para Webber e Button, os pilotos mais bem classificados com pneus médios. “Essa estratégia os coloca na jogada. Os outros vão parar logo e vão voltar no meio do pelotão em um circuito mais difícil de passar que o normal”, previa Brundle.

Por sua vez, os espanhóis seguem acreditando em Alonso. “Fernando conseguiu ganhar uma posição, mas Vettel está muito bem. A fase da largada passou, agora é esperar a degradação”, diz Lobato, enquanto De la Rosa marca a outra ameaça. “É importante que Massa fique na frente de Raikkonen, que é um grande perigo nessa corrida.”

Mas quem ganha destaque é Grosjean, que se aproxima de Vettel. “Dá para ver que o Vettel não está atacando o Hamilton, como era esperado, e o Grosjean está mais rápido”, vê Burti. “Mas quanto tempo ele consegue se manter tão perto do Vettel?”, questiona o narrador britânico David Croft. A dúvida de Lobato é outra: “Se você está na liderança do campeonato e é atacado por Grosjean, com seu histórico, o que faz?” Mas De la Rosa não tem dúvidas: “Ele já mostrou na largada que vai arriscar.”

Neste momento, há dúvidas se a preferência será por duas ou três paradas, com os brasileiros sendo os únicos que contemplam a possibilidade, ainda que remota, de alguém fazer apenas uma troca. “Pelo menos Grosjean vai tentar duas paradas”, aposta Brundle.

Mas quando Hamilton para na volta 10, fica clara a escolha da Mercedes. “Hamilton vai fazer três paradas. Quem não conseguir chegar à volta 13 e 14 vai fazer três”, resume De la Rosa.

Ingleses e espanhóis percebem que Hamilton volta à pista logo atrás de Button e consegue se livrar em uma volta do ex-companheiro. Voltas depois, enquanto Vettel voltava à pista preso por Button, os brasileiros discutiam a velocidade máxima nos pits e a possibilidade das equipes serem obrigadas a demorarem mais para trocar os pneus e demoram a perceber o lance capital da corrida. À medida que passam as voltas e o alemão não consegue superar o piloto da McLaren, vai ficando claro que “essa corrida está caindo nas mãos do Hamilton”, como salienta Brundle.

Croft lembra que falta velocidade de reta para Vettel superar Button, enquanto brasileiros e espanhóis comemoram a entrada de Grosjean na briga. “Grosjean abaixou a bandeira de trégua! ‘Sebastian, se você não for passar, passo eu porque também quero ganhar a corrida!’, exclama Lobato. “Grosjean está se metendo na briga e falando ‘vou entrar para o rol dos homens sérios, vou ser pai, então me respeitem!’”, Luis Roberto faz o mesmo. “Mas vejam como Hamilton foi bem em se livrar rapidamente de Button. São nesses momentos em que se ganha uma corrida”, relembra De la Rosa.

A empolgação só aumenta com a sequência de problemas de Vettel: perdendo tempo em relação a Hamilton, sofrendo com aumento exagerado de temperaturas e quebrando parte da asa dianteira após um toque com Button. “A asa dianteira está muito danificada, vai ter que trocar. Tem problemas de temperatura no Kers e nos freios”, se empolga o comentarista espanhol, que não se esquece de Raikkonen. “Kimi passou Massa e isso não é boa notícia. Mostrou seu ritmo real e é o mais rápido da pista. Se conseguir fazer uma parada a menos, entra no pódio.”

Ninguém tem tempo de comentar quando Vettel finalmente abre caminho, pois Grosjean o segue e acaba se chocando com Button. “Foi engraçado, já estava lado a lado. Acabaram batendo de bobeira. Olhando de fora, é fácil falar. Na hora, é muito apertado, ele [Grosjean ] só quis ter o mínimo de tangência. Mas não deixou espaço suficiente”, opina Burti. “Foi 100% culpa do Grosjean, faltou percepção de espaço. Contato desnecessário”, define Brundle. Foi o mesmo termo usado por De la Rosa quando os espanhóis, que não viram o incidente ao vivo, voltaram dos comerciais. “Com o regulamento na mão, é punição com certeza”.

O francês antecipa sua segunda parada, para a surpresa de Burti, e vai parar atrás de Felipe Massa. Ao passar o brasileiro, sai com as quatro rodas da pista e, voltas depois, é punido. A sequência de lances causou confusão na Globo. Como já havia sido divulgado que o lance com Button estava sob investigação, o segundo aviso, para Burti, seria por pular chicane na mesma manobra. Assim, o comentarista concorda com a punição. “Ele jogou a corrida fora, porque já tinha ultrapassado e não precisava ter forçado”. E Luis Roberto não colabora em esclarecer o processo. “Além disso, os comissários avaliam as avarias que o outro sofreu. Por isso demora um pouco.”

Na Antena 2, Lobato explica que são duas investigações independentes. “Grosjean foi punido, mas não foi por manobra com Button, que será investigada após a prova, mas sim por ter ultrapassado Massa por fora da pista. Parece-me um pouco duro, mas a fama dele é enorme”. Empolgados com as variáveis estratégicas da prova, os britânicos não dão destaque à punição. “Pareceu uma grande manobra na hora”, lamentou Croft. “Pela imagem não fica claro que ele saiu com as quatro, mas os comissários devem ter isso claro”, opina De la Rosa. “Não seria melhor eles avisarem que ultrapassou por fora da linha branca para lhe dar a oportunidade de devolver?”, questiona Lobato. “Sim, fica essa reflexão”, responde o comentarista.

Quando Hamilton volta de mais uma parada bloqueado por um carro, desta vez Webber, e rapidamente se livra do australiano, a exemplo do que fizera com Button, a vitória está mais do que clara. “Lewis está fazendo sua própria sorte hoje, fazendo acontecer”, define Brundle. “Hamilton não é aquele piloto calculista, que tem calma. Ele saiu do box fritando pneu, o que não é bom, e depois foi para cima do Webber. Deu certo, mas ele sempre vai para cima”, avalia Burti, enquanto De la Rosa lembra que talvez o ritmo do piloto da Mercedes não seja tão surpreendente. “Acho que até a Mercedes se surpreende com o ritmo, mas também temos de dizer que Hamilton neste circuito é imbatível. Quando trabalhava na McLaren, via coisas incríveis dele na telemetria.”

Com pouco menos de 20 voltas para o final, De la Rosa e Burti apostam que Raikkonen luta pelo segundo lugar, enquanto Brundle considera essa possibilidade como sendo “pedir muito”. O repórter da Sky, Ted Kravitz, também não coloca muita fé no finlandês. “Temo que ele vai ter de parar de novo.”

Mas a Lotus segue na pista – e na frente de Vettel que, mesmo com pneus bem mais novos, não consegue se aproximar o bastante para ultrapassar. “Achava que Vettel estaria em cima dele, mas Kimi está fazendo um grande trabalho”, destaca Brundle. “Ele lamentou largar em sexto porque isso atrapalhou muito. Largando um pouco mais à frente lutaria pela vitória”, Burti faz coro com De la Rosa: “Lembrem-se do tempo que perdeu atrás de Massa. Largando da posição de Grosjean, venceria fácil.”

Todos chegam a se animar com a possibilidade de Webber, fazendo a parte final da corrida com pneus macios, atacar Vettel. “Quando o engenheiro chama o companheiro pelo sobrenome, mostra que o clima na equipe é pesado. O engenheiro de Webber não fala Seb, Sebastian. Mas sim Vettel”, observa De la Rosa. Mas o australiano não chega e uma mensagem, passada a ambos os carros, deixa todos com a pulga atrás da orelha. “Fail 22 Fail”, fazem coro os engenheiros. “Há sistemas que você pode ligar e desligar no cockpit, mas é estranho que digam isso aos dois pilotos ao mesmo tempo”, diz o espanhol. “Passaram a mesma ordem para os dois ao mesmo tempo. É difícil que a mesma falha tenha acontecido com ambos, deve ser ordem. Por outro lado, a distância entre os dois é grande”, Burti também não entende.

A emoção no final fica mesmo por conta de Raikkonen bloqueando Vettel. “Kimi sabe que, se continuar estacionando seu carro, vai ficar à frente”, diz Brundle. Em uma das “estacionadas”, Vettel sai da pista e reclama via rádio. Ninguém concorda com o alemão. “Não vejo problema. Ele foi duro, mas se ninguém fosse, qualquer um passaria”, afirma o comentarista inglês. “Não, não, isso é uma corrida de carros”, De la Rosa também não concorda com a bronca de Seb. “Não vi nada de errado na defesa”, diz Burti. “Kimi é piloto muito correto mas, ao mesmo tempo, ele não é um cara que deixa espaço.”

Mesmo com o alemão não conseguindo superar ao finlandês, De la Rosa não se anima. “Quando tudo dá errado e você termina em terceiro, é uma boa notícia. Sabíamos que este circuito não seria bom para nós, parece Mônaco e precisamos de curvas mais variadas e, principalmente, mais rápidas.”

Inclusive, depois de uma entrevista bastante pessimista de Alonso ao vivo, o comentarista e piloto de testes da Scudeira defende o compatriota. “Estou de acordo com ele, ele não pode enganar os torcedores, tem de falar a realidade.”

Alheio aos problemas ferraristas, Hamilton comemora sua primeira vitória na Mercedes. “Que animal, que grande corrida! Grande vitória”, vibra Lobato. “O hino que muitos achavam que seria tocado para Vettel é para a Mercedes. Talvez Hamilton tenha aumentado a temperatura do campeonato”, diz Croft. “Pode ser uma situação atípica, porque funcionou tudo para a Mercedes. Mas, pelo que essa equipe evoluiu neste ano, acho que os outros têm de se preocupar”, defende Burti, enquanto Niki Lauda, entrevistado ao vivo na Sky, faz questão de salientar a pilotagem de Lewis. “Não éramos tão rápidos quanto as Red Bull, mas ele compensou isso.”

7 Comments

  1. É de fazer notar que grande parte do sucesso que tem Vettel, está na capacidade de classificar na primeira fila, tomar a ponta e imprimir uma velocidade de cruceiro para ganhar corridas. Quando não, enfrenta dificuldades porque não é verdade que a RBR tenha tido sempre a melhor caranga. Isso faz dele um piloto verdadeiramente excepcional. “Ganha os campeonatos no sabado”. Por não poder competir nesse quésito, deixa o Alonso e o Raikkonem para disputar a segundona. O Hamilton teria a mesma capacidade, mas é um piloto irregular enquanto que Seb é frio e falha pouco.

  2. Ju, levando em consideração o comentário abaixo, do Pedro de la Rosa, conta um pouco pra gente o que é possível ver de um piloto na telemetria. É comum o pessoal falar que este ou aquele piloto é melhor ou que aquele outro tem o melhor carro mas não é assim tão bom. Imagino que a telemetria revele dados preciosos sobre o carro e também sobre a pilotagem. O que tem lá que pode revelar se um piloto é ou não excepcional?

    “Acho que até a Mercedes se surpreende com o ritmo, mas também temos de dizer que Hamilton neste circuito é imbatível. Quando trabalhava na McLaren, via coisas incríveis dele na telemetria.”

    • Com certeza. A telemetria tem os traços de velocidade, frenagem e movimento de volante. Então é possível ter um raio-x completo de onde o piloto ganha tempo (trajetória que ele escolhe, quando freia, quando volta a acelerar).

  3. Ju, como você acompanha as transmissões da Sky? Vou morar fora do país, gosto da transmissão deles. Tem algum plano de internet?

    • Geralmente eu baixo as corridas depois. Nesse GP, especificamente, acompanhei ao vivo por streaming.

      • Eu tenho baixado também, mas não sei vão permitir torrent, hehe

  4. Oi Ju,

    Eu assisti o GP ao vivo no Sportv, e não sei porque a Globo não escala o Sergio Mauricio para narrar as corridas, pelo menos as que o Galvão não narra, poderiam deixar a tarefa com o narrador do Sportv que pra mim tem muito conhecimento e capacidade para narrar corridas.

    Aliás, sobre narradores, eu gosto muito do Sergio Mauricio e do Octávio Muniz, que infelizmente não está narrando nenhuma competição automobilistica este ano. São dois excelentes narradores de esporte a motor, na minha opinião os melhores da atualidade.

    E neste post ficou claro o que é narrar corridas do lado de cá. Não adianta, o(s) profissionais precisam estar ao vivo nos autódromos.

    A cobertura da Globo foi muito fraca, tanto que nem o Reginaldo estava lá. O Sportv foi bem com o Sergio Mauricio (como já disse) e com o sempre competente Lito Cavalcanti. De quebra levaram o Max Wilson para dar os pitacos e foi bem.

    Um abraço!


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