F1 GP da Hungria por brasileiros, espanhóis e britânicos: “Lewis tinha uma resposta para tudo” - Julianne Cerasoli Skip to content

GP da Hungria por brasileiros, espanhóis e britânicos: “Lewis tinha uma resposta para tudo”

Ninguém demonstra acreditar que o GP da Hungria será mais um daqueles agitados domingos. O foco das transmissões é na estratégia, curiosamente com informações divergentes vindas de fontes dentro da Ferrari. Na Globo, com base na expectativa de Felipe Massa, a aposta é por duas paradas, enquanto o piloto de testes da equipe italiana, Marc Gené, comentando para a TV espanhola, tem outra visão. “É muito importante seguir Webber para saber quando o médio vai se degradar. Ele dará informações a todos. Para fazer duas paradas, tem que parar na volta 30, o que é muito difícil. Para parar três, até cerca de 18.”

Na largada, todos ficam um tanto perdidos com as luzes amarelas e depois vermelhas. Os espanhóis primeiro acham que o problema é com Grosjean, e depois o comentarista Jacobo Vega vê que é Schumacher. “Esqueceu das regras, porque só se tivesse sido dada bandeira vermelha poderia desligar o motor”, observa Luciano Burti, mesma linha de Martin Brundle, na Sky Sports. “Será que ele disse que desligou o motor porque tinha entendido que a largada tinha sido cancelada? Pode ser que tenha pensado que era uma bandeira vermelha.” O narrador David Croft aproveita para ironizar o alemão. “Com 300 GPs, certamente experiência ele tem”.

Na largada que vale de fato, brasileiros e espanhóis se espantam com Webber, que pula de 11º para sétimo. “Quem é esse? É Webber?”, surpreende-se o narrador da Antena 3 Antonio Lobato. “E ele não costuma largar bem. Foi a largada da sua vida.” Na Globo, o destaque é para a “largada arrojada e limpa do Bruno”, enquanto os Brundle foca em seus pares. “Grande trabalho de Button, Hamilton largou muito bem e Grosjean deixou Vettel sem espaço, de maneira perfeitamente legal.”

Logo fica claro que não há espaço suficiente para a DRS surtir efeito e a corrida será, de fato, decidida nas estratégias. E ninguém sabe qual a melhor. Os espanhóis acreditam que Webber está muito bem na corrida, por estar com pneus médios e ter ganhado quatro posições na largada. Brundle concorda. “Mark deve estar pensando ‘Alonso está logo na minha frente e estou com os melhores pneus, então isso deve estar vindo na minha direção’”.

Outro destaque no início da prova era a Lotus. “Grosjean tem um ritmo muito bom, talvez estejam economizando o pneu”, observa Burti. “Lembrem-se que a Lotus é muito melhor com os pneus que a McLaren. Sabemos que Hamilton é um piloto agressivo e isso não ajuda”, Gené dá uma secada. “A McLaren sabe que as coisas não estão tão fáceis quanto eles esperavam. Mas acho que todos sabiam que o azarão seria Grosjean. Isso está se tornando uma luta direta entre os dois. Eles são muito mais rápidos que os demais. Mas estarão gastando demais seus pneus?”, questiona Brundle.

Ninguém sabe quem está mostrando o verdadeiro ritmo. Mas Lobato se surpreende negativamente com a prova de Button. “Impressionante é a diferença entre Hamilton e Button, de sete décimos por volta. É o mesmo carro, mas ele não consegue acompanhar.”

A  grande questão da tarde se torna o tráfego após as paradas. “É muito ruim para Fernando voltar atrás de Perez, que é dos pilotos que mais alarga suas paradas. Acho que ele pode perder até duas posições, porque está perdendo muito tempo com Perez”, Gené se inquieta. “Button saiu na frente de Perez, mas não funcionou para Alonso. Não sei o quanto o piloto da Sauber-Ferrari ajudará, mas ultimamente temos visto que eles correm por eles mesmos”, Brundle segue o raciocínio.

De fato, o espanhol perde tempo, mas já ficara claro que a Ferrari não tinha ritmo para lutar pelas primeiras posições. Com os pneus macios, ao contrário dos adversários diretos, Vettel e Grosjean impressionavam, mas a McLaren se mantinha tranquila, de acordo com o repórter Ted Kravitz. “Eles dizem que os rivais estão tentando ganhar a curto prazo mas perderão a longo prazo”.

Vettel fica travado por Button e pede via rádio para que equipe “faça algo”. Burti não entende de início, mas logo percebe que o alemão quer uma mudança na estratégia. “Ele não pode arriscar muito na estratégia porque corre risco de perder para Raikkonen, que está perto”, observa Gené. “E não pode parar a qualquer momento, pois há muito tráfego.” Para Brundle, a resposta do engenheiro, que diz não haver espaço suficiente para Vettel parar e voltar com pista livre, significa: “Você está focando só nessa McLaren, estamos focando no resto”.

A McLaren parece não entender o recado e para Button, que fica preso por Senna. “Acho que não calcularam isso muito bem”, diz Gené. “Button vai sonhar com Senna nesta noite”, completa Lobato.

Na volta 38, Brundle percebe que Raikkonen está ganhando terreno e critica a estratégia da Lotus, pois acredita que a equipe poderia antecipar a parada de Grosjean para superar Hamilton. Mas ninguém tem certeza de quantas voltas o último jogo de pneus pode aguentar. Gené acredita que, quem parar a partir da volta 40 pode pensar em fazer duas paradas, “mas é muito marginal”. As contas são feitas porque os espanhóis se preocupam com Webber, que tem pista livre ao passo que Alonso tem Hamilton a sua frente. “Mas Webber vai fazer uma parada a mais”, espera Vega. “Não sei, são muitas voltas, mas ele pode ir a duas.”

A McLaren também parece perdida com as contas e, a cada rádio, diz a um piloto que fará o plano A ou B. “Agora a McLaren diz para Hamilton que quer reverter para o plano A. Parece que eles não querem errar com os dois pilotos”, cutuca Croft. Na Globo, com o marasmo nas disputas, números dos pit stops, comentários sobre estatísticas de Alonso e caixas sendo desmontadas no meio da corrida entram em pauta. Até o nome da “dona do coração de Bruno Senna” vira foco de discussão.

Espanhóis e britânicos estão de olho na reação de Raikkonen. Brundle primeiramente acredita que a meta do finlandês é superar Grosjean, depois vê que ele pode chegar em Hamilton. “Raikkonen vai tentar algo que parece impossível”, emenda Lobato. Os brasileiros, por outro lado, não acreditam em Kimi. “Mesmo sendo difícil ele voltar na frente, está liderando pela segunda vez no ano”, Reginaldo Leme vê um prêmio de consolação no período em que o piloto da Lotus liderou após a parada de Hamilton.

Raikkonen começa a perder tempo: chegou a hora de parar e sair do pit disputando diretamente com Grosjean. “Olha como o Kimi saiu! Ele não quis nem olhar!”, exclama Lobato. “Ele não perdeu nada de seu jeito de correr. E Grosjean certamente sentiu isso agora. Kimi não fez nada de errado”, vê Brundle.

Burti é só elogios ao finlandês. “Em classificação, o Grosjean é constantemente mais rápido, mas talvez não seja coincidência. Talvez o Raikkonen desenvolva o acerto do carro pensando em corrida. Com pneu macio usado foi o mais rápido, então não está em segundo por acaso. Conquistou isso em ritmo de corrida. Está usando a experiência para superar Grosjean.”

A transmissão recupera a luta entre Di Resta e Maldonado, com o venezuelano tirando o escocês da pista. Todos os ex-pilotos comentaristas concordam que o piloto da Williams seja punido. “É um piloto encardido. O Kobayashi é agressivo, vai para cima se tiver espaço. O Maldonado já é um pouco mais que isso”, opina Burti. “Para os latinos, o apelido é Maldanado”, completa Reginaldo. “Ele forçou Di Resta para fora da pista. Você não pode fazer isso”, crê Brundle. Apenas Vega acredita que, “se punirem Maldonado por isso, é para rir. É incidente foi de corrida. Se Maldonado for punido por não deixar espaço, Kimi também na deixou”.

Não é o que os comissários veem. E punem o venezuelano, mais pela sequência, como aponta Burti. “Sempre o acho abusado. Em Silverstone, achei que pegaram leve com ele. Aqui, pelo que os comissários vinham fazendo, achei que não ia dar em nada. Acho justo, até considerando que ele já está sob observação depois da batida com Perez em Silverstone.”

Nas últimas voltas, começa a ficar claro que uma tarde que parecia ruim para o líder do campeonato Fernando Alonso não vai terminar tão dramática. “Se a corrida terminar assim, é como uma vitória para Fernando, pois vai acabar logo atrás de Vettel”, salienta Gené. “Quando ouvimos Montezemolo falando, depois do GP da Alemanha, que estava mais preocupado, não fazia sentido, mas ele estava certo. Agora a McLaren também está mais forte e é só Alonso que está fazendo a diferença”, complementa Brundle. “É assim que se ganha mundiais, em corridas como esta”, se empolga Gené, que é acompanhado por Lobato. “40 pontos para ir para as férias.”

Os espanhóis começam a escolher se é melhor Kimi ou Hamilton ganhar e chegam à conclusão de que tanto faz: o resultado é ótimo para Fernando. Brasileiros e britânicos acreditam que o finlandês tem menos a perder e vai para cima. “A gente sabe que o Hamilton não entrega fácil uma posição e o Raikkonen vai querer vencer”, prevê Burti que, por outro lado, não esquece que “a gente não sabe o quanto o Hamilton está poupando, como vimos o Alonso fazer na Alemanha.”

Sobra tempo para questionar a estratégia da Red Bull, que faz duas paradas com ambos os pilotos. “Não entendi muito bem a estratégia da Red Bull com Vettel e Webber. Acho pouco eficiente”, diz Burti, enquanto os espanhóis não gostam da atitude de Vettel na pista, arriscando depois da última parada, porque veem Grosjean muito longe e não entendem por que ele está forçando tanto. “É frustração”, diz Gené. “Os únicos sorrisos que vejo na Red Bull são esses dois adesivos no capacete de Vettel. Não é onde eles esperavam estar”, ironiza Kravitz.

Sobra tempo para os britânicos discutirem por que a luz de chuva está acesa no carro de Hamilton. “Acho que ligaram só para distrair Kimi, para ele achar que está numa balada”, opina Croft. Enquanto isso, brasileiros se preocupam com Webber pressionando Bruno Senna – “e de pneu novinho”, comenta Reginaldo. “Precisava lembrar disso?” brinca Luis Roberto.

Na frente, Raikkonen não tem armas para lutar com Hamilton, cujo trabalho “muito sólido desde o primeiro dia” é destacado por Lobato. “Temos de nos impressionar com Raikkonen” completa Brundle, “que conseguiu se manter longe de problemas no meio do pelotão e conseguiu se colocar na jogada, mas Lewis tinha uma resposta para tudo”.

7 Comments

  1. Muito bom. Obrigado.

  2. O ataque de Raikkonen no final da corrida sobre Hamilton, e a forma sólida como conquistou o segundo (largando de sexto), quase primeiro, demonstrou a diferença entre um racer nato, e uma possível promessa…

  3. Julianne primeiramente parabéns ao site sempre atualizado .
    Mas eu queria fazer uma reclamção .
    O post sobre a narração dos britanicos e espanhois
    no GP da Alemanha ,Porque não teve ?

    • Não tive tempo de fazer devido às viagens, Thiago, já que as etapas tiveram uma semana se diferença. É um texto que me toma pelo menos 6h!

  4. Julianne, fiquei esperando os bastidores do gp de Alemanha…vai rolar?…rsrs…abraço e sempre bom ler seus posts.

  5. Julianne obrigado por responder .
    eu imaginava que poderia ser o curto espaço de tempo.
    bom domingo


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