Em Monza, a McLaren dominou, seguida de perto pela Ferrari, enquanto Lotus, Red Bull e Williams decepcionaram. Mas ninguém espera que essas tendências continuem no GP de Cingapura. Afinal, em duas semanas, a F-1 vai dos níveis mínimos de pressão aerodinâmica que usa por todo o ano para um dos maiores, além da mudança dos pneus – de duro e médio para macio e supermacio. Para completar, o motor, fundamental em Monza, deixa de ter tanta importância, perdendo para a eficiência aerodinâmica nas ruas do país asiático.
Em resumo, além de, literalmente, trocar o dia pela noite, a sequência Monza-Marina Bay provoca uma das transformações mais radicais nos carros de um GP para o outro, talvez podendo comparar-se com a revolução entre Mônaco e Canadá.
A performance no circuito do Principado, inclusive, é um dos bons indicativos para determinar quem terá vantagem na prova deste final de semana, junto de Valência e Hungria. A principal diferença para estes circuitos são as ondulações, que punem os carros que funcionam melhor com suspensões mais duras. Nesse caso, a vantagem é da Lotus (caso os problemas com ondulações tenham sido resolvidos), com a McLaren também muito bem cotada, valendo-se do salto dado após o GP da Alemanha.
A Red Bull começou o fim de semana como uma incógnita: venceu em Mônaco e fatalmente repetiria o feito, até com tranquilidade, em Valência. No entanto, após ter diversos sistemas de seu carro questionados pela FIA, decepcionou em Hungaroring. Porém, os primeiros treinos livres indicaram que o time luta pela vitória. Já a Ferrari tem um momento de definição em Cingapura, pois ficou claro em Budapeste que o carro é, na melhor das hipóteses, o terceiro do grid nestas condições.
A vantagem para estas quatro equipes é contar com grandes pilotos ao volante. Desde a estreia da pista, em 2008, apenas campeões mundiais (Alonso, Hamilton e Vettel) venceram em Marina Bay, que vem se firmando como uma driver’s track.
Como trata-se de uma pista de rua, em que o limite de velocidade nos pits é menor, a perda com as paradas é bastante significativa, acima de 25s. Com isso, apesar da Pirelli levar seus pneus mais macios e, pelo fato de ser um circuito localizado ao nível do mar, os carros largarem bem pesados, desgastando os pneus, uma vez que o consumo de combustível é alto, espera-se que as equipes trabalhem no sentido de evitar ao máximo uma estratégia de três paradas.
Como o traçado tem 23 curvas, principalmente de baixa e média velocidades, aqueles conjuntos carro/piloto que economizarem os pneus terão grande vantagem, pois o risco de degradação por superaquecimento é grande. Com isso, largar próximo do top 10, guardando um jogo de pneus, pode representar um pulo do gato, pois as 3 ou 4 voltas a mais de vida útil do pneu na corrida podem ser fundamentais.
Para definir sua estratégia, as equipes também levam em conta a alta possibilidade de um Safety Car, que apareceu nas quatro edições da prova até aqui. Ainda que as regras atuais façam com que a classificação pouco mude em função de uma paralisação do tipo, ter parado logo antes de um SC pode acabar com uma corrida.
Além do desafio estratégico, para os pilotos, trata-se de uma das provas mais duras do ano. E isso nada tem a ver com o fato do GP ocorrer à noite. Com o clima quente e úmido, as frequentes mudanças de direção, o fato dos muros serem próximos, dificultando a ventilação, e da corrida ser longa, sempre batendo perto das duas horas de limite justamente pela baixa velocidade média, o GP de Cingapura é um dos que mais testam o preparo físico. Se os efeitos da desidratação e do cansaço começarem a aparecer, quem sofre é a concentração. E o muro estará bem perto.
4 Comments
Julianne,
Excelente e elucidativo post.
Ju, há alguma possibilidade de chuva?
Sim, especialmente para domingo.
Ju, imagina asfalto escorregadio, à noite e com chuva! Seria uma prova de surpresas! Acho que se chover, a Ferrari pode entrar na briga, afinal os carros vermelhos se dão muito bem em climas chuvosos, vamos aguardar…