“O único homem que não perdeu posição na largada neste ano é Sebastian Vettel”. Se o tricampeão quiser culpar alguém por sua má largada no GP do Japão, que seja o narrador da Sky Sports, David Croft, que disse essas palavras instantes antes da prova começar e do alemão tocar-se com Hamilton e perder posição para Grosjean, que assumiu a ponta, à frente também do pole Mark Webber. “Vejam como a Red Bull largou mal. De Webber já esperávamos, mas…”, se surpreendeu Pedro de la Rosa na Antena 3.
“Alguma coisa aconteceu com Hamilton”, alerta Luis Roberto, na Globo. “Parece pneu furado”, Luciano Burti é o primeiro a identificar. “Ele se emparedou com as Red Bull e todos perderam tempo”, vê o narrador espanhol Antonio Lobato. O inglês tem um pneu furado e acaba abandonando.
Com Grosjean na frente, Burti espera que, “por mais que a Red Bull seja mais rápida, ele entra na briga pela vitória por ter pulado na ponta.” Já Martin Brundle se anima porque “não estamos acostumados a ver Vettel atrás de outros pilotos. Talvez vejamos do que ele é feito nesta prova.”
Logo todos notam que Fernando Alonso está colado e parece ter mais ritmo que Felipe Massa. “Mesmo com o Alonso bem perto, nada da equipe se manifestar para ter troca de posição, então deve ser decidido na pista e tomara que seja assim”, espera Burti. “Esperamos que, para duas paradas, a primeira seja por volta da volta 14, então vamos ver se a Ferrari faz Alonso parar antes para passar o Massa”, especula o repórter inglês Ted Kravitz. “Se você fosse a Ferrari, pediria para Massa sair da frente? E ele, o que faria?”, Croft pergunta ao vento, enquanto Lobato foca nos construtores e quer ver a Ferrari pressionado a Mercedes que vai logo à frente. “O ruim é que Rosberg está freando as Ferrari, que parecem ter mais ritmo.”
Não demora para Rob Smedley mandar uma mensagem estranha – “multifunction strategy A, now please” – a Massa. “Isso quer dizer que é para passar o Fernando?”, questiona Lobato. “Eu não sei, não sei de nada”, foge De la Rosa, piloto de testes da Ferrari. “O problema é que Rosberg escapa, Felipe está freando Fernando e estamos lutando pelo vice de construtores. Hamilton não está pontuando e Raikkonen está atrás. É uma oportunidade importante”, reconhece logo em seguida.
Na Globo, Luis Roberto se apressa para lembrar que “Alonso é o único que ainda está disputando o título”. E, na Sky, Brundle lembra que Massa “deixou claro que não ia ajudar ninguém”, mas não vê ordem de equipe na mensagem. “Multifunction é um botão do volante que pode controlar muita coisa”, explica o comentarista.
Os espanhóis começam a ficar apreensivos porque Massa não atende ao pedido, Rosberg está escapando e Hulkenberg, se aproximando. “É uma situação incômoda porque se Hulkenberg parasse agora passaria as duas Ferrari”, De la Rosa crava o que, de fato, acontece nas voltas seguintes. “Que raiva ao ver o tempo da primeira volta de Fernando sem Felipe na frente virando o mesmo tempo dos líderes”, observa o espanhol. E Luis Roberto comemora que ”a parada do Felipe foi rápida, então não houve nada de estratégia de troca de posição no pit.”
Ao contrário de espanhóis e brasileiros, Ted Kravitz se surpreende porque “os pilotos estão parando muito cedo, parece que todos vão fazer três paradas. Depende do que vai acontecer com o pneu duro.” Isso faz com que Brundle critique a estratégia da Red Bull por deixar Vettel por muito tempo na pista. “Ele está muito lento. A não ser que eles sintam que vão conseguir fazer duas paradas. As coisas estão estranhas para Vettel hoje. Lembro de ver isso acontecer isso com Schumacher quando ele estava próximo de um título. A pressão é uma coisa curiosa.” De la Rosa também não entende a demora. “Disseram a Vettel que tudo está como planejado. Mas duvido que eles planejam ser terceiros, então não sei qual é o plano.”
Burti até tenta chamar a atenção para a jogada de Vettel, mas Luis Roberto só foca na Ferrari. “O importante é que o Felipe se manteve na frente.” Não por muito tempo, pois Alonso o ultrapassa na pista. “Alonso fez um trabalho péssimo na classificação, mas você de certa forma tinha certeza de que ele ficaria à frente de Massa na corrida, não?”, observa Brundle. “Nada disso teria acontecido se Felipe tivesse ouvido a ordem. Fernando estaria mais à frente, sem Hulkenberg, e Felipe também teria se livrado desse tráfego”, se irrita Lobato.
Na ponta, Webber aperta o ritmo. “Tenho a impressão é de que a Red Bull percebeu que é o momento do Webber pressionar o Grosjean”, diz Reginaldo Leme. A equipe tinha, na verdade, percebido que era a hora de mudar a estratégia do australiano, que para bem antes do previsto. “Está muito cedo! Esperava a segunda parada na volta 30, porque ele vai ter que fazer 27 voltas e os pneus duram 22 no máximo. Estrategicamente, Grosjean já perdeu a posição [se parar agora], então o que pode fazer é ficar na pista”, vê De la Rosa, ao mesmo tempo em que seu colega Burti elucida que “a equipe diz a Vettel que ele luta contra Grosjean porque, quando os dois pararem, vão voltar atrás de Webber. Ele parou cedo demais, então acho que ele vai parar três vezes”, explica Burti. Para Brundle, a mesma mensagem tem um sentido diferente. “Eles só podem pensar que Mark vai vencer”, opina.
Depois de apostar que todos iriam a três paradas, Kravitz volta atrás ao ver que Grosjean e Vettel não reagem à parada de Webber. “A Lotus vai ter de apostar e fazer duas paradas porque se param agora voltariam atrás de Mark.” Ainda focados nos três pit stops, os britânicos não entendem, novamente, porque Vettel segue na pista, pois ele não consegue abrir o suficiente para voltar à frente de Grosjean. “Ele vai ter que passar na pista”, crê Brundle. “Não lembro de Vettel cometendo tantos erros em uma mesma corrida há muito tempo”, diz o comentarista depois de uma fritada de pneus, mesma linha de De la Rosa: “Quantas bloqueadas de pneu vimos de Vettel o ano todo? Eu não lembro de nenhuma. E nessa corrida?”
Luis Roberto ainda acredita que “a Lotus pode fazer uma parada a menos que Vettel”, mas Burti está convencido de que Vettel e Grosjean farão duas paradas e Webber, três. “A questão é: o Webber vai parar de novo? Se não parar dificilmente alguém tira a vitória dele”, mas Reginaldo duvida porque “Webber teria que fazer 27 voltas com esse pneu. Ninguém conseguiu isso, mas os carros estavam mais pesados.” Enquanto isso, o narrador destaca a corrida de Grosjean. “Quase tiraram a carteira de motorista dele ano passado depois de muitos acidentes. Mas neste ano tem sido diferente.”
Na Espanha, o clima é de revolta para o que é interpretado como um ato deliberado para tirar a vitória de Webber. “Não entendo, não é a melhor tática”, diz De la Rosa. “A jogada da Red Bull foi tirar a Lotus da zona de conforto. Colocar a dúvida em sua cabeça se cobririam Webber ou não”. Lobato compara a jogada com o GP de Abu Dhabi de 2010, quando Webber, vice-líder do mundial, foi usado como isca para a Ferrari na prova decisiva. “Parece o que fizeram há três anos. E a isca que jogaram foi a mesma e o piloto que vai se beneficiar é o mesmo. Com a vantagem que Vettel tem no campeonato, acho uma pena eles terem feito isso.” Burti também não encontra explicação. “Seria muito difícil ele conseguir bater o Vettel com uma parada a mais que ele. A equipe tem os dados, mas me pareceu estranho.”
Na Sky, Croft identifica um momento importante para a vitória de Vettel – já descontando o fator Webber. “Quanto mais tempo ele conseguir ficar na frente com essa margem próxima a 20s, mais vai obrigar Grosjean a economizar e pode ter uma vantagem significativa no final.” Logo depois de sua segunda parada, o alemão volta atrás do francês, mas logo o ultrapassa – e Brundle identifica: “Essa é uma manobra pela vitória da corrida. Veremos o que Webber tem para responder a isso no final da prova.”
Reginaldo também espera uma briga entre os dois Red Bull. “Tomara que o Grosjean não atrapalhe essa corrida do Webber porque vamos ter um final eletrizante com Vettel e Webber.” Porém, quando o australiano faz sua última parada, fica travado atrás da Lotus. “Não paro de pensar que essa briga está decidindo o vencedor da prova. Sem essa Lotus, acho que estaria na traseira da outra Red Bull, mas…”, lamenta Brundle. Os britânicos esperavam que Webber tivesse dificuldades no final porque optara pelos pneus médios. “Ele não está funcionando bem para quem o coloca no meio da prova… vai ser difícil. Ele vai ter que fazer a corrida da vida para vencer”, alertara Kravitz.
Mas Lobato já tinha perdido as esperanças fazia tempo. “Se Webber chega, vão inventar alguma coisa para não deixá-lo ganhar. Vão falar que tem que economizar pneu ou qualquer outra coisa. Vettel tem 77 pontos de vantagem e fazem isso com o Webber, depois de tudo o que ele teve de passar. E os ingleses continuam insistindo na história da Alemanha 2010.”
De la Rosa ainda tenta uma consideração antes da bandeirada. “A única defesa deles é que fizeram isso para que pelo menos um passasse Grosjean, porque seria impossível fazer isso com os dois na mesma estratégia. A pergunta é: por que não foi Webber que fez duas paradas, já que ele ia primeiro?”
Na Globo, Reginaldo destaca a corrida de Grosjean e o poderio da Red Bull. “É a nona vitória, mas a quinta consecutiva, o que mostra o tamanho da vantagem do carro. Ótimo desempenho do Grosjean, que fez seu quarto pódio e mais uma vez à frente do Raikkonen”, ainda que seja apenas a terceira oportunidade em que isso ocorre no ano. “Foi uma corrida paciente da Red Bull”, destacou Brundle. “Você pode fazer isso, se tiver ritmo. Mas o piloto do dia para mim é Grosjean, que continua a provar que está melhorando. Ele parou de ficar movendo seu carro quando alguém tenta passá-lo.”
Lobato segue depreciando a vitória de Vettel. “É a quinta consecutiva, mas dessa vez tiveram de ajudá-lo um pouco. Quero ver os semblantes no pódio. Tive a impressão de que Mark passou na linha de chegada longe do muro.” Quando vê que as comemorações são normais, justifica que “isso [ser prejudicado] não é novidade para ele”.
A De la Rosa, resta a última esperança em relação ao campeonato. “Vettel poderia ter uma apendicite antes da Índia, não?”
14 Comments
GP do Brasil? Fiquei em coma e perdi os outros? :O
Apendicite será? hahahaha Não liga não, fim de temporada o cérebro já começa a pifar!
huashuasuhas… Eu imagino. O meu já tá meio cambaleando e olha que não viajo nada. Imagina o de vc e dos nossos blogueiros automobilísticos do TR…
Aconselho chazinho de camomila… Dá um relax, tranquiliza… Lendo algo totalmente fora da área de trabalho, claro.
Acho que esses espanhóis são ainda mais pachecos do que os brasileiros.
Ow, se são!! Acho que a Juliane até devia pegar no pé do Lobato com um pouco de implicância. O Total Race devia fazer uma charge do Lobato por corrida, uma simulação de conversa e de consolo entre o Lobato e Alonso todo fds. Seria impagável todo fds uma conversa de bar entre os dois na mesa mesa, mas com o cenário do país da corrida e o dos se abraçando, se consolando e afirmando o orgulho de ser espanhol, de ser catalão… Algo do tipo Maurício Ricardo toda semana. Outra sugestão é o Credencial ser em vídeo e não somente em audio, fica mais dinâmico, penso eu. Abs
Eu tenho certeza. Vejam os vídeos das últimas corridas da temporada de 2007 no Dailymotion (Fuji,Shangai e Brasil) com narração dos espanhóis. É de chorar de rir!
A estratégia de três paradas era para frear Webber, afinal a maioria do grid fez duas paradas, enfim, nem sempre toda unanimidade é burra…Hehe, o campeonato já está decidido, e o domínio Vettel/RBR é tão grande, que o alemão poderia deixar de disputar essas últimas 4 corridas, por um simples fato: em condições normais de pressão e temperatura, a Ferrari não tem carro para vencer.
Até tu, De la Rosa?
O pessoal da Antena 3 está furioso com jogo de equipe, é?
Também estão chateados pelo que um segundo piloto tem que passar?
Hummm…então tá…
A RBR também freou Vettel na Malásia. Se fosse o contrário, Lobato estaria ainda mais nervoso. Além de citar Abu Dhabi 2010 (o que acho uma super sub-racionalização), iria colocar Malásia 2013 no meio.
Até acredito que a Red Bull tenha privilegiado o Alemão, mas dar certeza quanto a isso, esquecendo do que já fizeram com ele, é mergulhar de cabeça na fantasia. Coisa de frustrado.
Mas, sinceramente, já desisti de ver Lobato utilizando o “um peso, uma medida”. Fanático demais.
Vettel está levando a “concorrência” à loucura…
A Ferrari é campeã mundial em fazer jogo de equipe, por isso Alonso e seus espanholetas, vão chorar na cama que é lugar quente , isso sim!!!!
É interessante ler sobre o pachequismo alheio, não é só o nosso, felizmente. O Luiz Roberto estava com sono nesta corrida, ele claramente segue a cartilha da direção, fale do Massa o resto é irrelevante e deixe para os outros comentaristas.
O certo mesmo, era termos apenas análises técnicas da corrida, sem tentar ADIVINHAR se a equipa A ou B está beneficiando ou prejudicando piloto X ou Z.
Dane-se, Webber, faça-me o favor, o cara já está aposentado, no tempo do Schumacher era assim, quem dá mais alegria a equipe, leva a preferência.
E o carisma deste Vettel é algo fenomenal, o cara trabalha para a equipe e agrega, como os grandes pilotos devem fazer, Schumacher fez isso, Ayrton Senna era mágico nisso também.
No final, os melhores colhem os frutos.
Ju, não dá para traduzir alguma transmissão dos alemães não??? Gostaria muito saber se eles também são tão pachecos assim.
Faz uma campanha para o Ico ajudar com o alemão!