A combinação entre uma regra mal pensada e uma tola resistência a mudá-la está criando um padrão que desafia a lógica na Fórmula 1: os “pilotos de passarela”. Motivados por um peso mínimo para os carros que não lhes dá muita margem, os mais altos estão colocando sua saúde em risco em troca de alguns décimos por volta. E uma solução ficou acertada apenas para 2015.
A raiz do problema é uma estimativa errônea do peso da nova unidade de potência, que compreende o motor V6, os geradores de energia híbrida e suas baterias. Prevendo que os carros ficariam mais pesados com a novidade, o limite mínimo do conjunto carro-piloto foi aumentado em 43kg em relação ao ano passado. O problema é que as contas estavam erradas.
Com toda a tecnologia empregada para que os carros sejam os mais leves possíveis, de onde tirar o peso excedente? Dos pilotos. Mesmo que eles tenham composições corporais distintas. Mesmo que um piloto magro demais corra riscos de desenvolver problemas de saúde e de não ter energia suficiente para lidar com o esforço de cerca de 1h30 de uma atividade intensa.
O peso ideal do piloto varia de acordo com a equipe e esse é um dos fatores que freia uma mudança durante o campeonato: há times que conseguiram fazer carros mais leves e, com isso, permitem que seus pilotos sejam mais pesados. A Mercedes, por exemplo, não se importa que Lewis Hamilton se mantenha por volta dos 74kg, segundo o piloto. Por outro lado, Jenson Button – pouco menos de 10cm mais alto que o inglês – tem de se manter abaixo dos 10kg que o conjunto carro-piloto da McLaren fique o mais próximo possível do peso mínimo.
No geral, é bem-vindo que o piloto não passe dos 70kg. Isso é relativamente fácil para os baixinhos, mas e para a turma que passa dos 1,80m? A turma conta com Ricciardo, Chilton, Grosjean, Hulkenberg, Gutierrez, Button, Vergne e Sutil, oito dos 22 pilotos do grid, e vem encontrando resistência justamente dos demais, que querem manter sua vantagem.
Vantagem essa que é diretamente medida em tempo de volta. Quando mais pesado for o conjunto carro-piloto, mais lento ele é. O caso mais grave é o de Adrian Sutil, correndo com o carro 20kg a mais que o peso mínimo, o que lhe daria uma desvantagem de seis décimos. Para se ter uma ideia, é uma diferença que garantiria cinco posições a mais no grid da última prova.
Tanto, que o alemão adotou uma solução drástica e “ganhou” 1,5kg ao retirar o reservatório de água de seu cockpit. Imagine correr sob temperaturas que chegam a 60ºC no cockpit sem água para beber e já lutando para emagrecer.
A desidratação, comum em lutadores que têm de chegar ao peso máximo antes de uma luta, se tornou uma solução popular entre os pilotos. Afinal, como já estão magros demais e perderiam massa muscular caso adotassem uma dieta ainda mais restritiva, usam formas de perder água para abaixar o ponteiro da balança. Porém, diferentemente de quem sobe ao ringue podendo recuperar até 12kg do que “bateu” na pesagem, os pilotos são pesados após os treinos e provas. Ou seja, têm de correr desidratados.
A perda de rendimento é óbvia e Vergne, inclusive, chegou a ser hospitalizado com quadro de desnutrição entre uma etapa e outra. Especialistas indicam que a performance começa a ficar prejudicada com a perda de 2% do peso corporal em líquido. Para um homem de 70kg, por exemplo, isso significaria 1,4kg, algo que já acontece normalmente em provas mais quentes. Imagine quem precisa perder mais do que isso.
Para o ano que vem, ficou acertado que o peso mínimo subirá em 10kg. Até lá, seguiremos com o grid, literalmente, seco.
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A raiz do problema é uma estimativa errônea do peso da nova unidade de potência, que compreende o motor V6, os geradores de energia híbrida e suas baterias. Prevendo que os carros ficariam mais pesados com a novidade, o limite mínimo do conjunto carro-piloto foi aumentado em 43kg em relação ao ano passado. O problema é que as contas estavam erradas.
O problema é que nem adianta as equipes investirem em desenvolvimento de baterias mais leves, porque se conseguirem também vão ter que usar lastro, pois a FIA colocou também peso mínimo para as baterias
A FIA também está de gracinha, né? Limita o consumo em 100kg por corrida e aí coloca um fluxômetro.
Põe um peso mínimo impraticável e aí limita o peso das baterias.
Querem desenvolvimento como?
Pior é que essa falta de hidratação, além de oferecer risco à segurança, o que por si só já seria motivo de revisão, promove a dificuldade de raciocínio e confusão mental. O que, de certo, atrapalha na concentração, aumentando a possibilidade de erros.
Pelo menos essa desculpa o Massa não pode dar, já que ele é o mais leve do grid 🙂
Massa era para ser o mais rápido do grid só no peso ganha 3 a 5 décimos, o companheiro dele é um dos mais pesados e ainda assim tá ali juntinho
É o tipo do regulamento burro. O piloto já sofre pra caramba e ainda tem que ficar seco. Não faz sentido.
Agora. Essa foto aí, hein JuCera? Coisa feia. Minha sugestão é pra, quando você postar foto de piloto assim, de corpo todo, que seja de macacão.
Pra valorizar o patrocinador….
Qui qui isso Power. não vai me dar uma de Flower… Macho que se respeita só repara em peito de mulher!!!, hehehehe Brincadeira Bitcho, mas tenha cuidado com o que declara.
Verdade, hein Bruz. Hoje em dia, dependendo do que diz ou escreve, pode ser taxado como machista, homofóbico, racista, etc.
É que, na verdade, minha sugestão seria pra, quando a JuCera fosse na cobertura do GP, ela postasse fotos dela, por ex, ela do lado de uma McLaren ou ela na sala de imprensa.
Nesse caso, nós saberíamos que não é o caso da jornalista querer aparecer mais que a notícia, como várias que conhecemos.
Grande ideia Power, e assino embaixo do pedido, até porque a Ju é bonitona.
Vai Ju, queremos fotos suas do lado do…. esquece os marmanjos. Fotos suas no trampo mesmo.
Além do óbvio perigo à saúde dos pilotos há o risco de transformar a categoria numa espécie de esporte para os franzinos, como ocorre com as ginásticas olímpicas e hipismo. E talentos podem ficar de fora por esta simples limitação.
É um absurdo atrás do outro. Mais uma regra feita com o nariz. E sempre que acontece, os fãs, profissionais e jornalistas da categoria denunciam o problema. E como sempre a FIA deixa sempre pra decidir depois(depois do que? de alguma desgraça acontecer?)
Ano passado outro caso que punha em risco os pilotos, o “fator pirelli” também foi percebido, denunciado e criticado logo no começo. Que aconteceu? Decidiram inicialmente não mexer naquilo, até que em Silverstone aconteceram vários incidentes que, felizmente naquele caso, ninguém se machucou com gravidade. Mas só depois de ver o tamanho da encrenca a FIA resolveu fazer alguma coisa.
E agora? Vai precisar de outro incidente pra mudar alguma coisa? De um piloto mau alimentado e desidratado desmaiar no cockpit a 300 km/h? Parece que sim né?! E mais uma vez temos que torcer pra nada de grave acontecer, cada ano por um motivo estúpido diferente. Até quando?
Oi Ju,
A sorte deles é que segundo os próprios pilotos dizem, como o novo regulamento os carros ficaram mais fáceis de pilotar, não necessitando tando do preparo físico.
Mas mesmo assim é perigoso. Correr sem água/hidratante eu acho um risco e ainda colocar a segurança em risco.
Oportuno post.
Um abraço!
Eu também acho. Dá a impressão que eles precisam agora de mais habilidade, para segurar um carro escapando de traseira ou perdendo a dianteira e um pouco menos de força para aguentar a força G das curvas de alta, já que esses carros tem menos downforce.
O que preocupa eh a desidratacao/desnutricao durante uma prova. Se voce olhar o corpo dos atletas de alto nivel em ciclismo e corrida de fundo, vera que eles tem baixissimo percentual de gordura e sao bem magros. Nao, um Montoya jamais se adaptaria a essa nova F1, mas os altoes Button e Ricciardo estao ai mostrando que corrida de monopostos nao eh apenas p/ joqueis. Dito isso, acho que a FIA ja deveria ter resolvido o problema no ano passado quando descobriu-se o problema.
O problema é que o próprio presidente da FIA, que deve se entupir de brioches no café-da-manhã e sai pelo paddock desfilando sua pança sebosa, desdenhou da situação. O risco de um piloto ter um mau súbito por estar desidratado ou mal alimentado é real. Chega a ser ridículo essa situação, expôr os pilotos a um risco que é facilmente evitável. É lógico, há pilotos como Paul Tracy e Montoya que brigam com a balança, mas não representam um risco por ter os reflexos retardados, o que não é o caso caso o piloto não tenha uma dieta equilibrada, como parece escancarada nessa Fórmula-1 2014.
Enquanto isso lá em Marrakesh as pautas em questão são: Redução de Custos a serem discutidas em 01/05, aumento do ruído dos motores e possível aceitação de mais uma equipe além da Haas, a Forza Rossa.
O piloto já sofre pra caramba e ainda tem que ficar seco. Não faz sentido.