F1 Já vimos esse filme - Julianne Cerasoli Skip to content

Já vimos esse filme

Parece até um repeteco de 2010, com uma alternância de rendimento entre as equipes e várias ocasiões em que a competição é tão apertada que mesmo os grandes não conseguem maximizar seus resultados, seja por falhas das equipes ou de seus pilotos. Parece até um repeteco de 2010, com um campeonato cheio de alternativas e várias corridas em que não muita coisa acontece.

Se em Mônaco já tinha se acendido o sinal amarelo em relação à não-disputa que a atual geração de carros proporciona, em Montreal isso ficou escancarado. A corrida tinha tudo para ser agitada, com seis carros andando em um ritmo bastante parecido nas simulações de corrida, uma pista com várias retas e, inclusive, três zonas de DRS, os pneus que se degradam mais na escala da Pirelli, e estratégias diferentes nos três primeiros.

Mas o que poderia movimentar a corrida acabou não acontecendo. Valtteri Bottas teve todo o sangue frio do mundo para dividir as duas primeiras curvas com Max Verstappen, se manteve à frente e basicamente matou, ali, a corrida, pois a Red Bull precisava ganhar posição de pista para fazer sua tática de largar com os hipermacios funcionar.  

A partir daí só Ricciardo conseguiu usar as dificuldades com a PU e o erro de Hamilton na saída do box para ganhar uma posição. Até mesmo o décimo lugar de Charles Leclerc dependeu do toque entre Sainz e Perez. O top 10 foi basicamente definido no sábado.

Não que todas as corridas deste ano tenham sido assim, e basta lembrar do grande final do GP da China, mas também é verdade que, em última análise, toda a emoção que tivemos na pista nesta temporada esteve ligada a um Safety Car. Em relação aos carros, não há o que se possa fazer – e o regulamento de 2019 já tenta mudar o problema da turbulência. A esperança é que as escolhas de compostos da Pirelli para a segunda metade da temporada ajude, uma vez que, a partir da Hungria, a tendência é que a maioria das corridas tenham um “salto” de compostos (por exemplo, ultramacio, macio, médio). Isso só não foi feito até agora porque as decisões até aqui já tinham sido tomadas antes da temporada começar.

Esse dado, inclusive, está aí só para nos lembrar que o campeonato só acabou de passar do primeiro terço, e a liderança do campeonato já trocou de mãos duas vezes. Depois da segunda corrida, Vettel abriu 17 pontos. Depois da quinta, era Hamilton quem tinha 17 pontos de vantagem. E agora o alemão está na frente novamente.

Por quantas vezes não terminamos uma corrida pensando que toda essa alternância tinha chegado ao fim? No Canadá, a Ferrari deu a impressão de ter dado um passo importante em seu motor em relação à eficiência de seu motor, pois, nas entrevistas após a prova, ficou claro que o ritmo de Vettel foi o que mais impressionou. Uma vez que a avaliação desde a sexta-feira era de que a Mercedes era o time que lidava melhor com os pneus – não os hipermacios, claro! – essa diferença foi creditada à menor necessidade de poupar combustível, uma vez que Bottas chegou ao fim no limite.

A eficiência do motor é um dos fatores que vão piorando ao longo de seu ciclo de vida, mas a Mercedes garantiu que uma de suas grandes armas é justamente o fato deles terem conseguido minimizar todas as perdas relacionadas à quilometragem. Tanto, que quando os pilotos eram questionados se a maior diferença seria a falta de atualização ou o excesso de quilômetros no motor, os pilotos sempre elegiam o segundo, mas garantiam que não seria mais do que cerca de dois décimos. Não é por acaso, portanto, que Wolff cobrou uma reação de seu time que, não pela primeira vez no ano, deixou de maximizar um resultado em uma pista na qual deveria dominar.

Falando em motores, a Renault parece ter dado um passo, com Verstappen ficando a pouco mais de dois décimos da pole, mas também é fato que a tração da Red Bull é um ponto muito forte do carro e o trato com os hipermacios, também, então é melhor esperar por outras pistas. Ou esperar por outro update, como prefere Verstappen. De fato, a desvantagem era grande e a realidade da Red Bull segue sendo apostar em uma estratégia diferente para recuperar posição de pista, pois sabe que vai classificar um pouco mais atrás, ou esperar algum ingrediente como o SC (ou uma pista como Hungaroring). E por isso não dá para colocar Ricciardo como candidato ao título.

Já do lado da Honda, os ganhos foram claros. É só olhar a classificação de Hartley, com motor novo, e de Gasly, com o velho. Ver uma grande atualização funcionar não foi algo comum nos primeiros anos dos japoneses na F-1, e não há motivos para que isso não se torne a regra.

Falando em motores, eles serão importantes novamente em duas semanas, na França. Mas depois dessa corrida em que o rei de Montreal Hamilton não passou de quinto e a Ferrari, quem diria, adotou o modo econômico, mas nesse campeonato tão 2010, é melhor deixar as previsões de lado e curtir a viagem.

16 Comments

  1. Julianne ainda há algum questionamento sobre o motor da Ferrari ou isso ficou para trás? Você acha que depois do fraco desempenho do Kimi a Ferrari pode começar a cogitar o Leclerc para 2019 ? Estou perdida sobre a próxima etapa. É um circuito de motor então?
    Abraços.

    • Sim. O circuito tem muitas retas longas.

  2. Em 2010 Vettel poderia assumir a liderança sozinho na Turquia mas teve o acidente, na Coreia mas o carro quebrou e acabou líder apenas no encerramento do campeonato.

  3. A um segundo fator que pesa contra Riccardo na briga pelo título, em condições normais o Verstappen é mais veloz e quase sempre, em provas sem problemas, ele tende a chegar na frente, praticamente todas as provas que Riccardo chegou na frente desde o ano passado, ou foi acidente, ou quebra ou estratégia, andar na frente o tempo toda, não lembro qual a última vez.

  4. Vettel tem uma vantagem, o Raikkonen praticamente não tira pontos dele e na situação do campeonato ele será obrigado a correr pelo Vettel, Bottas da uma mordida aqui, outra acolá e quando Hamilton vacila ele está pronto para aproveitar, e Verstappen deixando o momento ruim de lado vai colocar as coisas nos seus devidos lugares, Mercedes e Red Bull são menos propensas que a Ferrari a jogos de equipe e só faram, mais a Mercedes, se for preciso, a Ferrari sacrificara o Raikkonen sem pensar duas vezes.

  5. Apesar da alternância de resultados, as corridas estão muito chatas, parece um campeonato de futebol sem gols, alguém vence por numero de escanteios, faltas ou qualquer outra bobagem.
    Paul Ricard, mesmo tendo uma longa reta, não é muito facil de ultrapassar.

  6. Jú, bom dia.
    O campeonato é disputado mas as corridas chatas, em Monaco tudo bem, mas no Canadá surpreendeu pela monotonia.
    Na minha humilde opinião são alguns fatores, mas o principal é o conceito dos pneus, a pirelli fez uma rocha e derivou vários nomes pra iludir, como super, ultra, e hyper…
    Digo isso pois um pneu com denominação de supermacio não pode dar 50 voltas independente da abrasividade da pista, o espaço pra qualquer tipo de estratégia, fica sempre limitado e a degradação dos pneus é uma das únicas formas de compensar a resistência que o “ar sujo” que o carro da frente cria e dificulta as ultrapassagens.
    O pneu hyper macio não pode durar 15 voltas.
    Se estou falando muita besteira me corrija…kkk
    Um abraço Jú

    • É verdade, pneus SUPERMACIO dando 50 voltas mostra que não é tão macio como o nome sugere.

  7. Esse foi o primeiro GP que eu acompanhei a transmissão pela Band News FM, a partir de agora só acompanho por lá. Nem sabia que o Ico participava, porque ele tinha dito que não se envolveria mais com a F1. Foi uma grata surpresa ver todas as pessoas que eu admiro na F1 estarem na mesma transmissão. Excelente trabalho Julianne.

  8. Tomara que o campeão também se repita em relação a 2010.

  9. Olá a todos do Blog!
    Pena que só pude ver os melhores momentos da corrida, mas realmente foi muito sangue frio do Bottas dividir as duas curvas com o Verstappen, coragem do finlandês e competência para evitar o toque com o garoto.
    Agora fico na expectativa se o garoto realmente aprendeu ou vai voltar a repetir os erros.
    O mais legal dessa temporada é a frequência com que temos três carros diferentes no pódio, fazia tempo que isso não acontecia e quebra a monotomia de certa forma.
    Senti uma certa falta de gana de Kimi Raikkonen em ir para cima do Lewis Hanilton quando voltou dos boxes, isso porcede ou os pneus da Ferrari estavam frios demais?
    E Julianne, como a F1 não é um esporte apenas de corrida aos domingos, algumas perguntas:
    Como está o Hartley na Toro Rosso? Li nas páginas da web que os “tourinhos” até pediram o Lando Norris emprestado à McLaren.
    A McLaren não quis emprestar o Lando Norris e ainda está com essa ideia de ir à F-Indy, podemos esperar por uma dupla Norris-Vandoorne e Alonso na Indy em 2019? Como anda essa movimentação no Padock?
    E a Renault pode realmente simplesmente negar ceder o motor aos “tourões” em 2019? Dizem eles que não vão esperar até o GP da França pela decisão da RedBull.
    Grande abraço a todos do blog!

  10. Discordo. Em 2010, tivemos corrida em que a Ferrari nem pontuou, como na Grã-Bretanha, onde teve um desempenho sofrível. Sem contar que os demais times não estavam tão longe assim do top-3. Basta lembrarmos dos pódios não-ocasionais de Kubica (Renault) e Rosberg (Mercedes). Hoje há desnível brutal entre o top-3 e o resto.

    Quanto ao campeonato de 2010, acho-o bem interessante, assim como o é, em menor grau, o atual, em que pese a onda negativa que muitos tentam imprimir. Na verdade, f1 é isso mesmo… para cada uma corrida boa, há duas (no mínimo) em que pouca coisa acontece, como o Canadá, ao menos no pelotão da frente.


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