Como a diferença entre os carros que estão abaixo do top 3 tem sido muito pequena em classificação por todo o ano, e a melhor adaptação de determinados carros a certas pistas tem contado muito, demorou para conseguirmos ver um padrão entre quem se sairia melhor, e quem teria dificuldades. Mas, depois de 12 etapas, esse pelotão tem uma líder absoluta.
McLaren
Para este ano, a McLaren adotou um projeto até conservador. Enquanto, no começo da temporada, a Alfa Romeo apostava radicalmente em um conceito para a asa dianteira e a Mercedes, em outro – e ambos estão convergindo ao centro – era no centro que estava o time inglês, tática que funcionou bem na maioria das pistas (leia-se, não gerou tantas dificuldades com os pneus).
Além disso, o carro tem uma vantagem considerável em relação à Renault nas retas, o que implica em produzir pressão aerodinâmica para ser veloz nas curvas, mas de forma a não se tornar mais lento – não gerar tanto arrasto – nas retas. Foi uma lição dura que a McLaren teve de aprender depois dos anos em que culpava o motor Honda pelo fraco desempenho em retas, quando na verdade os números eram uma combinação de ambos.
Some-se a isso uma dupla de pilotos que convive muito bem ao mesmo tempo em que um força o outro por resultados – Norris vem sendo melhor em classificação, Sainz impressionante nas corridas – e uma ótima execução de pit stops e estratégias, e você tem o conjunto que deve continuar sendo a grande força da F1B.
Na verdade, mais que isso. A equipe se colocou numa situação muito boa, pois abriu 43 pontos (em outras palavras, tem mais da metade dos pontos) para sua rival direta, a Renault, e poderá executar o plano do novo chefe Andreas Seidl, de focar no projeto de 2020 o mais rápido possível. E, no ano que vem, podem aproveitar que encontraram o caminho para darem um passo adiante. A McLaren perdeu muitos engenheiros nos últimos 6, 7 anos, e por isso demorou a se reerguer. Aos poucos, vão ganhando poder de barganha no mercado novamente.
Williams
Você pode estranhar ver o nome da última colocada no mundial e claramente a pior equipe do grid por aqui, mas a Williams entra para esta lista depois de ter conseguido, desde o upgrade de Silverstone, diminuir consideravelmente a (gigante) diferença para o meio do pelotão, a ponto de permitir que George Russell tirasse o time da última fila no GP da Hungria.
Não que isso tenha sido conquistado sem seus percalços. Há problemas de encaixe nas peças novas, que muitas vezes são alguns milímetros maiores ou menores do que deveriam, e isso fez com que o assoalho quebrasse algumas vezes – sim, é nesse nível que está a draga da Williams – mas na última corrida eles estavam contentes com a compreensão do upgrade e acreditam que melhoraram o acerto do carro, que vinha sendo muito inconsistente ao longo da temporada.
Mesmo com as melhoras, as lições de casa da Williams são em todas as áreas, até mesmo na estratégia, depois da falta de ousadia sob condições difíceis na Alemanha, quando Russell pedia para colocar pneus de pista seca, a exemplo do que fizeram Kvyat e Stroll, e não foi ouvido.
Alfa Romeo
Fiquei em dúvida de onde colocar a Alfa, mas o fato é que eles têm conseguido trazer novidades para o carro – inclusive, novidades ousadas muitas vezes – que funcionam, embora tenham tido uma queda em maio/junho. O upgrade de Silverstone ajudou a colocar o time “nos trilhos” novamente, e o racecraft de Raikkonen tem ajudado o time a estar consistentemente nos pontos – em oito das 12 provas. O time poderia estar na frente da Renault, inclusive, não fosse pelos altos e baixos de Antonio Giovinazzi, um piloto que demonstra velocidade e melhorou em termos de classificação ao longo do ano, algo que ele sentia que estava “enferrujado” pelos anos fora das pistas, mas ainda assim os resultados não apareceram no domingo. Giovinazzi está nas mãos certas, com Fred Vasseur, para se desenvolver, e tem a sorte da Ferrari não ter um substituto imediato na academia. Mas precisa encontrar a consistência que está sobrando do outro lado da garagem.
Toro Rosso
Enquanto tantas equipes com orçamento melhor patinam, a Toro Rosso vem cumprindo bem o papel de aproveitar as oportunidades. Havia uma grande incerteza em relação ao time depois da perda do talentoso James Key para a McLaren – um diretor técnico que fez os grandes muitas vezes copiarem a Toro nos últimos anos – mas o desenvolvimento do carro parece estar caminhando sem grandes sustos.
Por outro lado, eles vira e mexe reclamam do acerto ter mudado muito o comportamento do carro entre uma sessão e outra, o que indica que não estão conseguindo prever tão bem a evolução de pista, talvez um reflexo da falta de continuidade na dupla de pilotos. Mas também é fato que, mesmo que Kvyat esteja voltando após mais de um ano de inatividade (e depois de ter um péssimo 2017 com a mesma Toro Rosso) e que Alex Albon nunca tivesse pilotado um F1 antes dos testes de pré-temporada, a dupla vem respondendo muito bem, e o time conseguiu colocar pelo menos um piloto nos pontos em nove das 12 provas disputadas até aqui, um feito no meio do pelotão. Junte-se a isso as ótimas decisões estratégicas que colocaram os dois pilotos em condições de aproveitar o caos da Alemanha (e o pódio que veio como recompensa), o quinto lugar dá tranquilidade para o time continuar apostando na consistência – e esperar pelo terceiro upgrade da Honda, que promete.
1 Comment
Como é inesperado, e bom, ler que a McLaren está entre os que acertaram ao longo do ano, quem sabe ano que vem já briga pelo top três.
Durante a época da Honda sempre afirmei que era impossível saber o quão bom era o carro por faltar kmlometragem, ano passado, quando finalmente conseguiram andar, ficou provado que o carro estava longe de ser isso tudo que a McLaren dizia.
a draga da Williams é gigantesca hein! Peças maiores ou menores é o cúmulo do amadorismo, nem parece coisa fa segunda equipe que mais venceu mundiais.
Grande abraço a todos do Blog!