Apenas seis carros no grid em pleno circuito de Indianápolis. Em 2005, muitos apostaram que esta cena enterraria de vez as chances da Fórmula 1 conquistar os Estados Unidos. Dez anos depois, o cenário não poderia ser mais diferente: o país é aquele em que a categoria mais cresce em termos de audiência, sedia um dos GPs de mais sucesso da temporada e voltará a ter uma equipe depois de 30 anos.
Já falei aqui sobre a atual casa da F-1 em um país que já sediou etapas em 10 lugares diferentes de 1959 para cá. Austin é daquelas cidades que se transformam quando a F-1 chega, mesmo sem um ídolo local para torcer, como acontece com Montreal. Trata-se de um casamento que parecia pouco provável quando a construção do Circuito das Américas foi anunciada, em 2010, mas certamente a desconfiança acabou.
Boa localização – com direito a transporte que pode ser comprado junto do ingresso – vários eventos paralelos e arquibancadas com boa visibilidade garantem um público de cerca de 240 mil pessoas por GP. Não é uma Inglaterra ou uma Austrália, que chegam a atrair mais de 300 mil, mas são números superiores a muitos GPs tradicionais, inclusive o brasileiro.
E é um público novo, não necessariamente fanático por outras modalidades do automobilismo, como a Nascar. Tanto, que o GP dos Estados Unidos vem sendo realizado junto de etapas importantes da categoria – chegou a coincidir com uma decisão da Sprint Cup a 300km de distância – mas não parece ser afetado por isso. Inclusive, a dona dos direitos de transmissão no país, a NBC, preferiu colocar a F-1 no canal da rede e jogar a Nascar para o canal a cabo na prova deste domingo.
A emissora vem comemorando os números. A temporada de 2014 foi a mais assistida em um canal a cabo norte-americano na história e a atual está caminhando a passos largos para representar um novo recorde, ultrapassando os 17 milhões de espectadores. Pode não parecer muito em um país de 325 milhões de pessoas, mas o aumento da audiência da F-1 é bastante considerável – e bem maior que a média em qualquer outro país do mundo. Em 11 provas transmitidas pelo canal a cabo, houve um crescimento de 11% em relação a 2014 e de 121% em comparação com 2013. Isso, mesmo sem um piloto da casa e com horários bastante ingratos para grande parte do território – na costa oeste, a maioria das provas começa às 4h.
O sucesso do evento em Austin é uma das explicações para este crescimento. Embora com uma equipe muito menor que as dezenas das Sky Sports de Inglaterra e Itália ou da Movistar espanhola – a NBC faz uma das transmissões mais interessantes do mundo, com espaço para uma pitada de humor e curiosidades, dosada com o conteúdo informativo.
http://www.youtube.com/watch?v=VcrHrwqVUlk
Para completar o pacote, agora os Estados Unidos voltarão a ter sua própria equipe depois de 30 anos e têm boas chances de contar com Rossi no grid. Lewis Hamilton também é um personagem importante, com sua óbvia relação com o país, sua cultura – e celebridades. Conversando com torcedores norte-americanos em Montreal, era clara a identificação com o inglês. Imaginem se ele conquista o tri logo diante deles.
6 Comments
Ju, você citou a localização e boa visibilidade da pista como um dos fatores do sucesso do GP de Austin. O que mais eles fazem de diferente dos outros GPs, como preço e eventos paralelos, que poderiam ser feitos nas outras etapas para atrair mais público? Ou os organizadores trataram de adaptar o evento para o gosto dos americanos?
Fiquei interessado em assistir a transmissão da NBC.
A América precisa hoje na F 1 de um piloto com a dimensão de seus grandíssimos ídolos do Passado. Precisa de um piloto com a ultravelocidade de Dan Gurney, com a classe de Phil Hill, com a versatilidade de Mario Andretti (elogiada por Colin Chapman), com a determinação de um Richie Ginther (deu à Honda sua primeira vitória como equipe na F 1), ou com a competência e a notoriedade de Peter Revson e Mark Donohue. Comparado a esses nomes, Alexander Rossi é muito pequenino. Pelo que vi de Josef Newgarden na F Indy ultimamente, considero-o com mais arrojo e determinação que Rossi, mas ainda assim o potencial Newgarden está muitíssimo longe daqueles gigantes que citei.
Caro Aucam, nao sei se lembra de mim pois ano passado tivemos bons debates sobre os principais pilotos do grid, mas hoje quero falar com voce sobre moto gp, sei que tambem assiste todas corridas assim como eu e sei tambem de sua queda por Marquez assim como a minha, vi as declaraçoes de Valentino e confesso que durante toda corrida tive essa impressao de que Marc sempre teve ritmo para passar Lorenzo e no entanto, o extraterrestre deixava Jorge abrir, depois tirava alguns decimos , depois mantinha certa distancia a seu bel prazer, sempre controlando a corrida de Rossi, toda imprensa entendeu as declaraçoes de Rossi como jogo psicologico, mas acredito sim que o Doutor esta mencionando um fato, pois se nao fosse esse episodio Valentino certamente abriria da Ducati e brigaria com Lorenzo
É claro que eu me lembro, Hermes Leandro! Eu e você fizemos muitas análises, principalmente sobre o Clark Kent, rsrsr, digo o SUPERMAN Daniel Ricciardo, AMBOS CONCORDANDO sobre o imenso talento do australiano (que não me decepciona este ano, apesar do talentosíssimo Kvyat vir melhor que ele, mas isso é normal, Ricciardo nada mais tem a provar, só a fazer, quando tiver um carro com um motor decente em mãos – o bebê russo é muitíssimo bom, também).
Quanto à MotoGP, talvez eu vá discordar de você em alguns aspectos desse comportamento ou dessas últimas declarações do Valentino, e ele, com isso, me surpreendeu muito. Sempre tive (e continuo tendo) Valentino Rossi como um exemplo MÁXIMO e PERFEITO do que um desportista deve ser, qualquer que seja a sua atividade: o Doutor sempre foi de uma HUMILDADE ÍMPAR NAS VITÓRIAS (própria dos grandes campeões), e de uma ELEGÂNCIA e DIGNIDADE também ímpares em suas derrotas, reconhecendo sempre o valor e as proezas de seus adversários. Rossi está muito pressionado, a diferença entre ele e Lorenzo se reduziu muito, e quer muito o 10º título (eu torço demais para que ele o consiga, pois nesta temporada é quem mais merece, a meu ver, inclusive com algumas atuações verdadeiramente épicas).
Ainda não vi essa interpretação da imprensa, de que isso pode ser um jogo psicológico de Valentino, para desestabilizar Lorenzo. Mas acredito até que sim, pode ser. Porque foge ao comportamento dele – Rossi. Na realidade, acho que Márquez não tentou proteger seu compatriota Lorenzo (pelo fator da nacionalidade comum), isto porque li uma declaração de Marc dizendo que o pneu dianteiro de sua moto estava esquentando além da conta e se deformando, o que sentia principalmente nas curvas, daí ter a necessidade de esfriá-los, de vez em quando. Acredito nas palavras de Márquez, porque, roubando a vitória de Lorenzo, ele deixou seu compatriota com menos pontos (ressalvo que não fiz as contas), do que se beneficiou Rossi. Por outro lado, Iannone esteve IMPOSSÍVEL, acossando sempre os ponteiros, inclusive se interpondo com Rossi. Iannone ANDOU muito! Então, caro Leandro, acredito que Valentino possa feito essa acusação REALMENTE PARA DESESTABILIZAR LORENZO. Interessante que Lorenzo tem um estilo muito suave de pilotagem (apesar de velocíssimo), mas, se bem eu me lembro, ele se queixou TAMBÉM de desgaste nos pneus – o que até era visível.
E continuo achando Marc Márquez um alienígena! O que ele já fez em termos de precocidade e exibição de talento natural – inclusive partindo muitas vezes lá de trás – não tem paralelo nos 65 anos da História do Campeonato de Motociclismo. Na minha insignificnte opinião, creio que ele precisa apenas melhorar seus fundamentos de largadas – nisso Lorenzo é craque, obviamente. Torço por ele – Márquez – e também por Rossi, acho que um é o espelho do outro, não apenas tecnicamente, mas também como esportistas, e Márquez será (ou já é ) um digníssimo sucessor do Doutor.
Mas olha, Hermes, esse Iannone com a máquina do Pedrosa ia dar um calor bem grande no Trio Rossi/Márquez/Lorenzo! Já não tenho dúvidas!
Um forte abraço, e muito bom trocar opiniões com você!
Caro Hermes Leandro, em complemento à minha resposta acima, veja o que relatou Márquez sobre o problema que teve com o pneu dianteiro de sua moto, que lhe obrigava a “refrescar” o seu ritmo, de vez em quando:
http://br.motorsport.com/motogp/news/nao-esperava-chegar-em-lorenzo-admite-marquez/?v=2&s=1