“A Ferrari vive drama”. É nesse tom que Galvão Bueno começa a transmissão. Os espanhóis também. “Não sei se eu conto ou deixo para você”, o apresentador Antonio Lobato se dirige ao comentarista Marc Gené. “Temíamos pela caixa de câmbio, mas foi muito pior. Fernando não vai disputar a classificação”, diz Lobato, com cara de enterro.
Gené, que é piloto de testes da Ferrari e participa das reuniões da equipe, conta que Alonso e Massa conversavam sobre o carro – o espanhol queria saber do brasileiro se eles lutariam pela pole, e Felipe dizia que sim – quando os mecânicos vieram avisar que o chassi estava amassado. “Ficamos um olhando para o outro com cara de ‘o quê’?”. Mas o mais interessante veio na sequência. Lobato pergunta se a Ferrari conta com Massa para a pole. “Acreditamos que ele pode ajudar Alonso e se colocar à frente de nossos rivais no campeonato.”
Enquanto isso, o tom na BBC é outro. Além de questionarem a regra de não ter um 3º carro e, com isso, privar um dos protagonistas a participar do treino, reclamam de quem está preocupado com o tráfego. “Eles têm que ir pra cima e parar de reclamar”, diz o comentarista Martin Brundle. “Olhando os tempos de meados de 1980 e começo dos 90, a diferença era de 6 a 11s, com 26 carros.” Na Globo, caso aconteça algum problema, é só colocar na conta de Tony Fernandes, dono da Lotus. “Foi ele que não quis dividir a classificação”, aponta Galvão.
Durante a transmissão, nem Galvão comemorando, nem Lobato lamentando. Quem mais fala de Alonso é Jonathan Legard, narrador da BBC. “Será interessante ver Alonso passando todos esses carros lentos amanhã. Ele vai ter trabalho”, se diverte, perguntando a Ted Kravitz como estava o ‘carão’ do espanhol no box. “Na verdade, ele está bem tranquilo”, comenta o repórter.
Parece brincadeira, mas enquanto Galvão dá uma de entendido sobre a geografia de Mônaco, David Coulthard se diverte imaginando os pensamentos de Damon Hill, que trabalhava como comissário. “Ele viu Michael lento para deixar 2 carros passar e deve ter pensado: ‘vou puni-lo em 10.000 euros por isso’”.
Na Globo, uma intervenção desastrada da repórter Mariana Becker que, ao ver a batida de Kobayashi na 1ª chicane da piscina, silencia até Galvão. “Eles aumentaram essa chicane (?) para não cortarem e a gente vê as consequências.” Quem não sabia que as zebras internas das chicanes estavam mais altas nesse ano não entendeu. E quem sabia que os locais alterados eram a chicane nova e a 2ª chicane da piscina, entendeu menos ainda. Ao invés de corrigir a repórter, Burti, Reginaldo e Galvão resolvem questionar por que se demora tanto para tentar um tempo no Q3. Quem assistia na BBC sabia desde o começo da transmissão que a maioria faria uma tentativa apenas, de várias voltas, para evitar o tráfego.
Ninguém entendeu direito por que, do nada, como bem definiu Jonathan Legard, Webber cravou a pole. “É muito importante para ele, sempre considerado inconstante. É o início da caça ao título para ele”, define o narrador inglês. “Sem querer justificar, mas Vettel está correndo pela 3º vez aqui, Webber tá no 9º ano”, Reginaldo tenta encontrar uma explicação. “Massa dá a impressão de que esperava mais”, completa Galvão. Alonso também esperava mais dele, pelo menos é o que a cara do espanhol diz para Lobato. “Ele sabe que Vettel é rival forte e Massa não conseguiu nem ficar na frente dele”, reclama o comentarista Jacobo Vega. “Se Fernando chegar em 5º, 6º, vai ser histórico”, define Gené, enquanto Lobato não perde a chance de secar Webber – e todos os outros, se possível. “São mais de mil curvas amanhã.”
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além do deslize da mariana, o que mais me chamou a atenção, foi inexistência do carro reserva. mais uma regra criada pela estupidez dos dirigentes.