F1 Nelsinho e Massa: qual a maior vítima? - Julianne Cerasoli Skip to content

Nelsinho e Massa: qual a maior vítima?

Vira e mexe alguém pergunta por aqui se Felipe Massa tem tido um desempenho pior frente a Fernando Alonso do que Nelsinho Piquet teve na Renault. Agora, com ambos os pilotos tendo passado uma temporada e meia ao lado do espanhol, chega a hora de investigar o que os números dizem.

Piquet (28 GPs) Massa (30 GPs)
2008 2009 2010 2011
% pontuação 23,75% 0% 36,3% 32,5%
Melhor colocação 2º (1x) vs 1º (2x) 10º (1x) vs 5º (2x) 2º (2x) vs 1º (5x) 5º (4x) vs 1º (1x)
Pódios 1 a 3 0 a 0 5 a 10 0 a 6
Pos. média largada 13,4 vs 6,8 14,1 vs 7,6 7,7 vs 5,7 6 vs 4.1
Pos. média chegada 8,2 vs 5,5 13 vs 8,4 7,1 vs 4 6.2 vs 3.5
Placar classificação 0 a 18** 1***** a 9 4 a 15 1 a 10
Dif. média 0.545*** 0.565 0.297 0.347
Menor dif. em class. 0s047, Brasil 0s095, Espanha 0s052, Valência 0s18, Canadá
Maior dif. em class. 1s423, Austrália**** 1s081, Bahrein 1s112, Brasil 0s924, Espanha
Placar corrida* 2 a 6 1 a 9 3 a 13 2 a 6
Abandonos 9 (7 acidentes/ câmbio, freio) vs 3 (2 acidentes/ motor) 2 (acidentes) vs 1 (quebra) 1 (acidente) vs 2 (acidente/motor) 2 (acidente/ quebra) vs 1 (acidente)

*levando em consideração apenas as que ambos completaram
**Nos dois anos em que correram juntos, Nelsinho ficou 9 vezes no Q1 e chegou ao Q3 em 6 oportunidades. Alonso chegou 24 vezes ao Q3 e não ficou nenhuma no Q1.
***Se eliminarmos as diferenças de quando ambos estiveram no Q3, uma vez que, pelo regulamento da época, a tática de combustível influía nos tempos, a vantagem de Alonso sobe sensivelmente, 0.560. Em 2009, Nelsinho não chegou ao Q3 em nenhuma oportunidade junto do companheiro.
**** A maior diferença entre os dois se deu na primeira etapa do ano e a menor, na última.
*****A única vez em que superou Alonso em classificação foi em um sábado movimentado pela chuva. O brasileiro foi contra a ordem da equipe de ficar na pista com os pneus intermediários quando parou de chover e acertou. Como a diferença em relação a Alonso acabou ficando anormal (7s581), não foi contabilizada na média.

Nelsinho Piquet estreou na F-1 em uma das piores situações possíveis: não apenas ao lado de um bicampeão do mundo, mas sim de um bicampeão do mundo que voltava à casa depois de um ano turbulento da McLaren, no qual um outro novato havia lhe dado trabalho. Alonso não cometeria o mesmo erro duas vezes, e nem Flavio Briatore é do estilo Ron Dennis. Seria uma longa caminhada.

Ainda assim, o primeiro ano de Nelsinho ficou abaixo das expectativas. Claramente teve dificuldades com a classificação – terminou seu primeiro ano zerado em relação a seu companheiro e levando mais de meio segundo em média – e se envolveu em muitos acidentes – completou só metade das provas que disputou, sendo que teve apenas duas quebras.

No entanto, quando tinha um final de semana limpo, conseguia equiparar-se um pouco mais em relação a Alonso. Aproveitou-se de um Safety Car para conquistar o primeiro pódio do ano para a equipe, mas também chegou à frente do companheiro por mérito próprio na França.

Vale lembrar que a classificação em que chegou mais próximo do espanhol foi justamente a última do ano, no Brasil (0s047), dando a impressão de que o cenário mudaria no ano seguinte.  Em 2009, cometeu menos erros, mas agora era o carro não ajudava. Sem dinheiro, a equipe desenvolvia um carro por vez – e Nelsinho, é claro, sobrava. O próprio declínio dos números de Alonso da classificação para a corrida mostra que as posições do espanhol eram resultado de tentativas frustradas de jogar com o combustível no Q3 no ano em que marcou menos da metade dos pontos de sua primeira temporada na equipe, 2003.

Nem o fato de ter um equipamento defasado em algumas provas, nem a dificuldade do próprio Alonso em arrancar pontos do R29, porém, o ajudaram a manter a vaga: foi substituído após 10 corridas. E o resto é história.

Já Massa, em ambos os anos em que dividiu a Ferrari com o espanhol, não conseguiu manter a consistência de um bom início. Das cinco vezes em que chegou à frente de Alonso nas corridas, quatro foram nas 3 primeiras provas da temporada. O brasileiro também não consegue melhorar tanto quanto o companheiro suas posições de chegada em relação à largada.

A culpa para a diferença de rendimento entre pilotos de experiência parecida estaria nos pneus. Alonso sofreria menos que Massa para aquecê-los. Em 2010, foi algo mais difícil de comprovar (veja análise do duelo entre os pilotos da Ferrari), mas em 2011, é mais palpável: Massa foi superado em 0s427 em média nas classificações com pneu macio e 0s132 com super macio (foram 3 oportunidades, sendo que em duas delas foram observadas as menores diferenças entre os dois e a terceira marcou a única vez que Massa superou Alonso aos sábados no ano).

É parte da explicação porque, em 28 GPs disputados, Nelsinho ficou por 11 vezes mais de meio segundo atrás de Alonso na classificação, enquanto Massa, em 30 oportunidades, viu o companheiro ser mais de 0s5 mais rápido por nove vezes – como suas médias são melhores, é mais um sinal de falta de consistência. Muito para um piloto que tem apenas meio ano de experiência a menos que o bicampeão na F-1.

9 Comments

  1. Nelsinho foi a maior vítima, pois foi pressionado até concordar em fazer aquela eca em Cingapura, que marca a carreira de qualquer um.

  2. Vítima de quem???

    Alonso é melhor piloto PONTO

    A intenção é dizer quem é melhor piloto, Nelsinho ou Massa? Massa, por que Nelsinho não teve mais tempo de evolução na categoria. Se tivesse tido, acho que seria um piloto mais completo que o Felipe.

  3. Esta análise precisa ser feita com muito cuidado, a Renault não disponibilizava o mesmo carro para os dois, o que acontece na Ferrari.
    Nelsinha andava com um carro muito inferior ao de Alonso, já no caso do Massa, utiliza o mesmo equipamento, analisando friamente, Nelsinho é mais ‘piloto’ que Massa.

  4. Só sei de uma coisa. O Nelsinho era um puta piloto. E perdemos a chance de ver um cara com condições de ser campeão. Sinto pelo nelsinho por ter caido nas garras do Briatore. Ele deveria ter ido para a Toro Rosso.

  5. Bom dia!
    Concordo com o Wagner e com o Marcos Paulo.

  6. Olá Julianne,
    Não vejo como comparar os dois pilotos no confronto com o espanhol. Nelson Piquet era segundo piloto no papel e na prática, tinha contra ele a experiência acumulada do Alonso, seu entrosamento na equipe, a escancarada preferência do chefe Briatore, sem contar que era seu “dèbut” na categoria.
    No outro lado da moeda temos o Massa já ambientado na equipe, vice campeão, vários anos na categoria com total condição de enfrentar o piloto que chega na equipe, e o que aconteceu? Se hoje eu tivesse de escolher entre Nelsinho Piquet e Felipe Massa pra correr em minha equipe, pelas atitudes eu ficaria com Nelsinho Piquet sem a menor dúvida.
    Abs

  7. Esta comparação deveria ser feita em relação a diferença do Nelsinho e do Felipe em relação ao Alonso (e só). Pois colocar da forma que foi, por pontos, podiums, etc… É claro que o Felipe Massa vai estar muito melhor, ele está de ferrari, um carro de ponto enquanto o Nelsinho estava em uma Renault claramente em decadencia.

  8. Olá, Julianne.

    Você levou em conta o apenas o tempo das classificações. Não destrinchou com o mesmo cuidado o desempenho em corridas. Se fizer isso nas 3 últimas pontuações, verá um resultado bem semelhante entre os dois pilotos.

    E, bem… considero que nenhum dos dois tenha sido realmente uma vítima.

    • O desempenho em corridas é bem mais cheio de nuances, principalmente no caso de Alonso X Piquet, pois as estratégias costumavam ser diferentes por um estar constantemente no Q3. Mas mesmo só com os dados de chegada dá para ver que Nelsinho não conseguia tirar tudo do carro aos sábados, pois geralmente avançava bastante aos domingos.


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