Na McLaren, era a Malboro. Na Williams, a Camel. Na Lotus, a John Player Special. E quem acompanhou a F-1 dos anos 1970 até a primeira década deste milênio, quando os europeus foram os primeiros a querer distanciar o esporte do cigarro, certamente tinha dificuldade em ver a categoria sem um fumacinha sequer – pelo menos oficialmente, pois a Ferrari segue apoiada pela Malboro e a Lotus, que mesmo não tendo nada a ver com Colin Chapman e companhia, só adotou o preto e dourado pela fácil associação às cores do patrocinador dos anos 70 e 80.
Na época em que o cigarro era forte na F-1, já sabia-se que era prejudicial à saúde, pois os produtos passaram a receber restrições a partir da década de 1960. Porém, ainda era algo vendido como símbolo de poder e sensualidade.
Hoje, em meio a marcas ligadas à comunicação, relógios e roupas caras, o grid foi invadido pelas bebidas energéticas. Após a compra da Jaguar pela Red Bull em 2005, e mais fortemente nas últimas duas temporadas, elas estão se tornando o novo tabaco.
E também vêm com algumas restrições, ainda que não tão fortes quanto o cigarro. E é difícil dizer, hoje, se mais estudos comprovarão no futuro que estas bebidas têm níveis de cafeína e taurina intoleráveis, com ocorre segundo a legislação de países como Noruega e Dinamarca e, até 10 anos atrás, na França.
Não é novidade que a F-1 nunca ligou muito para a origem de seu dinheiro, mesmo quando foi financiada por regimes autoritários e não é agora que a categoria vai ficar certinha porque uma ou outra lei mais rígida não aprova determinado produto. A parte que interessa nesse novo tabaco tem a ver com o público alvo de Red Bull, Monster, TNT e Burn, que ‘alinharão’ no grid no GP da Austrália. As bebidas energéticas são normalmente associadas aos jovens e às modalidades radicais. E não é segredo que o público da F-1 vem envelhecendo nos últimos anos e até possibilidades como a diminuição da duração das corridas e formas de interação ainda pouco exploradas na internet estão sendo estudadas para aumentar o interesse dos jovens.
O que, portanto, atrai essas marcas ao grid? Será que trata-se apenas de uma questão de “Maria vai com as outras” depois do sucesso da Red Bull ou elas estariam tentando aumentar a abrangência de seu público? Seria sua presença parte da estratégia da própria F-1? O fato é que, assim como o tabaco ajudou a trazer o glamour que rendeu tanto à categoria, as bebidas bem que poderiam ser um instrumento para sua renovação enquanto produto.
10 Comments
Ainda temos o “EQ8” que apoia a Caterham, não está no carro mais ainda está no site do time como partner.
A analogia é ótima, Jú. Será que teremos uma nova Marlboro?
Dé,
Nao seria a “nova malboro” a propria Red Bull? 🙂
Ju, respondendo por mim, que não bebo e não fumo, essas marcas possuem apenas um apelo “visual”, afinal, amo o cerne da categoria: velocidade, plasticidade, disputa, coragem, enfim, o automobilismo. Sobre o final do seu post, diria que seria a alternativa, “Maria vai com as outras”, kkkk
Ju, a Formula 1 é a vitrine de maior prestígio para qualquer anunciante. Visibilidade mundial. Tendo bala na agulha para anunciar, é infalível.
O maria-vai-com-as-outras faz sentido: em revistas, principalmente segmentadas, é comum um anunciante comprar uma página só porque um concorrente seu também anuncia no veículo –é um marketing de marcação homem a homem.
Mas eu também vejo as próprias bebidas energéticas querendo fisgar o próprio público envelhecido que assiste à F1: apesar de serem bebidas baratas e com marketing focado em jovens, assim como a Coca-Cola, também são consumidas por outras gerações –como… a Coca-Cola! Afinal, o energético é, atualmente, um dos maiores solventes de uísque do mundo (e quer bebida mais quarentão-bem-sucedido-“classy”-e-“cool” que o uísque? Porque mesmo o doutor de meia-idade que compra “single-malted” quando vai pra Londres sempre tem uma garrafa de Red Label pra tomar no fim do expediente… E esse parêntese ficou meio longo e disperso, por isso, peço desculpas).
E tem público melhor pros energéticos que o tiozão que quer ir pra balada e se sentir com 20-e-poucos outra vez? Conheço um monte, aliás!
Como diria o carro do Button e Perez… Keep Walking… o/
Ainda temos a “Lucozade”, que patrocina a Mclaren, e pertence a Holding “Maxmuscle”.
Temos como uma futura tendência marcas de roupas também: A “Pepe Jeans”, na Red Bull, a “Hugo Boss” na Mclaren, a “Mcgregor” na Caterhan, a Lotus fechou recentemente com uma que esqueci o nome….e a Mercedes estava com a “Thomas Sabo” até ano passado por causa do Schumacher, a Sauber fechou recentemente com uma também….
E as próximas tendências são de marcas de relógio, afinal algumas já patrocinam algumas equipes: A Hublot com a Ferrari, a TW Steel com a Force India, a Tag Hauer com a Mclaren, a Casio com a Red Bull, tem mais uma marca com a Sauber, e outra com a Caterham.
E também teremos uma tendência em aparelhos de telefonia móvel: a Mclaren tem a Vodafone, a Black Berry está com a Mercedes, e existem uns rumores que a Ferrari está flertando com a Apple desde o ano passado…inclusive o Luca di Montezemolo deu palestra lá na base da apple nos E.U.A., e um diretor executivo da mesma, ingressou recentemente como conselheiro na Ferrari.
Quem é o usuário “Rodrigo”?
(Estou apostando com ele)
Acho que o mesmo é algum fake. (E de alguém que está neste tópico…)
Cara!!!Eu estava pensando nisso mesmo esses dias… Nessa mesma analogia.. Pena que não possuo Blog =D