“A primeira vez que ele veio falar comigo foi no GP da Alemanha. Ele tinha um caderninho na mão. Dali em diante, em todos os GPs ele vinha falar alguma coisa, manter contato. Sempre com o caderninho. Nessa era do celular, até pela idade dele, é difícil não notar. Ele se mostrou diferente desde o começo.”
O depoimento é de Claire Williams sobre o estreante que fez mais em 2018, mas que provavelmente vai ter o pior carro para mostrar a que veio em sua primeira temporada. George Russell tem ainda outra história que mostra bem por que sua abordagem impressionou tanto a equipe: “Ele apareceu com uma apresentação de PowerPoint para mostrar por que ele seria um piloto melhor em 2019”, revelou Paddy Lowe. E eu nem imaginava que gente que nasceu no final da década de 1990 – ele é de 98! – sequer sabia o que é PowerPoint!
Perguntei a ele o porquê dessa abordagem tão ‘nerd’: “Descobri muito cedo que, para ser o melhor piloto, não importa só ser bom na pista. Você tem que evoluir constantemente em todas as áreas”. Ele tem toda a razão, especialmente se quiser – e claro que quer – ter uma chance em uma equipe grande rapidamente. Piloto Mercedes, ele hoje não é muito cotado para substituir Valtteri Bottas caso o finlandês não melhore seu rendimento em 2019, mas é possível que o temperamento explosivo e altamente competitivo de Esteban Ocon seja um empecilho para Toto Wolff colocá-lo ao lado de Lewis Hamilton. E é aí que o estreante nerd pode crescer.
Seu compatriota Lando Norris até tenta seguir o mesmo caminho de bom moço, tenta dar as respostas certas, impressionar a equipe, etc. Mas quem o segue nas mídias sociais sabe que ele é bem mais zueira que Russell e “veste mais a camisa” de seus 19 anos.
Eles são mesmo pessoas diferentes. Norris vem de uma família milionária e sabia que, cedo ou tarde, chegaria na F-1, então ele tem menos pressão em seus ombros de ir bem em absolutamente todas as corridas para garantir o apoio fundamental para sua carreira. Não que ele seja descompromissado, mas fica mais à vontade para brincar. Um exemplo? Quando ele ganhou o troféu pelo vice da F-2, postou a foto e escreveu “então se eu correr daqui eu ainda fico com o troféu?”, brincando com a própria timidez. Aliás, seguir os perfis dele deve ser uma boa fonte de diversão nessa temporada…
Entre Russell e Norris, está Antonio Giovinazzi, o terceiro estreante de 2019. Estereótipos à parte, o italiano até mesmo reconhece em entrevistas que por vezes deixa o nervosismo afetar suas performances, algo raro entre os pilotos da F-1 e tenho minhas dúvidas se esta postura de reconhecer suas fraquezas continue. Mas pelo menos uma coisa ele me prometeu: tentei por algumas vezes falar com Antonio no grid ao vivo pela Band, e ele dizia que só poderia falar se o chefe de imprensa da Ferrari permitisse – ele, no caso, ganhou o apelido de Antonono (seu nome é Antonini) porque ‘no’ é a resposta padrão – e eu falava ‘você diz isso porque sabe o que ele vai responder!’ e ele sorria e prometia que, neste ano, falaria comigo antes de todas as largadas. Vamos ver se o bravo raggazzo de Martina Franca, na Puglia, sul da Itália, continua esse cara simples e simpático quando virar titular.
E, por último, o piloto com quem eu tive menos contato até hoje, mas que carrega consigo uma história bem diferente. Com certeza vai chamar a atenção o fato de um piloto correr com a bandeira da Tailândia, algo que vai acontecer pela segunda vez na história. Sim, houve um piloto tailandês no grid em 1950, Prince Bira, nascido em Bangkok mas que começou no automobilismo quando foi estudar em Cambridge, na Inglaterra.
Já Albon nasceu em Londres, filho de um piloto britânico de turismo, Nigel Albon, e fez toda a sua carreira no Reino Unido, a exemplo de Norris e Russell. Mas escolheu correr com a bandeira do país da mãe muito em função dos patrocinadores que poderia atrair. Isso, no final das contas, foi fundamental para que a carreira dele continuasse quando ele foi demitido do programa de jovens pilotos da Red Bull que, curiosamente, o resgatou quando ele já estava com contrato assinado com a Nissan para correr na F-E. Tudo isso aconteceu em um momento delicado para Alex: sua mãe foi presa em 2012 por comandar um esquema de pirâmide em que cobrava milhões de libras por carros de luxo que nunca apareciam nas mãos dos clientes. A pena foi de seis anos, então não é de se duvidar que Kankamol Albon dará as caras no paddock…
7 Comments
Ju, quem você acha que vai ser o ‘rookie of the year’? Não em termos de posição no campeonato, mas quem vai ser mais consistente, quem vai fazer o melhor trabalho com o equipamento disponível?
Acho o Russell muito bom.
Ooops. Faltou o Le-Lek aí.
Russel parece ser o melhor de todos os esteantes, uma pena que ele terá o pior carro no início da temporada ao menos (e provavelmente em toda ela, o histórico da Willimas desenvolvimento dos carros da anda péssimo), por algum motivo o Albon não me convence, parece muita badalação em torno de pouca pilotagem, assim como Lando Norris, o qual tenho o mesmo pensamento.
Então creio que, em uma corrida aqui e outra ali, mesmo com um carro inferior o George Russel coloca o Norris e o Albon no bolso. Vejamos se será assim mesmo.
O Giovinazzi não é exatamente um estreante, então não o coloco na conta, mas creio que ele fará o que se espera:
Maximizar os resultados e bater, ou andar próximo do companheiro de equipe Kimi Raikkonen.
Grande abraço a todos do Blog!
Tô na torcia pelo Russell.
…*torcida…
#goRussell !