A F1 tem uma oportunidade de ouro para rever a pouco efetiva regra que bane as ordens de equipe no julgamento da inversão de posições entre os pilotos da Ferrari. Uma regra sem lugar num esporte em que estão em jogo dois campeonatos, um, que pode não significar muito para nós, torcedores, mas que rende milhões de euros às equipes, e outro, pelo qual dois funcionários dessa equipe lutaram com unhas e dentes.
Jogo de equipe e automobilismo são sinônimos. Nos anos 50 e 60, era possível até marcar pontos com um carro quebrado. Caso nomes como Fangio e Moss não pudessem seguir na corrida, a equipe chamava seus companheiros e ordenava que dessem lugar às estrelas e os pontos eram compartilhados. A situação chegou ao absurdo do argentino ganhar um campeonato de seu próprio companheiro tomando-lhe o carro em três corridas.
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No final dos anos 90, sabíamos de antemão que Coulthard, mesmo sendo britânico e pilotando uma McLaren, só ganharia quando Hakkinen não tivesse chances. Víamos um piloto deliberadamente lento na entrada dos pits apenas para atrasar o rival de seu companheiro. Assistíamos com naturalidade ao esquadrão britânico – McLaren e Williams – contra a Ferrari de Schumacher. Que o diga a decisão do título de 1997.
Ainda assim, havia disputa. O jogo de equipe era apenas mais uma peça do xadrez. Uma peça pouco esportiva, mas que se encaixava muito bem no contexto do bem maior das equipes, que na realidade comandam a F1.
Até que a Ferrari – sem querer demonizar os italianos – levou a situação a um limite. Com um carro muito superior, a concorrência já não tinha chances. Internamente, também. Estava definido que apenas um piloto ganharia. E isso foi demais para a F1.
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Em 2002, surgiu a regra que proíbe decisões de equipe que vão contra o interesse do espetáculo. Esse era o primeiro texto, pelo qual qualquer tipo de ordem seria facilmente defendida por um bom advogado. Afinal, o que a Ferrari fez em 2007 – dar o título à zebra – e 2008 – provocar uma final com 7, e não 9 pontos de diferença – não colaborou para o show?
A regra, então, mudou. Hoje, estão banidas as ordens de equipe que interfiram no resultado. Qualquer seja o texto, elas nunca pararam. Chamar um piloto para um pitstop voltas antes, colocá-lo numa estratégia pior na época do reabastecimento, dar equipamentos diferentes… tudo é jogo de equipe. As ordens nasceram junto do esporte dos dois campeonatos e dos três interesses – da equipe, do piloto A e do piloto B. Resta à FIA estabelecer limites que o público aceite até porque, ao que parece, se os fãs forem enganados de maneira sutil, ninguém se importa.
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Uma opção seria liberar as ordens quando um piloto já não tem chances no campeonato. Arbitrário, tendo em vista que a equipe tem muitos mais dados que nós para perceber se um piloto é superior a outro e, afinal, os pontos ganhos na 1ª corrida valem o mesmo da última.
Liberar tudo colocaria o esporte em descrédito e sob o risco de outra era dominadora, o que não foi bom para a F1 em última análise. Tanto, que Schumacher, apesar de seus números avassaladores, não é tão valorizado quanto Senna.
Deixar como está, e exemplos não faltam não faltam, seria a pior decisão. As ordens nunca foram banidas e, quem ainda não tinha percebido isso, não tem mais o benefício da dúvida após a Alemanha.
Acredito que o melhor seria liberar ordens que não interferem nos resultados das outras equipes. Qualquer tipo de atraso aos adversários usando os escudeiros – que não seja numa disputa por posição, claro – é passível de punição, mas os times têm que ter liberdade para manejar o campeonato internamente da maneira que lhes convém. Afinal, os pilotos são seus funcionários.
4 Comments
Por todas eqStewart
Por todas equipes que pilotou Fangio sempre foi o primeiro piloto, nunca ele emprestou seu carro a outro piloto, Ok era permitido pegar carro do companheiro, mas porque Fangio sempre era o beneficiado? Era comum nos anos 70 ver Cevert “colado” em Stewart sem tentar uma única ultrapassagem do início ao fim da corrida, o mesmo aconteceu com Peterson na Lotus em várias corridas em 78, por contrato o sueco não poderia disputar o título com Andretti! Nos anos 80 e início de 90 era comum piloto ser favorecido! Em várias corridas Berger mais rápido que Senna em 90/91/92 e mesmo assim Senna não era ultrapassado, isso não é favorecimento, jogo de equipe? Patrese também ajudou Mansell em algumas provas em 92, o inglês sempre foi o queridinho na equipe. D.Hill só ganhou 3 GPs em 93 porque Prost teve problemas, no geral sempre chegava atrás do francês, o francês sempre foi primeiro piloto! Jogo de equipe ou “favorecimentos”era liberado na cara dura e ninguém reclamava, mas aí veio o GP da AUT/02 e tudo mudou! Para Schumacher não fazia a menor diferença chegar atrás de Rubens nessa corrida, era líder disparado na tabela, uma vitória a mais na carreira não ia fazer a menor diferença, mesmo assim a Ferrari pediu para Rubens ceder a vitória, deve ter tomado essa decisão por estar de SACO CHEIO devido as várias reclamações do brasileiro desde que entrou na equipe, com essa ordem quis mostrar a Rubens qual era o seu lugar na equipe. Lembrem se que foi Schumacher quem “levantou” a Ferrari muito antes de Rubens chegar na equipe, já tinha uma carreira com 35-Vitórias/39-M.Voltas/23-Poles/71-Pódios/570-Pontos/2-Títulos em apenas 128 corridas, e o que Rubens consegui entre 93 e 99 para exigir tratamento igual ao alemão? Nem uma única vitória Rubens tinha em mais de 100 corridas até 99! Como ele ia exigir algo da Ferrari? Em qualquer empresa quem tem o melhor currículo tem melhor emprego, na F1 é a mesma coisa! Alonso ganha o dobro que Massa não porque é o queridinho, ganha por causa do que fez no passado! E Massa nem pode reclamar ganha mais que Button atual campeão! Rubinho levou muito em consideração o alto salário na Ferrari por isso ficou 6 anos na equipe. Senna entregou uma vitória a Berger em 91 da mesma forma que Rubens, J.Villeneuve fez o mesmo no GP da Europa em 97 e pior ele entregou uma dobradinha a Mclaren, independente do motivo houve jogo de equipe na última curva. Se até 2002 o jogo de equipe era liberado, porque foi proibido a partir de 2003, só porque o bebê chorão Rubinho abriu o berreiro? Simplesmente ridículo, se não estava bom pra ele então ele devia ter saído da equipe. Não mudou nada a partir de 2003, o jogo de equipe sempre foi usado pela equipes, era comum ver Coulthard facilitando uma ultrapassagem a Raikkonen, o mesmo aconteceu entre Trulli e Alonso, Lewis e Kovalainen, Piquet e Alonso, Massa e Raikkonen!
E porque o pessoal só lembra do GP da AUT/02, simplesmente para atacar o Schumacher, poucos lembram que Schumacher devolveu a vitória a Rubens no GP do USA. Pegam muito no pé do alemão por pura dor de cotovelo, Schumacher nunca precisou de troca de posições para vencer corridas ou conquistar títulos! Invertam todas as posições entre Rubens e Schumacher (quando chegaram juntos) e vejam a realidade, nem assim Rubens seria campeão! E por 4 vezes Schumacher também chegou “colado” em Rubens até a bandeirada respeitando a liderança de Rubens. Prefiro ver troca de posições na CARA DURA que ficar ouvindo pelo rádio: “reduza o consumo de gasolina, baixe o giro do motor”, pelo menos a Ferrari foi VERDADEIRA no GP da AUT/02 e ALE em 2010. Temos que ficar com raiva quando acontece casos como o de espionagem da Mclaren/07, e caso Singapura/08, aquilo sim é TRAPAÇA!!! Fomos ENGANADOS e só fomos saber da verdade muito tempo depois. Melhor fazer contrato de primeiro e segundo piloto como eram nos anos 70/80. Andretti era primeiro piloto na Lotus em 78, Scheckter em 79 na Ferrari, Piquet sempre assinou contrato como primeiro piloto. Senna até impediu a entrada de Warwick na Lotus, Senna queria sempre ser o foco da equipe, foi assim na Toleman, Lotus, Williams e Mclaren (sem Prost na equipe). Eu pergunto: “Eles podiam ter essa MORDOMIA no passado e os pilotos de gerações mais recentes como Schumacher não podiam ter?” Cadê a ética dos pilotos dos anos 70 e 80, cadê a moral dessa época que é tão comentada? Ora minha gente na Formula 1 quem pode mais chora menos. Hoje todos sabem que o carro Brawn GP de 09 era feito para Button, então o inglês sempre foi o primeiro piloto desde os tempos de Honda, alguém disse isso ao Rubinho? De bobo o Button só tem o jeito de andar, poucos sabem que o inglês fez um contrato milionário com a Honda, até 2004 Button era disputado pela Williams e BAR-Honda por onde Button corria, mas Button decidiu ficar com a Honda, fez um belíssimo contrato de 5 anos por 80 milhões na época, ao mesmo tempo garantiu vaga por 5 anos na F1, no contrato estava estipulado que Button seria o número 1 na equipe em 05/06/07/08/09, por isso muitos estranharam a calma de Button(desempregado) no final de 08 já com a Honda fora da F1, sob contrato Button teria que correr ou a Honda teria que pagar uma fortuna por quebra de contrato. Então entrou R.Brawn na jogada e só faltou arrumar o segundo piloto, que foi Rubinho. Com certeza o Rubinho não sabe dessa história…mas na BrawnGP todos sabiam. Todo mundo faz jogo de equipe e escolhe primeiro piloto, pegar só no pé da Ferrari e só falar do GP da AUT/02 é sacanagem…
Pois é, faz parte do esporte. É mais seguro para a equipe controlar de perto a disputa entre seus pilotos. Quem melhor que a Ferrari para saber qual piloto lhe dará mais chances de título?
Na coletiva do GP da Alemanha, perguntaram ao Vettel qual conselho ele daria aos pilotos da Ferrari. Ele respondeu: “bom, bater no companheiro eu sei que também não funciona”. Precisa explicar?
E outra coisa. Os segundos pilotos o são porque aceitam. Há quem prefira estar numa equipe grande perdendo do que no meio do pelotão… perdendo, também, mas talvez com mais dignidade. Têm o direito de escolher.
esse post é como um farol de milha, de tão claro, chega a cegar!!! hehe, quem diria, senhores fangio e moss, com aquelas carinhas de anjo! a troca de posições da ferrari, parece brincadeira perto “dos carros trocados”, isso não aparece nas primeiras páginas. belíssimo post!!! em 10, nota 11!!!!