F1 (O SC que matou a) Estratégia do GP de Abu Dhabi - Julianne Cerasoli Skip to content

(O SC que matou a) Estratégia do GP de Abu Dhabi

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O GP de Abu Dhabi é daqueles que já começam sem muitas saídas para os estrategistas. Perde-se muito tempo na saída dos boxes “enjoada”, a única que em que se passa por um túnel. Mesmo com a zona de DRS dupla, é difícil chegar próximo de um carro cuja performance é parecida. Ao mesmo tempo que, por essa zona de DRS dupla começar depois de um grampo, se seu pneu estiver muito desgastado, sua tração será tão ruim que será difícil defender. E, por fim, com o asfalto liso e a corrida noturna, não é tão difícil evitar o superaquecimento e cuidar dos pneus para fazer só uma parada.

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Alguma coisa poderia mudar esse cenário? Talvez um Safety Car com umas 15, 10 voltas para o final, como aconteceu com outras corridas que pareciam decididas, como Imola ou mesmo Sakhir. Algo que gerasse a dúvida: ‘arrisco ficar com os pneus duros frios na relargada ou faço a troca?`, e respostas diferentes a essa pergunta.

O Safety Car apareceu. Mas na hora errada: dentro da janela na qual a “bola de segurança” seria entrar, colocar os duros, e só administrar até o final. O pior dos cenários para o GP que encerrou uma temporada que foi muito melhor do que isso, até porque neutralizou as jogadas diferentes – largar com os duros ou com os médios. A não ser no caso de um piloto. Mas vamos por partes.

Quando o motor novinho de Sergio Perez apresentou a mesma falha que lhe tirou o pódio do GP do Bahrein duas semanas antes, na volta 9, e logo ficou claro que seria necessária a entrada de um trator, foi a dica para as equipes de que seria um SC, e não somente um VSC, e quase todos entraram. Dos 19 pilotos que estavam na pista 14 não só fizeram a parada, como colocaram o mesmo composto. 

Então, além de Abu Dhabi ser Abu Dhabi, o SC significou que as estratégias estavam engessadas também.

Isso porque a corrida tinha começado com algumas alternativas, apesar de tudo. Os três primeiros largaram com o médio e fariam a melhor estratégia (médio-duro). A única dúvida era a respeito do ritmo da Red Bull, embora Max Verstappen tenha colocado 2s2 em Valtteri Bottas em duas voltas e a diferença não diminuiu depois disso. Quando Bottas ouviu o pedido de forçar (para ficar perto o suficiente de Max e tentar o undercut), e possivelmente visando um ataque 2 x 1, com Valtteri chamando Verstappen para o box e Hamilton fazendo o overcut, alongando o stint, o piloto da Red Bull imediatamente respondeu, mostrando que tinha ritmo.

O SC significou que não tivemos a chance de ver se a Mercedes sequer tinha condições de fazer isso. Depois que todos estavam nas mesmas posições, com Max primeiro, Valtteri segundo e Lewis terceiro, e com os mesmos pneus, as Mercedes, que aparentemente correram com uma limitação de potência por todo o final de semana, diminuíram ainda mais o ritmo e o pódio estava definido.

Mais atrás, no SC, a Ferrari tentou algo diferente com Leclerc, basicamente pela falta de opções (a explicação oficial foi evitar tráfego): ele estava com o pneu médio, mas ainda assim não parou. E terminou atrás da Alfa de Kimi Raikkonen, que se defendeu da Ferrari como se lutasse pelo campeonato. Já Vettel esteve entre aqueles cuja tática de largar com os duros perdeu um pouco de força com o Safety Car, já que ele estava atrás demais para conseguir andar sem trânsito, como esperava fazer assim que todo mundo parasse em uma corrida um pouco mais normal.

Mais na frente, Ricciardo conseguiu isso: ele era o líder entre os que largaram com os duros (Vettel e Magnussen eram os demais), então acabou se colocando em primeiro entre os que não eram Mercedes ou Red Bull após a relargada, conseguindo, assim, fazer o próprio ritmo e cuidar dos pneus. Foi parar somente com 16 voltas para o fim, caiu para sétimo e parecia, até, que poderia lutar com as McLaren no final, se os pneus deles perdessem rendimento. Mas nem isso Abu Dhabi proporciona. Talvez com um asfalto tipo o do Bahrein, mais abrasivo, a história seria um pouco diferente.

Para Ricciardo, o sétimo posto acabou de bom tamanho para quem largou em 11º, e ainda por cima em Yas Marina. Ele acabou sendo o piloto que mais avançou, ganhando quatro posições na corrida. Mas não fez nenhuma ultrapassagem de verdade: estava com ritmo melhor que o de Ocon, que recebeu ordem para abrir, e depois superou as duas AlphaTauri e Stroll só pelo ritmo que conseguiu manter quando estava correndo de cara para o vento: até o piloto que mais ganhou posições não teve uma tarde das mais animadas.

Na luta pelo terceiro lugar entre os construtores, prevaleceu a ótima classificação dos dois pilotos da McLaren – Norris em quarto e Sainz em sexto – embora Lando tenha dado sorte com o SC, já que acabou com seus pneus macios nas primeiras voltas e fatalmente teria de antecipar sua parada. Já Sainz tinha conquistado, no Q2 no sábado, a vantagem de largar com os médios, mas acabou não podendo aproveitar algo que poderia ter lhe dado o quarto lugar. Na verdade, isso é algo difícil de cravar, uma vez que Alex Albon disse que finalmente se entendeu com o carro. Ele teve a menor diferença em relação a Verstappen em classificações no ano, passou Norris no começo da corrida e, também de cara para o vento, fez seu ritmo e quase colocou pressão em Hamilton no final. Na base do antes tarde do que nunca, fez uma prova até mais consistente do que seus pódios logo no último GP.

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Abu Dhabi foi, ainda, a segunda corrida de Pietro Fittipaldi na F1. Ele conseguiu se colocar na briga com a Williams no começo, andando no ritmo de Magnussen com a outra Haas até o SC. Ele entrou e o companheiro, com duros, não, mas um pit stop 5s mais lento o devolveu à pista atrás de Latifi, em último. Para completar, as duas Haas sofreriam com um problema de superaquecimento, e o brasileiro seria o único a fazer três paradas – Magnussen fez duas. Ainda assim, terminou a cerca de 20s do dinamarquês e fechou dois finais de semana sem erros graves e com uma evolução sólida. Um excelente trabalho para quem não andava em uma competição de alto nível fazia mais de dois anos.

1 Comment

  1. Difícil fazer um post sobre estratégia em Abu Dhabi.
    Achei que a Mercedes pudesse arriscar não parar o Hamilton no SC. Pelo ritmo, o pódio já estava garantido.
    De resto, uma corrida que mais lembra uma confraternização de final de ano.


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