F1 “Onde está isso no livro de regras?” - Julianne Cerasoli Skip to content

“Onde está isso no livro de regras?”

Ron Meadows é o último à direita (Mercedes/Divulgação

Não passaram despercebidas algumas frases de Lewis Hamilton durante o GP da Rússia, e após a corrida também, demonstrando uma desatenção às regras. Não são, de fato, todos os pilotos que estudam um pouco mais a fundo principalmente as regrinhas que vão mudando de uma prova para a outra, pois dependem do circuito, e os pilotos também são estimulados a focarem somente no seu trabalho ao serem constantemente munidos de informação pelos engenheiros.

É fato, também, que a relação com Peter Bonnington é um pilar importante do sucesso de Hamilton nos últimos anos. O engenheiro de pista sabe ler muito bem o que cada “Bono, my tyres are done” (“meus pneus acabaram”) significa a cada corrida, ou seja, ele sabe o que Lewis está sentindo e sabe traduzir isso para chamá-lo ou não para os boxes. Na Rússia, por exemplo, era o contrário: enquanto Lewis dizia que podia fazer mais voltas, Bono sabia que, pela natureza do asfalto, ele poderia “espernear” o quanto fosse, mas não teria noção da quantidade de borracha que faltava.

Mesmo com essa relação de simbiose entre os dois, chamou a atenção o fato de Hamilton questionar “por que a gente teve que pagar isso agora?”. Bom, a punição teria que ser paga na parada, e os pneus dele estavam acabando, ou seja, não havia outra forma de cumpri-la, então a pergunta não tem cabimento. A não ser que você não saiba a regra ou não esteja conseguindo processá-la a 300km/h.

E, depois da corrida, ele por várias vezes disse, de cabeça quente ainda, que não sabia direito como funcionavam as regras do ensaio de largada. Referia-se ao local exato em que pode fazê-lo, algo que vai mudando de prova a prova.

Hamilton demonstra saber que esse é um ponto em que precisa trabalhar. Tanto, que publicou na terça-feira que nem sempre lida bem com as adversidades.

“Eu posso não reagir da maneira como vocês querem de cabeça quente, mas sou humano e faço as coisas com paixão. Estou aprendendo e crescendo todos os dias, vou aprender minhas lições e continuar lutando.”

Dito isso, é também uma questão até de personalidade controlar estes detalhes ou esperar que o engenheiro lhe muna de todas essas informações. Michael Schumacher era desses detalhistas, e na verdade provavelmente me chamaram mais a atenção os “brancos” de Hamilton porque vi recentemente a série ‘Fernando’, que mostra Alonso dando uma volta a pé com os companheiros de WEC, Buemi e Nakajima (bem mais experientes do que ele na competição, diga-se de passagem) relembrando-os de TODOS os detalhes das regras que podem fazê-los ganhar ou perder tempo, ou serem punidos por alguma besteira simples. “Não passe essa linha branca aqui, lembre-se que a linha em que acaba o limite de velocidade é essa segunda e não essa primeira aqui”, e por aí vai.

Enxergar o que outros não viam na corrida sempre foi uma vantagem do espanhol (que tem outros defeitos, é claro, mas não vem ao caso) . O piloto não é obrigado a saber todos esses detalhes. Mas certamente munir-se deste tipo de informação só vai ajudar na hora de tomar decisões na corrida.

Quem tem a obrigação de saber as regras é a equipe (mais especificamente Ron Meadows, diretor de corridas, que está lá desde a época de BAR). E talvez mais curioso ainda seja o fato de a Mercedes não demonstrar firmeza neste tipo de situação. Em seu segundo ensaio, ele pergunta se pode fazer mais para frente e Bono parece hesitar, e diz erroneamente que sim. O chefe de operações de pista, Andrew Shovlin, disse depois que eles já achavam que poderiam ter problemas, mas achavam que seriam só advertidos.

Não é a primeira vez que a Mercedes é pega desrespeitando uma regra até simples, chamando Hamilton aos boxes quando eles estavam fechados por não terem um sistema de alerta simples que todas as outras equipes têm. No caso do GP da Itália, também, correram para limpar a barra de sua estrela, e questionaram as regras da FIA (que todas as outras equipes, naquele caso à exceção da Alfa, que vira e mexe também come bola com coisas simples, mas reclama bem menos, cumpriram). Talvez fosse mais construtivo mergulhar a cabeça no livro de regras, porque o time e pilotos mais vencedores de todos os tempos (uma questão de tempo) sempre será o mais observado também.

7 Comments

  1. Respeito as opiniões divergentes, mas acho que o Lewis Hamilton é vítima de racismo na F-1, pois o piloto é negro e, sobretudo, bem-sucedido.

    • Ele está com 6 títulos, vai ganhar o 7º com o pé nas costas, está no melhor carro, todos sabem que vai quebrar o recorde de Schumacher de vitórias e tudo indica que o de títulos também.

      Que racismo é esse que permite isso?
      O Hamilton é um cara que senta e corre… Mas não se apega a aprender. Acha que seu talento puro pode sobrepujar tudo. Perdeu o título pro Rosberg porque em várias provas naquela temporada se enrolou com a embreagem… Perdeu corrida por não saber configurar o volante…

      E regra é regra… Vale pra todos. O Ricciardo foi punido por ganhar a posição do companheiro, mas não passar por fora da pista como deveria… Foi tão ridículo quanto as punições do Hamilton. E ninguém está falando nisso.

      Pior, ao invés dele ficar quieto e seguir guiando, ele mesmo atiça essas teorias da conspiração.

      Se existe a regra, gostando ou não, ela deve ser respeitada… Por isso a punição tola a Ricciardo e por isso a punição tola ao Hamilton.

      • Respeito a sua opinião, mas discordo, pois, a meu ver, Hamilton é vítima, sim, de perseguição e racismo. Quantos negros há na F-1? Por que o Lewis recebe punições tão rigorosas? Em casos similares, pilotos caucasianos não recebem sanções tão graves. No mundo todo, atletas negros passam por mais dificuldades do que os brancos e os amarelos. No Brasil, mais de 50% das pessoas são negras, mas só tivemos pilotos brancos (Senna, Piquet, Massa, Moreno etc.). Quero que o Hamilton seja mais respeitado pelos fiscais da FIA.

  2. Só espero que a perseguição contra o Lewis Hamilton termine, pois não aguento mais observar a FIA aplicando punições racistas contra o único negro da F-1. Abraços.

  3. Racismo. Vixe, ta difícil esse mimimi. Não tem outros negros por outros motivos, inclusive interesse. Não vejo os branquelos com chororô na NBA. Menos pessoal, menos, por favor. Ainda bem que o LH44 não é aplicado ao livro de regras, como Alonso, Piquet … Aí ja seriam uns nove títulos.

    • O fato da F-1 ter um só piloto negro é, de clareza solar, corolário do racismo estrutural que existe no mundo. Lewis é um guerreiro negro que está provocando uma onda de inveja e ira daqueles que não conseguem repetir os seus feitos. E vou mais além: Hamilton é o maior piloto da história da F-1. Logo, é fácil compreender o porquê de tamanha perseguição dos fiscais da FIA e de boa parte da mídia.

      Aliás, ter superado o Ayrton Senna, com certeza, fez com que os nossos jornalistas concordassem com as punições injustas que o Lewis vem recebendo.


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