Muito se fala na influência do dinheiro na revelação de jovens talentos para a Fórmula 1 nos últimos anos, resposta direta à crise e ao retorno das equipes independentes, esmagadas pelas montadoras na primeira década de 2000. No entanto, faz sentido pensar que o dinheiro vai para os mais capazes e é isso que os estreantes na categoria em 2013 querem provar.
Luiz Razia |
4 de abril de 1989, Barreiras, Brasil |
Estreia em 2013 |
Por que Razia: pelo comprometimento e crescimento mostrado ano passado |
Credenciais: vice-campeão da GP2 em 2012, mostrou grande inteligência no cuidado com os pneus |
Razia é o primeiro a admitir que cometeu alguns erros na carreira, indo para a GP2 imaturo demais e correndo o risco de cair em descrédito por não estar pronto para dar o próximo passo. A temporada de 2012, no entanto, foi decisiva para o baiano de 23 anos, que mostrou grande profissionalismo e aproveitou bem a oportunidade que teve de viver em Milton Keynes e trabalhar dentro da fábrica da Red Bull. Na pista, tornou-se um especialista em economizar pneus e, um a um, ir superando os rivais nas voltas finais para lutar pelo título da GP2. Com esse crescimento e apoio financeiro, tornou-se um pacote interessante.
Talvez não tanto quanto o próprio Razia esperava, é verdade. Mesmo não condenando as vagas nas nanicas, o piloto sonhava com um cockpit mais competitivo. Porém, se a Marussia não é o melhor lugar do mundo para começar na F-1, também é fato que Razia não poderia esperar mais um ano para dar esse passo e, ao lado de outro estreante, tem plenas condições de bater o companheiro e deixar uma boa impressão, se não para o público em geral, que sempre o verá se classificando lá para o final do pelotão, para quem importa, no paddock.
Esteban Gutierrez |
5 de agosto de 1991, Monterrey, México |
Estreia em 2013 |
Por que Gutierrez: chega como promessa após ser eleito o piloto que cuidou melhor dos Pirelli em 2012 |
Credenciais: campeão da GP3 em 2010 e terceiro na GP2 em 2012 |
Esteban Gutierrez tem, por enquanto, uma carreira com altos e baixos. Ganhou tudo no kart no México, tornou-se o mais jovem piloto do país a vencer um campeonato internacional, aos 17 anos, quando dominou de maneira impressionante a Fórmula BMW Europeia. Correndo pela tradicional ART Grand Prix dali em diante, não foi bem na F-3 Euroseries, mas sagrou-se campeão no ano de estreia na GP3. Demorou para engrenar na GP2, sendo terceiro colocado em sua segunda temporada, atrás de Luiz Razia e Davide Valsecchi, ambos no quarto ano na categoria. Foi eleito pela Pirelli o piloto que cuidou melhor dos pneus em 2012.
Aos 21 anos, o mexicano garantiu uma ótima porta de entrada na F-1, beneficiado pelo investimento forte da Telmex. Na Sauber, tem um time com tradição em lapidar jovens talentos e que mostrou a maior evolução no último ano e chegou a ser copiado pelas grandes.
Valtteri Bottas |
28 de agosto de 1989, Nastola, Finlândia |
Estreia em 2013 |
Por que Bottas: nunca terminou um campeonato abaixo do terceiro lugar na base e tem experiência efetiva de 3 anos como pilotos de testes na F-1 |
Credenciais: campeão da GP3 em 2011 |
Depois de Nico Hulkenberg e Pastor Maldonado, a Williams faz sua terceira aposta em um piloto sem experiência na F-1 em quatro anos ao promover Valtteri Bottas. O finlandês foi campeão da F-Renault 2.0 no segundo ano, foi por duas temporadas terceiro colocado na F-3 Euroseries correndo pela mesma ART de Gutierrez – quando foram companheiros marcou mais que o dobro de pontos que o mexicano, com ambos em seu ano de estreia – e conquistou o título da GP3.
O ponto positivo de Bottas é a experiência com F-1, superior à maioria dos estreantes dos últimos anos – entre aqueles que queimaram a etapa da GP2, é o mais bem preparado desde Vettel em termos de quilometragem. Por outro lado, o finlandês pode estar ‘enferrujado’ por ter ficado um ano sem correr e demorar alguns GPs para engrenar, como aconteceu com Hulkenberg ano passado. De qualquer maneira, estreia por uma equipe que já conhece e que vem em evolução.
Max Chilton |
21 de abril de 1991, Reigate, Inglaterra |
Estreia em 2013 |
Por que Chilton: por enquanto, mais pelo dinheiro do que por resultados |
Credenciais: mostrou evolução na terceira temporada de GP2, em que foi quarto colocado. |
O terceiro estreante é Max Chilton, que luta contra o estigma de pagante. O britânico é filho de um empresário milionário do setor de gerenciamento de riscos e dono da equipe Carlin, que fechou parceria com a Marussia na GP2 em 2012. Em seu terceiro ano na categoria de acesso à F-1, Chilton foi quarto no campeonato e venceu duas provas. No entanto, sua carreira até aqui indica que está alguns passos abaixo de seus colegas estreantes de 2013.
Guiedo van der Garde |
25 de abril de 1985, Rhenen, Holanda |
Estreia em 2013 |
Por que Van der Garde: apesar de estreante, é rodado na F-1 |
Credenciais: campeão da World Series de 2008 e top 10 na GP2 de 2009 para cá |
Parecia que Van der Garde seria a eterna promessa que nunca chegaria ao posto de titular na F-1. Afinal, desde 2007 figurava como piloto de testes aqui e ali, mas seus resultados na GP2, onde estava desde 2009, não convenciam o suficiente. Pilotando pela Caterham também na categoria de acesso, o holandês participou de seis sessões de treinos livres na F-1 em 2012. Patrocinado pela marca de roupas McGregor, trata-se de um piloto consideravelmente rodado para um estreante, que o time conhece e lhe é rentável.
Com Van der Garde e Pic, a Caterham, a exemplo da Marussia, desistiu do modelo de ter um pagante e um assalariado mais experiente, o que ceifou as vagas de Kovalainen e Glock. De fato, pode-se dizer que a estratégia não rendeu frutos muitos visíveis após três anos e nenhum ponto para ambos os times. Veremos o que o novo paradigma vai trazer.
6 Comments
Hulkenberg que trate de pisar fundo na Sauber.
E Rosberg na Mercedes.
Bom post, sempre é bom fazer um panorama dos rookies
Vendo seu post, Ju, me lembrei das palavras de Nigel Mansell para o Sport TV, onde citava as longas carreiras na F-1 atual, causadoras da estagnação em carreiras promissoras…Não é um mau pensamento, mas a fila tem que andar…
Tirando o Chilton que já começa em time ruim acredito que os demais estreantes vão andar bem. Estou bem curioso para ver o Bottas pilotando pois nunca o vi na GP3, quanto ao Gutierrez acredito que não fará feio porque na GP2 ele errava muito pouco.
Tenho curiosidade de saber sobre a situação de Maldonado. Imagino que o suporte financeiro do governo Chavez vá sofrer algum tipo de corte, caso o poder mude de mãos na Venezuela.