Enquanto as viagens ficam restritas aos nossos pensamentos e planos, muita gente tem me perguntado sobre os melhores GPs para conferir ao vivo. Fiz uma lista baseada em diferentes gostos e prioridades em 2017, e uso as postagens em comemoração aos 10 anos de blog para este repost que na verdade teve algumas revisões importantes!
F1 Roots: Silverstone (no meio original era Spa, mas explico)
Por que não Monza? (Se for ferrarista, é imprescindível) Por que não Spa? (Era minha opção no post original, com seus motivos, que continuam valendo, mas diria que é imperdível se você é fã do Verstappen e curte festa como os holandeses). Por que não Suzuka? (Ok, Suzuka é concorrente forte para Spa, mas é tão particular por conta do show de paixão e respeito que os japoneses dão que tem que ser um evento colocado à parte). O GP da Grã-Bretanha é o evento em que você vai sentir que encontrou sua turma. Claro que tem quem goste mais do piloto X ou da equipe Y, e obviamente muita gente vai torcer para o Lewis, mas a grande maioria é fã de F1 e ponto final.
Também tem a chance de você topar com alguém que trabalha ou já trabalhou na categoria, pois a maioria das equipes ficam ao redor de Silverstone. Se há uma região voltada ao automobilismo na Europa, é lá.
Para chegar lá, as melhores opções são hospedar-se em Milton Keynes ou Oxford (mil vezes melhor) e pegar o ônibus grátis até o circuito. Se o clima for roots mesmo, o camping é a melhor opção, mas lembrando que pode acontecer absolutamente de tudo em termos de clima em Silverstone. Já peguei uns 11 graus com chuva com a sensação que era muito menos, e quase 30 no sol escaldante. Você pode imaginar que, na Inglaterra, o escoamento é bom em caso de chuva no camping, mas não é. Como os ingleses “sobrevivem”? Com litros de cerveja à temperatura ambiente e fazendo churrasco de linguiça.
Como a pista é de alta velocidade, as arquibancadas são um pouco longe, mas dá para ter a sensação do quão rápidos os carros são nas curvas. E as corridas têm sido boas. Mesmo se não forem, o clima de festival de verão no entorno compensa.
Experiência: Cingapura
É impossível não fazer uma menção a Mônaco. Afinal, para qualquer fã de Fórmula 1, ver os prédios e curvas que aprendemos a decorar de outros ângulos é uma experiência e tanto. Mas o GP de Cingapura é meu preferido em toda a temporada. A região de Marina Bay é espetacular – e muda a cada ano que a F-1 desembarca. A corrida noturna dá um ar completamente diferente e os organizadores se certificam que os espectadores fiquem entretidos com shows em pelo menos dois palcos. Como qualquer corrida de rua, é possível ver os carros muito de perto mas, à noite, eles ficam ainda mais bonitos e impressionantes. E dependendo do ângulo da arquibancada, dá até para ver o olhar do piloto.
O ponto negativo é o preço da estadia, que está entre os mais caros da temporada. A passagem saindo do Brasil, é claro, também é salgada, mas seria um gran finale para uma viagem ao sudoeste asiático (altamente recomendável!). Os ingressos não estão entre os mais baratos,mas os organizadores oferecem algumas opções interessantes, como pacotes para grupos e alguns que combinam três lugares diferentes para os três dias, incluindo visita aos pits.
Visão da pista: EUA
Foram alguns os circuitos em que Hermann Tilke teve praticamente uma página em branco para desenhar e não fez grande coisa, mas em Austin ele inegavelmente acertou. Além do traçado em si ser bastante seletivo e uma espécie de ‘best of’ de outras pistas, a elevação do terreno faz com que determinados pontos tenham uma visão privilegiada. E você não precisa pagar mais por isso: mesmo com o ingresso de general admission, é possível ficar no final da reta, diante de uma das melhores curvas do circuito e ainda vendo boa parte do restante da pista.
Os organizadores fazem uma promoção incrível incluindo F-1, MotoGP e WEC em apenas um ingresso vendido antecipadamente por 200 dólares. Para quem pensa em visitar a região apenas em outubro, há outros mimos como ingressos com open bar, visita aos pits e festa exclusiva.
O problema em Austin é o preço salgado da hospedagem. Em 2017, mesmo após muita pesquisa, paguei mais que em Mônaco! A capacidade hoteleira da cidade não comporta o evento e não raro a F-1 divide a atenção com outro grande evento na cidade.
Barganha: México
Quando fiz o texto original, era a Malásia, sem sombra de dúvida. Para a sorte dos brasileiros, a barganha ficou mais perto de casa, ou seja, ainda mais atrativa. Não sei se é porque não vivo no Brasil que me empolgo tanto ao chegar na Cidade do México, a irmã gêmea de São Paulo nesse mundão. Lá, principalmente para quem já está acostumado a uma cidade gigante, desigual e violenta (e, com isso, consegue aproveitar os pontos positivos) vai curtir o GP. O local da pista é bem parecido com Interlagos, mas com policiamento infinitamente maior. E, lá dentro, o clima também lembra muito a irmã paulistana, mas com mais conforto. Um ingresso para os três dias no estádio fica em 270 dólares.
Dá para ir de metrô até, literalmente, o portão da pista, e a viagem de uma área tipo a Paulista (assim como em SP, eu evitaria o centro em si) até a pista de metrô dura uns 40 minutos no máximo. O GP ganhou como melhor evento do ano em todas as oportunidades desde que voltou ao calendário e isso não é coincidência.
Custo-benefício
Na Europa: Budapeste
Uns dizem que é porque eu não conheço Paris. Outros garantem que é porque estava encantada demais com Berlim quando cheguei a Praga. Mas considero Budapeste a mais bela capital europeia. É gloriosa e clássica ao mesmo tempo em que é jovem e pulsante. E, com a Hungria fora da zona do Euro, está entre as mais baratas. Dá para pagar pouco mais de 100 reais por dia para ficar muito bem localizado, o sistema de transporte coletivo funciona bem com metrô, bonde e ônibus e a alimentação é bem em conta.
Considero o GP da Hungria como o melhor da Europa em termos de custo-benefício porque é possível ao mesmo tempo visitar essa cidade incrível e ir em um GP com um clima todo especial, já em pleno verão europeu – e em que raramente se vê chuva. A pista fica perto da cidade – a uma meia hora do centro – e, se ficar quente demais, tem um parque aquático logo do lado! Os ingressos? Dá para sentar na arquibancada por 270 reais.
Fora da Europa: Montreal
Mas se alguém me perguntasse qual GP indicaria para ter um pouquinho de tudo o que citei nos exemplos acima, escolheria o Canadá. É lógico que os GPs roots têm seu charme para os fãs, mas nada como casar a visita a um GP e uma cidade incrível como Montreal. Lá, é possível chegar tranquilamente de metrô ao Circuito Gilles Villeneuve, que costuma ser o palco de corridas emocionantes.
A cidade em si se transforma devido à prova, com donos de carros antigos, esportivos e/ou envenenados desfilando nas ruas, e as pessoas são contagiadas por um clima de festa, com barraquinhas servindo comida e bebida no centro e várias atividades culturais paralelas. Apesar do país não ter tanta tradição em termos de pilotos, a prova atrai um público fanático com conhecimento bem acima da média.
O preço da hospedagem depende diretamente do quão perto da festa você quer ficar. Se o foco for só a corrida, qualquer lugar próximo ao metrô já serve. O ingresso para a prova também é convidativo: o mais barato sai por 320. Quer ficar no famoso hairpin e ter uma visão como esta da foto? Vai pagar cerca de 480 reais. Só precisa correr, porque com um canadense no grid depois de tanto tempo, Montreal promete ter uma das provas mais concorridas da temporada.
3 Comments
Eu adorava ir a Monza. Aquele ambiente deve de ser uma coisa espectacular. E não sou muito ferrarista, gosto da Ferrari agora porque gosto do Leclerc.
visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/
Ju, na foto de capa da reportagem notei algumas pessoas ao nível da pista do estádio do circuito Hermanos Rodriguez, provavelmente apoiadas em uma grade. É disponibilizado para o público em geral?
Ali ficam umas mesas, em que o pessoal fica tomando cerveja e comendo. Não é o general admission. Se não me engano, o GA deles tem acesso às curvas 5-6 e não ao “estádio”