Continuando o especial Colin Chapman, em parceria com o Café com F1, apesar de ser engenheiro por formação e de estar constantemente engajado em inovações técnicas, o ex-chefão da Lotus era tão hábil nos projetos, quanto nos negócios. Apostou nas 500 Milhas de Indianápolis e fez história ao se tornar o primeiro construtor estrangeiro a vencer a prova, em 1965, com Jim Clark. Não por acaso, o evento distribuía a maior premiação em dinheiro da época.
Talvez essa dupla preocupação, com o lado técnico e comercial, seja a explicação do sucesso da Lotus que, em somente sete anos desde sua estreia, em 1958, tornou-se a melhor equipe de automobilismo do mundo, monopolizando os títulos de pilotos e construtores.
Por essas e outras, é difícil imaginar o que seria da F1, não fosse Colin Chapman. Um dos motivos pelos quais temos hoje uma categoria profissional, de visibilidade internacional, é porque o inglês assinou com a Imperial Tobacco para estampar a marca em seus carros, em 1968. Antes, as equipes corriam com as cores tradicionais de cada país: o vermelho italiano, o verde inglês, o branco ou prata alemão, o azul francês…
Mesmo antes disso, Chapman havia fechado um acordo pioneiro com a Ford para desenvolver os motores Cosworth.
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Mas nem tudo eram flores. Chapman foi por várias vezes acusado de se apropriar de ideias de outros, de não honrar seus negócios e usar os vários desmembramentos da Lotus Cars para desviar dinheiro e escapar de impostos. Havia quem defendia que o engenheiro só queria fazer carros rápidos, e não ligava para a segurança de seus pilotos – e sua famosa frase: “carros que aguentam a corrida toda são pesados demais”, só servia para confirmar isso.
Stirling Moss, que guiou para o inglês, disse que o respeitava, mas que jamais faria um acordo com ele, a não ser que fosse por escrito. O inglês era outro que achava seus carros muito perigosos. Recentemente, disse que Lotus significa “rodas voando” para ele. “Lembro que ele não veio me ver no hospital depois que eu quebrei minhas costas e pernas quando fiquei sem as rodas em Spa, em 1960. Só posso imaginar que estava muito envergonhado. Voltei às pistas dois meses depois e, como era meu aniversário, fizeram um bolo em forma de carro para mim. Cortei uma roda e mandei para Colin. Ele não viu muita graça, mas eu me diverti.”
Chapman morreu envolto num escândalo de desvio de dinheiro público. Até por conta disso, há quem acredite que ele simulou seu ataque de coração fulminante, em 1982, para escapar das acusações, no melhor estilo Elvis.
O que nunca saberemos é qual a direção tomada pela categoria se fosse Chapman, e não Bernie Ecclestone, que tivesse tomado controle das negociações em nome das equipes.
2 Comments
Hoje o clima ficou mais pesado, post estilo Caixa de Pandora! Infelizmente a perfeição é inatingível. O poder é uma faca de dois gumes, põem e tira o tapete. Chapman deve ter errado muito, mas tendo em vista a inveja que despertava, imagina a quantidade de “amigos” que possuía. Sem querer ser parcial, mas infelizmente o poder aliado aos negócios, na maioria das vezes cria empresários sem limites, para o bem e para o mal, é uma característica do capitalismo, que o diga Ecclestone, Maluf, Berlusconi… Penso que seja injusta as acusações sobre a segurança dos carros, tendo em vista a tecnologia do passado, perante à fibra de carbono e ao kevlar hj. Essas acusações de fazer carros perigosos, hj soam fortes, mas no geral todos os carros eram frágeis, vide a facilidade com que se desmanchavam e incendiavam, além da segurança horrorosa dos circuitos e da medicina. A segurança sempre foi uma busca na f1, e após 94, melhorou-se mt, cogitando-se até mesmo a bizarrice dos parabrisas. Acho que Chapman pode ser absolvido desse pecado.
uma pena Jochen Rindt ter morrido; mas logo depois o Emerson “substituiu” seu lugar lá!