Desde o final dos anos 80, temos visto campeonatos que, ou ficaram na mão de dois pilotos da mesma escuderia, foram completamente dominados por apenas um ou, no máximo, ficaram restritos a duas equipes, sempre McLaren x Williams ou McLaren x Ferrari. Ano passado foi uma exceção, mas o domínio só mudou de endereço.
Em 2010, tivemos uma verdadeira briga entre 3 equipes. Enquanto a Red Bull era absoluta aos sábados, McLaren e Ferrari se engalfinhavam para ver quem seria a 2ª força e estaria à espreita para se aproveitar das brechas abertas por um time que não era tão imbatível aos domingos. Além disso, parecia que os touros sempre arrumavam um jeito de se complicar – não fosse isso, julgando a performance dos carros, a temporada poderia ser uma chatice só.
Fora a decepção de Massa – que já tinha 76 pontos de desvantagem em relação ao líder antes do GP da Alemanha –, isso fez com que tivéssemos 5 pilotos na disputa até a antepenúltima etapa e chegássemos a Abu Dhabi com 3 candidatos claros e um franco atirador.
Ao final dos treinos de sexta-feira, era sempre difícil apontar quem seria o time a ser batido no domingo, havendo uma dinâmica interessante entre os companheiros e entre os grandes rivais mais antigos. A Red Bull, claro, largaria na frente. Mas o que será que o carro ou seus pilotos aprontariam?
Como as diferenças de performance em relação os times médios não era tão grande como em anos anteriores, vimos os grandes nomes do campeonato em maus lençóis quando tiveram que abrir caminho e vimos erros não forçados de candidatos ao título que a era Schumacher nos fizera esquecer que eram possíveis.
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Esses ingredientes fizeram dessa temporada uma sequência de viradas. O que começou na pré-temporada como a promessa de um ressurgimento da Ferrari logo se transformou num show de regularidade da McLaren em oposição às oportunidades perdidas pela tecnicamente dominante Red Bull. Nas últimas 7 provas, as surpresas se acumularam. Depois do caos da Bélgica, muitos já definiram: seria um Hamilton x Webber. Nas provas seguintes, os rivais se alternavam, Alonso e Vettel cresceram, mas o australiano se manteve firme, ao mesmo tempo em que via o companheiro constantemente a sua frente. Finalmente, a pressão o abateu faltando 2 corridas e uma falha mecânica colocou a Ferrari novamente à frente. E quem esperava uma última etapa processual ignorou que essa seria a temporada das viradas.
Isso só foi possível graças ao extenso pacote de mudanças técnicas entre 2008 e 2009, que anulou o handicap dos times “de sempre” e permitiu que grandes cabeças, como Brawn – enquanto ainda era bancado pela Honda – e Newey pudessem desenvolver ideias que provaram-se eficientes. A julgar por seu corpo técnico, Williams e Renault – que conseguiu o mesmo em 2005, quando tinha o apoio total da cúpula da montadora – muito provavelmente estariam nessa briga, não fosse a falta de recursos. Como o cenário continua inalterado, podemos esperar um 2011 com um quadro semelhante. A não ser que alguém (e estamos de olho em Brawn novamente, agora com dinheiro alemão) encontre uma solução mágica para o banimento do difusor duplo e do duto aerodinâmico.
13 Comments
Ju, como você bem disse, tivemos apenas mais um intruso no reinado! por tradição e capacidade mclaren e ferrari se mantiveram! a willians que na década de 80 dava espetáculo, deu uma ressurgida de 91 a 97 mas, uma queda incrível nos patrocínios e carros mal nascidos, aliados a pilotos pouco diferenciados, culminaram com a queda da equipe de frank! parece que barrichello pode contribuir em 2011! me parece que 2 fatores ajudaram neste campeonato diferenciado! 1º a pontuação gigante, que muda bruscamente o panorama da disputa; 2º o equilíbrio das equipes e pilotos, com um diferencial importante, se alonso ou hamilton estivessem na rbr, fatalmente o campeonato acabaria antes do tempo! um fator, Ju, que não pode ser esquecido, em decorrência da atual conjuntura técnica, é a importância de se largar entre os quatro primeiros, tendo em vista a paridade e a difivuldade de ultrapassagem!
Não sei, Wagner, é tudo muito complexo, né? No caso da Williams, acho que o dinheiro vai continuar fazendo falta, não importa quem esteja no cockpit.
A pontuação não mudou muita coisa – só atrapalhou as contas!
Acho que a importância de se largar na frente não é de hoje, só ficou acentuada pelo fato de não termos mais reabastecimento e a regra de ter que largar com o combustível que classificou. Dei uma olhada nos anos anteriores, e me pareceram maiores as diferenças entre os grandes e os médios na classificação e na corrida nesses anos 2000 que nesta temporada, principalmente até o início da 2ª metade dela (depois, a tendência é só quem está lutando pelo campeonato desenvolver os carros).
mas você não acha que a diferença de 8 pontos entre 1° e 2º pode influir muito? tenho uma impressão sobre o reabastecimento, não sei se por não gostar mas, por ver tantas corridas técnicas (com prost!) nos anos 90, que no final das contas, se mostrou ineficiente esportiva e tecnicamente pois, corridas eram ganhas antes das paradas ou no box! em relação a parte técnica, na maioria das vezes vencia o melhor chassi! ficou uma impressão de efeito mr m pois, a gente já sabia o final! hehehe!! talvez venhamos a cair no caso dos pneus como você disse! a velha guerra poderia ser salutar! acho que a universalização do pneu foi pior que a falta de reabastecimento. quanto a resistência dos pneus, talvez a livre escolha pois, mesmo durando até o fim, poderíamos ter carros saindo nas quatro no fim da corrida, e quem quisesse fazer mais trocas, poderia ter muito mais ação, propiciando mais ultrapassagens, como no passado! era mais ou menos esse retrocesso que pensava.
A diferença e ilusória pq são mais pontos dados. A pontuação foi multiplicada por 2.5, menos no caso do 2º lugar (seria 20, mas escolheram 18 para incentivar a vitória, como se o problema fosse falta de vontade!). Num universo de mais de 250 pontos no final da temporada, dá no mesmo. Tanto, que o campeonato seria igualmente parelho na pontuação antiga.
Falarei sobre o reabastecimento na quarta. É polêmico, mas prefiro assim. Talvez porque seja fã de pilotos inteligentes como o Prost! As corridas ficam mais técnicas que táticas.
Parece que só os pneus ou os esguichos do Ecclestone são soluções mais realistas para as ultrapassagens. Veremos como funcionam as asas traseiras móveis…
Ju, sobre a pontuação de 2009, vale lembrar que Webber perderia o terceiro posto para Hamilton. 😉
2010 foi um espécie de evolução e refinamento da segunda metade de 2009. A Red Bull manteve-se como principal força enquanto a McLaren continou na ascendente (apesar do MP4-25 ser totalmente diferente do MP4-24). A Brawn, agora Mercedes, não reverteu sua curva descendente e a Ferrari, cujo carro tinha mostrado certo potencial em 2009, deu um grande e previsível salto após abandonar a temporada passada e jogar todas suas fichas em 2010.
A pulga atrás da minha orelha diz respeito ao KERS. Será que não perder tempo com o KERS em 2009 ajudou a Red Bull a desnvolver um carro quase perfeito para 2010?
Pensando assim, se a evolução de McLaren e Ferrari continuar no mesmo ritmo, podemos esperar um 2011 mais equilibrado. mas você tocou num ponto interessante: será que alguum dos grandes vai deixar o Kers de lado e lucrar com isso?
O KERS é ou não obrigatório para 2011? Estou confuso ainda.
De qualquer forma, se for para alguém não o utilizar, certamente será a Red Bull. Para quê ela iria se dar ao trabalho de desenvolver ou adaptar a gerigonça e correr o risco de por a perder um conjunto rápido em praticamente todos os circuitos? Por outro lado, a McLaren certamente estará entre quem utilizará o sistema. Acho que o Button até confirmou isso numa entrevista recente, dizendo que a experiência de 2009 será benéfica em 2011.
Acho o KERS ótima iniciativa, mas ele praticamente nasceu estrangulado ao ser limitado tanto na potência quanto no tempo de uso. A FIA de Mosley deu um tiro no alvo e dois nos pés, para variar. O ideal seria um sistema totalmente ilimitado. Quem tem grana (montadoras), banca seu desenvolvimento. Quem não tem, corre com um carro mais leve (poderia se introduzir uma cláusula ou exceção no regulamento baixando o peso mínimo em quantos kg fossem necesários para manter equilíbrio, segurança e competitividade). Aí as montadoras poderiam vender seus sistemas por um preço fixo definido pelo grupo FIA-FOTA e fazer das equipes menores campos de testes. Fácil. Todos ganham; tecnologia desenvolvida, incentivo para montadoras pemanecerem sem se tornarem predadores das pequenas, F1 mais verde e ecológica, corridas com carros endiabrados de motores incríveis.
Acho que já desviei demais do tópico. Back to Earth…
Esse assunto é muito interessante mesmo. Também vi que a ideia inicial era que o Kers só voltasse se todos usassem, mas recentemente li que a Lotus disse que não vai usar. Fiquei na dúvida também.
Tinha visto que eles iam mudar as regras de utilização pra não acontecer o mesmo de 2009, para que seja de fato vantajoso ter o sistema. Escrevo quando tiver mais detalhes.
Sim, curioso isto do KERS. Acho que teremos um prewiew de 2011 bastante técnico e interessante.
Não sabia que a Lotus disse que não vai usar. E agora, dona FIA?
Eles podem estar fazendo pressão, sei lá. Quando decidiram que todo mundo teria Kers, não foi tipo um acordo de cavalheiros? Não me lembro se a obrigatoriedade estaria na regra. Pelo menos pelo que disse Montezemolo no final de semana, parece tudo meio nebuloso.
“Luca di Montezemolo, presidente da equipe Ferrari, pediu para que o regulamento da Fórmula 1 de 2011 seja claro, para evitar polêmicas com a introdução das novas regras.
No ano que vem, o sistema de reaproveitamento de energia cinética (Kers) voltará a ser utilizado no carros e a Pirelli será a fornecedora única de pneus. Além disso, os pilotos poderão ajustar o ângulo da asa traseira quando estiverem próximos do adversário para aumentar a chance de ultrapassagem.
– Espero que possamos iniciar a temporada com total clareza no que diz respeito ao regulamento. Não estou preocupado com isso, mas nossa experiência de 2009 ainda incomoda – disse Montezemolo, lembrando do difusor duplo desenvolvido pela Brawn GP.”
seu artigo, Ju, quanto mais se lê, mais especulações geram! o fato de ser 5, poderia ser 6! como você mesma disse, devido a atual situação, largar na frente, tornou-se importante! as 3 grandes, que se destacaram por todo ano, invariavelmente ocupavam as 6 primeiras posições, excetuando-se o imponderável, ou seja, elas não estarem lá, no alto! é como na famosa pelada de fim de semana, onde os times saem equiparados tecnicamente, daí o jogo é bom! por estarem tão próximos, principalmente em ritmo de corrida, fez desse 2010, tão igual, onde a formiga comia a sobra do elefante! faltou massa, que é um bom piloto, kubica, que a renault nunca ajudou (karroça) e rosberg, que começou bem mas, a equipe preferiu adiar para 2011,será por quê?(shumito?) poderia ser 8! vale também uma cola de uma resposta sua, onde, quem mais errou tentando, chegou, ou seja, o medo de vencer não pode ser maior que a vontade de ganhar!( chavão globo)
Wagner, estava te respondendo sobre o que acho a respeito de Mercedes e Renault, mas acho que rende um post! Já falaremos mais sobre isso.