F1 Por que 2010? Deixaram os caras correr (pelo menos um pouco…) - Julianne Cerasoli Skip to content

Por que 2010? Deixaram os caras correr (pelo menos um pouco…)

O processo decisório dos comissários era algo que precisava ser revisto. Num passado recente, punições bastante discutíveis – como as 5 posições perdidas por Alonso na Hungria em 2007, sem que o piloto fosse “incriminado” por qualquer artigo, ou a sequência de penas que Hamilton recebeu na 2º metade de 2008, ao mesmo tempo em que Massa era liberado do pit em cima de Sutil, em Valência, e a equipe era apenas multada – tiraram o foco da disputa na pista.

O ano de 2010 já começou com um ato de boa vontade: ex-pilotos fariam parte do corpo de comissários. Houve quem chiou quanto às nacionalidades dos convidados, em sua maioria britânicos, mas a pergunta é qual a medida de envolvimento que lhes é permitido.

Não dá para acertar sempre, e tivemos algumas polêmicas, porém, no geral, o resultado dessa novidade fez com que comissários deixassem as corridas fluírem e parassem de punir toda e qualquer tentativa de ultrapassagem que desse errado.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=5vkushrj-F4]

E é engraçado como Hamilton está sempre envolvido nestas questões-limite entre o aceitável e o punível. Claro, ele é do tipo que arrisca e depois pensa.  Tirou Webber da pista na relargada na China; cruzou a pista várias vezes para se defender de Petrov na Malásia; fez uma volta a mais que o previsto e se beneficiou do menor peso para fazer a pole no Canadá, cruzou a frente de Bruno Senna em Abu Dhabi como se estivesse sozinho na pista e ultrapassou o Safety Car em Valência. Tirando o último episódio, levou, no máximo, advertências, o que mostra que a ordem é deixar a corrida seguir.

Curioso, também, que outros envolvidos em polêmicas com os comissários foram Schumacher e seus discípulos, Vettel (que escapou da defesa exagerada na largada da Alemanha, mas não da lentidão atrás do Safety Car na Hungria ou do drive through – na minha opinião, injusto – na Bélgica) e Hulkenberg, o homem das defesas pesadas – que o diga Webber. Schumi pintou e bordou, principalmente em Cingapura, mas nessa nova ordem de considerar tudo acidente de corrida, só não escapou na Hungria. É outro que gosta de brincar com um limite.

[youtube=http://www.youtube.com/watch?v=F9L28Ym-aIk]

É lógico que ainda há muita política por trás das decisões. Os ferraristas vêem ligação entre o que aconteceu entre Valência e Inglaterra. Na prova espanhola, Hamilton levou um drive through (excessivamente demorado, não havia o que interpretar) e Alonso falou em “corrida manipulada”. A FIA, é claro, não gostou nada. Ao invés de punir disciplinarmente o piloto, deu-lhe um drive through na corrida seguinte, e ainda por cima durante o Safety Car, depois de ter garantido à equipe que julgaria a ultrapassagem do espanhol sobre Kubica apenas ao final da prova.

Quando a Red Bull dominava assustadoramente na Hungria, a distância que Vettel costumeiramente adota para o Safety Car foi considerada ilegal. Quando fez o mesmo em Abu Dhabi, não. E quando Webber, então líder da tabela, foi claramente prejudicado em Monza? Esse tipo de decisão mostra vestígios do que já foi feito em outros campeonatos. E o testemunho de Eddie Jordan à BBC de que seria difícil entrevistar Ecclestone logo depois das provas porque o dirigente gosta de participar das decisões dos comissários diz muita coisa. A aplicação de regras ainda não é tão objetiva, justa e criteriosa como deveria, mas pelo menos estão deixando os caras correrem.

15 Comments

  1. “Quando a Red Bull dominava assustadoramente na Hungria, a distância que Vettel costumeiramente adota para o Safety Car foi considerada ilegal. Quando fez o mesmo em Abu Dhabi, não.” …
    2 pesos , 2 medidas completamente diferentes.
    Vettel estava na 2a posição atrás do Webber e existe regulamento que vc deve ficar xxx metros atrás do competidor antes da relargada do Safety Car.
    No caso de Abu Dhabi ele estava na PRIMEIRA colocação e como tal , ele tem a vantagem de DITAR O RITMO antes da relargada , enquanto os pilotos atrás deles devem seguir o ritmo do lider da prova.

    • A regra não permite que o primeiro colocado dite o ritmo que quiser, pelo menos depois do Japão-2007. Quem inventa isso é o Galvão.

      Segundo o artigo 40.9: Once behind the safety car, the race leader must keep within ten car lengths of it

      Segundo o artigo 40.11: In order to avoid the likelihood of accidents before the safety car returns to the pits, from the point at which
      the lights on the car are turned out drivers must proceed at a pace which involves no erratic acceleration or
      braking nor any other manoeuvre which is likely to endanger other drivers or impede the restart.

      • Vc viu o 40.11 por completo ?
        =====
        40.11 When the clerk of the course decides it is safe to call in the safety car the message “SAFETY CAR IN THIS LAP” will be displayed on the timing monitors and the car’s orange lights will be extinguished This will be the signal to the teams and drivers that it will be entering the pit lane at the end of that lap.
        At this point the first car in line behind the safety car may dictate the pace and, if necessary, fall more than ten car lengths behind it.
        In order to avoid the likelihood of accidents before the safety car returns to the pits, from the point at which the lights on the car are turned out drivers must proceed at a pace which involves no erratic acceleration or braking nor any other manoeuvre which is likely to endanger other drivers or impede the restart.
        As the safety car is approaching the pit entry the yellow flags and SC boards will be withdrawn and, other than on the last lap of the race, replaced by waved green flags with green lights at the Line. These will be displayed until the last car crosses the Line
        ===============
        “SAFETY CAR IN THIS LAP” will be displayed on the timing monitors and the car’s orange lights will be extinguished This will be the signal to the teams and drivers that it will be entering the pit lane at the end of that lap.
        ===========!!!!!!!!!!!!!!! AQUI
        At this point the first car in line behind the safety car may dictate the pace and, if necessary, fall more than ten car lengths behind it.
        ===========!!!!!!!!!!!!!!! AQUI
        “Se necessário , pode se distanciar mais que a distancia de 10 carros entre o safety car”

  2. Outra coisa… o 40.9 completo é :
    ====
    40.9 The safety car shall be used at least until the leader is behind it and all remaining cars are lined up behind him.
    Once behind the safety car, the race leader must keep within ten car lengths of it (except under 40.11 below) and all remaining cars must keep the formation as tight as possible.
    ===========
    Ou seja , abre uma excessão e o válido é o 40.11.
    Por isso eu prefiro colocar o regulamento por completo e não somente cortar as partes que me são convenientes.

    • Sim, ele é cheio de contradições e subjetividades. Se você ler o artigo que fala de punições em situações de ultrapassagem, chegará à conclusão de que é proibido ultrapassar.
      Não estou dizendo que ele “deveria” ter sido punido, mas que “poderia”, não por distância em relação ao SC, mas por por “erratic driving” ao frear daquele jeito. O regulamento (não só da F1) dá a base para que os comissários interpretem da maneira que lhes convém. A discussão é essa.

      • Concordo, o regulamento é complexo e gera margens a várias interpretações.
        Finalizo por aqui, no aguardo de novos excelentes posts do Faster F1. 😉

  3. From the top of my head, não houve incidente este ano cujo julgamento achei inexplicável ou afrontoso. Nem mesmo com relação a apenas aplicar uma multa pela troca entre Alonso e Massa na Alemanha. Live and let live. A F1 estava já é engessada demais e as disputas são raras.

    O ano de 2008 definitivamente foi o pior de todos em relação a decisões de comissários.

    • 2008 beirou o absurdo. Acho que a diferença agora é que eles mantiveram um certo padrão de deixar rolar. O Hamilton agradece…hehe

      • Melhor assim. Acho que muitos comissários sofreriam infartos se vissem como gente como Mansell, Senna e Rosberg se defendiam e atacavam nos anos 80 e 90.

        • Naquela época era permitido mudar de trajetória várias vezes para se defender. Era. no mínimo, mais animado! Alguém sabe quando e por que mudaram a regra?

  4. berger mesmo deu um pitaco no caso barrichello e shumacher, considerando a disputa de hoje em dia, muito leve, em vista do que acontecia no passado! a presença de comissários ex-pilotos sempre, seria o mais racional, mas ficará sempre a dúvida, quanto a favorecimento, quando falarmos de mesma cidadania! penso que no canadá, a defesa de shumacher sobre massa foi excessiva, merecia punição! se nã me falha a memória, após a morte de senna, com toda preocupação com segurança, a linha de defesa nas ultrapassagens foi simplificada, não teho certeza! ps.: Ju, em relação ao post de ontem, coloquei hoje cedo uma suposição. gostaria de saber sua leitura sobre o tema.

  5. Até aonde a minha memória me ajuda não houve tantas decisões erradas ou confusas, algumas sim o que é normal mas acho que na grande maioria acertadas. Ponto pra FIA e tio BEErne.

  6. Estou de volta aos blogs, Julianne! Parece estar muito boa essa sua série, depois lerei-a com mais tempo e atenção, prometo!

    • Engraçado, acabei de lembrar de você! Estou separando alguns vídeos da BBC de 2010 e selecionei dois do grande Murray. Um tem ele e o Moss discutindo sobre o campeonato, impagável.


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