Não inventar nenhuma regra esdrúxula seria um bom começo para dirigentes que apareceram, do nada e de maneira autoritária, com a pontuação dobrada em 2014 e o sistema de classificação por eliminação ano passado. Ambas medidas com cerca de 95% de rejeição por parte dos fãs. Aliás, se a Fórmula 1 entrasse na onda das promessas de ano novo, a primeira deveria ser justamente quebrar a barreira que insiste em levantar com quem se importa com ela.
Porque não é simplesmente uma questão de não saber lidar com as novas mídias. A Fórmula 1 acredita que estar acima de tudo e de todos é uma de suas grandes qualidades. Tem certeza que o fato de convidar ricaços para o paddock é o que lhe dá audiência. E isso não poderia estar mais errado em tempos nos quais o que todo mundo busca é fazer parte de algo.
Aos poucos, organizadores aqui e ali vão fazendo mais do que sessões robóticas de autógrafos e oferecem a abertura do pitlane aos primeiros a comprar ingressos e ações do tipo. Mas ainda é pouco. A F-1 deveria mesmo é socializar, ir em boteco e baixar aplicativo de paquera.
O segundo comportamento que deveria ficar para trás é, na verdade, um desmembramento do primeiro: parar com essa mania de querer ser centro do mundo. O momento é de flexibilizar. Plataformas, horários e até a escolha do recheio. Em um esporte tão complexo, é menosprezar a audiência querer mostrar apenas uma corrida. E sem direito a replay a qualquer hora do dia. Isso já acontece em alguns países por meio de assinaturas caras de canais especializados, mas é focado na TV. Para quem continua bloqueando vídeos – como se estivéssemos na época em que o fim do Napster era um tema relevante – e proibindo até mesmo jornalistas de publicar vídeos simplesmente por não compreender como lucrar com isso, a repaginada tem que ser geral.
E a terceira – e não menos importante – promessa é parar com a sofrência, com essa mania de se diminuir, esse excesso de autocrítica só pelo prazer de se criticar. Vimos grandes corridas nos últimos tempos, testemunhamos campeonatos disputados por pilotos em equipes diferentes (com direito a shows de pilotagem) poucos anos atrás. É preciso aceitar que há ciclos aqui e ali e evitar revoluções que só vão gerar novos ciclos. Nada de seguir anúncio de poste e procurar amarração do amor com as corridas dos anos 80. Todos ali seguiram em frente, F-1, inclusive você. Abaixo à sofrência.
5 Comments
Uau! Que final divertido para a foto fazer sentido!
Se bem que eu gostei de uma coisa (e só uma coisa) do novo regulamento:
Pneus 25% maiores e mais aderentes. Acho que repaginada aerodinâmica não precisava, porque aumento de downforce prejudica as ultrapassagens. A Mercedez não terá tanta vantagem assim quando os motores estiverem melhor equalizados, o que está acontecendo com o tempo.
Um grande abraço do fundo do meu coração vermelho de outubro de 1917,
Atenágoras Souza Silva.
puts, referente a F-1 anos 80 recentemente estava conversando com um amigo ingles jornalista que cobria a f-1 nessa epoca. eu assisti algumas corridas no youtube ou sei la onde e realmente as corridas nao eram toda vez tao fantasticas como nossa memoria ou saudosismo querem fazer com que sejam. eu nao perdia nenhuma corrida na epoca…acho que desde fim dos anos 70 assisti quase tudo.
o que havia era mais volatilidade, mais acidentes, mais escapadas de pista fatais (caixa de areia, muro) e muito mais quebras. como o piquet e outros falam, voce comecava a corrida sem realmente saber se chegaria no final com o carro inteiro. e eles poupavam gasolina…nunca era flatout como……. nos anos 2000!! (ou fins de 90s). assistindo as corridas com mika x schumacher e cia ltda (alonso mais tarde, kimi, hamilton) deu para ver que aquela era pode ter sido a verdadeira era dourada… pe embaixo toda hora, multiplos pit-stops e de volta a pista para voar, tempo de qualifying em toda volta.
com ou sem DRS ha uma geracao bem interessante agora de otimos pilotos. tomara que os novos carros facam justica a habilidade do max, daniel, hamilton, sebastian… do alonso (olha ele ainda aqui, aproveitem enquanto podem) e de mais um ou outro que esta chegando.
Sempre achei que esse excesso de autocrítica era um dos piores erros da F1, feliz em saber que não sou o único que enxerga isso.
Dos anos 80/90 só sinto falta de duas coisas:
Caixa de brita, as áreas de escape tem sido usadas com extensão da pista.
Menos punições para manobras ousadas, hoje em dia existe muito mimimi em torno de algumas manobras, os pilotos acabam não arriscando por medo das punições.
Beijos pra ser meninas e abraços pros meninos!
Nato, mais uma coisa dos anos 80 que dessa vez sinto falta: Tudo no mundo sofreu upgrade. De cargos a medalhas em vinhos a estrelas em filmes. A secretaria virou nao sei o que (assistant administrative), o empregado virou colaborador… cartao de credito GOLD ja he o pior que ha, e por ai vai. George Carlin, anyone? Vertically challenged person…. physically challenged…Ate a pontuacao na f-1 passou por isso. Top 6 valia MUITO. Hoje com 10 lugar qualquer um vira heroi.
Pontos para 0s 10 ”primeiros” foi um dos pontos baixos do mimimi. Leia ou assista o filosofo Luiz Ponde sobre mimimi. Praga mundial. Pilotos mimadinhos num mundo mimadinho com torcedor mimadinho tambem!
Passo no abrazo, tenho toc, fica um cumprimento de maos, com luvas.
A Plow, podemos entender esse mimimi em exagero aos “fãs” também, além do que você citou sobre os anos 80 a reclamação dé quem assiste dizendo que a tecnologia deixou o piloto em segundo plano é exagerada.
Senna e Prost tinham que acertar o tempo do pé esquerdo na embreagem e a troca de marcha.
Hoje em dia Lewis e Vettel tem que acertar o tempo do KERS e do DRS, os desafios aos pilotos mudaram e o público não viu, pior não viu que comparar épocas é tolice.
Não entendo pq a F1 fica com esse excesso de autocrítica, eita síndrome de cachorro chutado!
Abraços pros meninos e beijos pra ser meninas!