F1 Quebrando o gelo - Julianne Cerasoli Skip to content

Quebrando o gelo

Scuderia Ferrari driver Kimi Raikkonen (7) of Finland on the podium after winning the Formula 1 U.S. Grand Prix at the Circuit of the Americas in Austin, Texas on Sunday, Oct. 21, 2018.

Ele não ganhava nenhuma posição em primeiras voltas desde o GP de Abu Dhabi de 2016. E não se intimidou com a espremida de Hamilton. Não vencia uma corrida desde o GP da Austrália. E partiu para a bandeirada como se nunca tivesse esquecido o caminho. Para completar, ouviu até uma ordem de equipe a seu favor – desde sabe-se lá quando! O homem de gelo pode até ter tentado despistar, mas estava tão focado no próprio triunfo que só se tocou que Lewis Hamilton não tinha conquistado o título quando os pilotos esperavam na antessala do pódio.

A surpresa estampada na cara do finlandês mostra o tamanho de sua preocupação em trabalhar para o título do companheiro. Desde que se viu de fora da Ferrari, em setembro, voltar a vencer se tornou uma questão de honra daquele que viu algumas oportunidades claras em Mônaco e na Hungria ano passado escaparem “pelos interesses da equipe.”

O mais irônico é que foi justamente a performance de Raikkonen que manteve o campeonato vivo. Sua largada agressiva e bom ritmo com os ultramacios no início da prova fizeram a Mercedes arriscar. O Safety Car virtual causado pelo abandono de Daniel Ricciardo veio justamente no limite do que se chama “janela de SC”, ou seja, se a corrida estiver neutralizada, há a possibilidade estratégica de parar.

Levando isso em conta, Hamilton ouviu a instrução de fazer o oposto do rival. Se ele parasse, o inglês ficaria na pista. E estava torcendo por isso, por achar muito cedo para trocar os pneus. Mas Raikkonen ficou na pista, Lewis não bancou a decisão mesmo achando que entrar não era  melhor opção, e a corrida mudou de figura.

Agora Hamilton teria que ganhar, na pista, os 23s de uma parada a mais. Começou bem, até seus pneus macios começarem a formar bolhas, algo normal quando se força muito no começo de um stint. No final, foi quase o suficiente para o segundo lugar, não fosse a muralha Max Verstappen, que protagonizou sua segunda corrida de recuperação em Austin, desta vez pulando de 18º a segundo, tendo ganho nove posições apenas na primeira volta.

Falando em recuperação, Sebastian Vettel deve ter se especializado em escalar o pelotão depois de uma temporada em que vem teimando em complicar sua vida. Primeiro pela punição boba em um treino livre que não valia nada, depois pela rodada da primeira volta, perdendo uma boa oportunidade em um fim de semana em que a Ferrari deixou para trás as novidades que vinha tentando implementar desde Singapura e trouxe um novo mapeamento de motor.

Uma das melhores corridas da temporada ainda teve outros pontos interessantes. Fernando Alonso saiu falando que “o grid da F-1 tem mais amadores que o WEC”, depois de ser atingido por Lance Stroll, e Kevin Magnussen reclamou da “Fórmula Economia de Combustível”, após ser punido por ter ultrapassado em 0,1kg a quantidade total de combustível. Foi desclassificado por isso, assim como Esteban Ocon, cuja Force India estava com o fluxo de combustível superior ao permitido na primeira volta da corrida.

É interessante que estas falhas tenham ocorrido tão no final da temporada e em um circuito em que o consumo de combustível é apenas moderado. Mas o fato é que a briga da Haas para ser quarta colocada ficou bem mais complicada, especialmente com a boa performance da Renault. Para a Force India, o prejuízo é menor, já que, mesmo assim, o time conseguiu descontar mais quatro pontos da rival McLaren na disputa pelo sexto posto.

Agora, no México, o campeonato só não acaba se acontecer o improvável com um Lewis Hamilton que, mesmo parando uma vez a mais e destruindo seus pneus, chegou a menos de 2s5 do vencedor.

9 Comments

  1. Mais uma vez vai ficar a “promessa” de um campeonato *realmente* disputado no ano que vem… This is getting old… :~(

  2. Estatísticas nada importantes, mas interessantes:

    Primeira vez desde 2008 ( com o próprio Räikkönen) que os dois pilotos da Ferrari vencem pelo menos uma corrida a temporada.

    Outra: Se Bottas não vencer nessa temporada será a primeira vez desde 2013 que a Mercedes não terá seus dois pilotos ganhando ao menos uma etapa na temporada.

  3. Ju, verdade que o Vettel afirmou estar sofrendo de problemas dentro e fora das pistas?

  4. Ju, as bolhas no carro do Hamilton foi o velho problema da temperatura dos pneus traseiros ? ou foi pela temperatura no dia da prova que estava mais alta ?

    só a mercedes sofreu bolhas, ou as outras equipes também ?

  5. O mais legal do Kimi Raikkonen é a sua total falta de preocupação ao melhor estilo “James Hunt moderno”. Quando ele faz essas apresentações incríveis, fico imaginando a quantidade de títulos que poderia ter conquistado se “levasse a sério” a F1 e fosse tão profissional quanto Rosberg, Vettel ou Schumacher.
    A corrida foi incrível, Verstappen deu uma aula de como se defende, Vettel uma aula de como se escala o pelotão, McLaren e Williams deram uma aula depois como transformar uma organização grande em organização média e pequena (essa aula já se encaminha a muitos anos), e por fim, Kimi mostrou do que é realmente capaz quando quer alguma coisa.
    De agora em diante, torço por um abandono do Hamilton, uma vitória do Vettel e uma decisão em Abu Dhabi independente de qual piloto leve o caneco.
    Grande abraço a todos do blog!

    • Aí Nato! Compartilho tua torcida! Seria *super legal* se de uma forma milagrosa o campeonato de pilotos só terminasse em Abu Dhabi!


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