A Ferrari está correndo muitos riscos para tentar virar o jogo após o péssimo 2020 em dois campos fundamentais: remodelando seu motor e a parte traseira do carro. Isso porque não há muita margem para erro. Devido às restrições do desenvolvimento não aerodinâmico adotadas como uma das respostas à pandemia, a unidade de potência não poderá ser modificada ao longo da temporada, e as mudanças na traseira significam que a Scuderia estará comprometendo suas fichas de desenvolvimento com isso, até porque a avaliação era de que a suspensão limitava o que era possível fazer do ponto de vista aerodinâmico para melhorar a estabilidade do carro, então não havia outra saída.
“Trabalhamos no motor de combustão, visando aumentar sua eficiência térmica. O turbocompressor foi revisado para atender às necessidades do motor e, ao mesmo tempo, planejamos aumentar a eficiência na recuperação dos gases do escapamento. Também estamos trabalhando no sistema híbrido da parte eletrônica, tentando revisar todos os seus componentes e otimizá-los.
Enrico Gualtieri, chefe de motores da Ferrari
Há mudanças interessantes também no bico do carro, importante para o fluxo aerodinâmico de todo o conjunto. As entradas de ar próximas ao santantônio também mudaram para acomodar um sistema de arrefecimento atualizado, sempre dentro da premissa de deixar a traseira mais “magra”. E os sidepods também têm um novo desenho. Não dá para dizer que a Ferrari não trabalhou nesse carro!
O sucesso da nova suspensão italiana tem tudo para ser importante para a adaptação de seu novo piloto, Carlos Sainz. Isso porque o tipo de comportamento do carro ferrarista nos últimos anos é o mesmo com o qual o espanhol mostrou na McLaren que não fica tão à vontade: instabilidade na traseira especialmente na entrada de curva. Nenhum piloto gosta de ter um carro instável mas, assim como Leclerc na comparação com Vettel, o companheiro de Sainz no time inglês, Lando Norris, se dava melhor que o espanhol quando o carro se comportava dessa forma, então a correção disso – que passa pela nova suspensão em conjunto com o desenvolvimento aerodinâmico, seria uma ótima notícia para ele.
Sainz é um piloto ao mesmo tempo agressivo e técnico, lembra um pouco Alonso nesse sentido. Mas sua principal qualidade é compreender que o trabalho do piloto não é só dentro do cockpit. Ele era muito bem visto pelos engenheiros na McLaren (e Binotto inclusive revelou que parte da avaliação ferrarista para contratá-lo foi ouvir sua comunicação com a equipe via rádio), e também pelo pessoal de comunicação e marketing.
É nesse trabalho com os engenheiros que seu novo companheiro Leclerc vem focando, passando a falar mais e se certificar de que está sendo ouvido, então Sainz (que tem quase o dobro de largadas do monegasco) pode até ser uma boa referência nesse sentido, e também por ter um racecraft muito forte – sim, as smooth operations de cada domingo. Por outro lado, eles formarão a dupla de pilotos mais jovem da Ferrari em mais de 50 anos, desde 1968.
Isso, no que não deve ser uma temporada fácil. Vindo do sexto lugar ano passado, por mais que a Ferrari atualize sua unidade de potência e resolva as questões limitantes da parte traseira do carro, não vai voltar ao patamar do início de 2019 em termos de competitividade. Até porque a nota de corte está bem mais alta, tamanho o desenvolvimento da Mercedes justamente nestes dois setores em que a Ferrari busca melhorar.
Do lado positivo, a Ferrari é, de longe, quem mais tem a ganhar com o fato de que estão liberadas até antes da temporada mudanças no motor de combustão, no MGU-H, no turbo e no combustível. São justamente as áreas em que eles perderam terreno após a investigação da FIA do final de 2019. Binotto também acredita que o time pode se beneficiar das novas regras dos assoalhos, uma vez que o seu já gerava menos pressão aerodinâmica de qualquer maneira, então os rivais têm, em teoria, mais a perder do que eles.
Mesmo com tudo isso, o objetivo palpável é brigar pelo terceiro lugar entre os construtores, o que só evidencia o tanto que a Ferrari precisa remar.
1 Comment
Vai ser grande a espectativa em ver o que a Ferrari consegue fazer este ano e isso vai já começar nos testes de pré-época. Claro que não se espera que a equipa italiana consiga lutar de igual com a Mercedes, mas aguarda-se que faça bem melhor do que fez no ano passado.
cumprimentos
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