Pietro Fittipaldi é confirmado como piloto reserva e de testes em 2021
É justo dizer que a Haas não disputou o campeonato de 2020 e, sim, sobreviveu ao campeonato de 2020. Essa foi a missão dada pelo dono Gene Haas ao chefe Guenther Steiner no começo do ano, quando o quadro era um tanto desolador: o Pacto da Concórdia não tinha sido fechado ainda, o teto orçamentário era alto, os carros do novo regulamento seriam projetados sem teto, em 2020, e Gene tinha decidido colocar o time à venda.
Até que a pandemia acabou ajudando a Haas indiretamente, empurrando as novas regras para 2022, com um teto (mais baixo) já em vigor. Com o desenvolvimento deste novo carro de 2022 congelado para todo mundo, eles puderam respirar financeiramente. Além disso, uma série de fatores fez com que a Ferrari precisasse mais do que nunca de sua parceira e, lá por setembro, o time já não estava mais à venda.
Foi o suficiente para sobreviver. Agora começa o desafio de verdade: com as novas regras, a Haas vai precisar fazer seu próprio carro pela primeira vez. Da Ferrari, ganhou reforços e inclusive instalações dentro de Maranello. Será um prédio à parte, sem acesso físico, mas com a possibilidade de contar com várias cabeças ferraristas.
Então a impressão é de que uma das maneiras que a Ferrari encontrou para evitar demissões com o teto orçamentário é ‘’abraçando’’ a Haas, o que vem em boa hora. Para a Scuderia, é melhor que seus funcionários sejam emprestados do que estejam no mercado ‘dando sopa’ para a concorrência. Para a Haas, que foi formada com muita gente recrutada na então GP2 em 2015, tudo o que trouxer experiência, é bem-vindo.
Um desses empréstimos, e de peso, é Simone Resta, que ocupava o cargo de chefe de engenharia da parte de chassi. Outro é Jock Clear, que tem um objetivo mais direcionado: certificar-se de que Mick Schumacher atinja o máximo de sua capacidade e se desenvolva.
Nada melhor para ter a atenção ferrarista do que contar com o piloto que eles têm todo o interesse de, um dia, pinçar para a Scuderia. Pode-se dizer, inclusive, que a dupla escolhida é reflexo direto de tudo o que o time viveu nos últimos 18 meses, já que a Haas escolheu por ceder à Ferrari (embora ganhe muita exposição com isso) para ter o grande nome da FDA ao mesmo tempo em que nada nos dólares de Mazepin, mudando algo importante na forma de escolher pilotos: ao invés de apostar na experiência para compensar com a falta de experiência do time, agora terá uma dupla 100% estreante.
O salto de Schumacher e Mazepin pode ser considerado até maior do que o dado por Russell, Norris e Albon em 2019, ou Latifi em 2020: um fator que aproximava a F1 e a F2 era os pneus, mas ano passado a F2 adotou os pneus de 18 polegadas, com uma construção totalmente diferente, e toda a maneira de trabalhá-los também mudou. De qualquer forma, há algo neste salto que é igual para todos: trabalha-se com infinitamente mais informação, mais detalhes, na F1, e será interessante ver como um piloto estudioso como Schumacher vai se beneficiar disso.
Além disso, ele e Mazepin terão de reportar-se a muito mais gente, terão de ser muito mais refinados e específicos em seu retorno técnico. O sucesso na F1 é mais uma questão de o piloto adaptar sua pilotagem e ampliar suas habilidades do que ser rápido e fazer o carro se adaptar a ele. Até porque o carro será desenvolvido para ser o mais veloz possível de acordo com o que os dados dizem.
Isso, para ficar nos desafios técnicos, uma vez que já ficou claro que a estratégia de resolver internamente a questão sobre o comportamento de Mazepin fora das pistas não foi bem recebida por uma parcela considerável dos fãs.
Falando em desenvolvimento, é uma palavra que volta ao dicionário da Haas neste ano, ainda que sem exageros. Em 2020, eles correram basicamente com o mesmo carro até o final – e a base, de 2019, já não era lá essas coisas. No final do ano passado, o time retomou a evolução de novas peças, visando adaptar-se às mudanças técnicas de 2021, tendo até uma primeira versão do novo assoalho, que foi testada por Pietro Fittipaldi em Abu Dhabi.
É claro que logo o foco muda para 2022, já que a briga real da Haas é entre Williams e Alfa Romeo, por um pontinho aqui, outro ali. É bastante provável que o motor ferrarista (que só poderá ser unido ao carro nos testes, devido às restrições da covid) venha melhor em relação a 2020, mas estamos falando de uma diferença que foi de cerca de 2s para o pelotão do meio ano passado. Se a sobrevivência já não foi tão fácil, o desafio de voltar a competir não parece ser mais simples.
1 Comment
A Haas é uma equipa que ainda não cativou muito a minha simpatia. Este ano é uma incógnita aquilo que poderá fazer, muito por causa dos seus dois pilotos estreantes. Mazepin vai começar a temporada a ser visto um pouco com desconfiança, enquanto que o Mick Schumacher carrega um nome de peso na F1.