Em 2020, a Red Bull reconheceu em alto e bom som que o motor não foi o fator limitante, e sim o carro. E, na gestão da equipe, conviveu com a dúvida de quanto ela, Red Bull, tem sua parcela de responsabilidade por, desde que Daniel Ricciardo foi embora (ou talvez isso também tenha feito com que ele tenha saído) os dois lados do box não parecem estar no mesmo nível.
Seria somente a qualidade de Max Verstappen o fator de desequilíbrio que puxa todo o resto ou a equipe tem sua parcela nisso? O fato de o time contratar um piloto experiente e regular como Sergio Perez mostra que eles querem, de uma vez por todas, responder essa pergunta.
A Red Bull sabe que Verstappen não precisa de um companheiro que o force para render em um nível alto. Afinal, ele fez isso por todo o campeonato do ano passado. Na verdade, vem sendo assim desde meados de 2018. O que eles precisam é pontuar melhor com ambos os carros e, caso a diferença em relação à Mercedes continuar caindo, ter mais armas para atacar durante as corridas.
Mas qual a chance disso acontecer? É lógico que a Mercedes nunca está parada e, mesmo quando acreditava-se que eles estavam chegando perto do limite, apareceram com um conjunto bem mais forte ano passado.
Contudo, a Red Bull tem motivos relacionados ao chassi e ao motor para estar otimista. Em 2020, eles finalmente se renderam ao conceito de frente do carro mais semelhante ao da Mercedes, ao mesmo tempo em que continuaram apostando no rake alto, marca registrada dos carros de Adrian Newey pós-2009. E não é fácil fazer os dois conceitos funcionarem ao mesmo tempo.
Junte-se a isso problemas de correlação com os dados de simulação e os pilotos constantemente perdiam o controle do nada. Simplesmente não era em todo tipo de curva que o fluxo de ar da parte de baixo do carro funcionava como deveria, motivo pelo qual trabalhar com ângulos tão diferentes em relação ao solo na dianteira e na traseira é delicado.
O carro parecia nervoso na entrada das curvas, o que gerou alguns subprodutos ao longo da temporada – de destacar a qualidade de Verstappen a minar a confiança de Albon, passando por um carro que não era tão bom quanto espera-se de uma Red Bull no trato com os pneus.
Porém, por ter mudado o conceito e, assim, ter escopo de desenvolvimento e, sabendo, é claro, que as regras continuariam as mesmas, a Red Bull seguiu desenvolvendo o carro até depois que a Mercedes deixou de focar em 2020. Havia um motivo óbvio para isso: entender o máximo possível o conceito antes de mudar o assoalho (o que terá de ser feito devido às novas regras de 2021).
Com um carro mais estável e previsível, a Red Bull cresceria em classificação e, especialmente, em corrida. E vai ter à disposição uma atualização significativa da Honda.
Os japoneses decidiram que não valia mais a pena investir no desenvolvimento da tecnologia atualmente utilizada na F1 e, com isso, vão se retirar da categoria ao final de 2021. No entanto, o projeto de atualizações acontece com grande antecedência e, no caso da Honda, bem antes que a chefia decidisse cortar o investimento, havia um projeto de mudança bem significativa para o motor já em andamento.
Não é uma nova arquitetura, mas sabe-se que será uma revisão tanto do motor de combustão, quanto dos sistemas de energia renovável, ou seja, algo bastante extenso e que estava previsto para estrear inicialmente neste ano, mas depois se tornou o projeto de 2022, para ser usado junto com o novo carro. Com a decisão de sair da F1, eles poderiam muito bem ter deixado o projeto de lado, mas decidiram apertar o passo para deixar tudo pronto para o início da atual temporada. Se alguém duvida do comprometimento da Honda neste ano de despedida, é melhor pensar duas vezes.
4 Comments
O Adrian Newey tem sido uma incógnita, as vezes passam impressão que ele está comprometido no desenvolvimento dos carros, as vezes dizem que outros projetos o tem atraído mais a exemplo dos barcos da Admiral’s Cup, do super carro da Aston Martin ou até numa fazenda na Austrália, quem sabe. Mas algo me diz que esse ano vai, como disse o Lawrence Barretto, do site oficial da F1, no lançamento não mostraram nada, pode ser apenas para fazer oba oba e criar suspense, sempre bem vindos para as marcas nas mídias, ou realmente acharam coisas bem interessantes e não querem ninguém copiando. Vou apostar na última (esperança que morre).
Este ano e principalmente enquanto a temporada não começa, a grande espectativa é ver o que o Sergio Pérez vai fazer. Eu acho que vai dar luta ao Verstappen e em alguns Grandes Prémios ficar mesmo à sua frente.
Cumprimentos
visitem: https://estrelasf1.blogspot.com/
Confesso que estou numa expectativa muita alta em relação à Red Bull, torço por eles desde os primeiros carros, lá na época do Coulthard. Seria incrível um duelo em condições próximas de Max com Lewis.
Aproveito pra dizer tbm sobre meu entusiasmo ao ler que vc foi contratada pela Band e fará parte das transmissões dessa temporada, nada mais que justo pelo excelente trabalho que vc faz.
Te desejo muito sorte e sucesso, vc merece! Eles fizeram uma excelente escolha e receberão de volta muita competência e profissionalismo, não tenho dúvidas disso.
Muito obrigada, André!