F1 Quem saiu perdendo em 2018 - Julianne Cerasoli Skip to content

Quem saiu perdendo em 2018

Vettel: Impossível não começar a lista com ele. Os erros seguidos em momentos cruciais expuseram algo em que o alemão tem de trabalhar: o racecraft. E isso não coloca em xeque seus quatro títulos mundiais, até porque ele não tinha que usar muito de seu racecraft naquela época. Não, ele não tinha o melhor carro disparado de 2010 a 2013, mas sua primeira vitória largando fora do top 3 foi só na era Ferrari, e isso diz muita coisa.

Vettel também pareceu colocar a frustração de ver a Scuderia cometendo erros simples em sua pilotagem, o que já tinha acontecido ano passado – aquele episódio de Baku vem à mente – e indica uma relação que já perdeu aquele encanto mútuo inicial. Vettel termina o ano questionado, questionando, e tendo de digerir a chegada de um piloto que é aposta do futuro ferrarista. Sem dúvida, é quem mais perdeu em 2018.

 

Bottas: Não deu para deixar de notar o ar cada vez mais cabisbaixo de Valtteri Bottas ao longo do ano. Ele começou o ano dizendo que suas desculpas de adaptação ao time tinham acabado, e terminou sem nenhuma vitória no bolso, contra 11 de seu companheiro. Mas é interessante notar como a história poderia ser diferente: Valtteri começou o ano com menos dificuldades que Lewis para entender o carro, e perdeu corridas na China, Baku e Áustria que deveria ter ganho. E então estaria na frente em um momento crucial do campeonato, quando a Ferrari tinha mais conjunto. Mas isso, claro, não aconteceu e Bottas pareceu pilotar visando uma única meta: renovar seu contrato. Depois disso, sua motivação parece ter acabado. Para 2019, vai precisar mais se quiser manter a vaga com a sombra de Ocon por perto.

 

Williams: Lembro de ter encontrado Felipe Massa pela primeira vez após a aposentadoria em Barcelona, na quinta etapa do ano. “Se livrou de uma boa, hein?”, disse para ele. “Cara, pior que eu nem imaginava que seria assim!” Que Paddy Lowe não é lá essas coisas, é uma suspeita que paira sobre ele desde os tempos de McLaren, mas a questão ali não é só projeto, e sim passa por falta de comando e procedimentos que pararam no tempo, além de pilotos que não corresponderam. Tanto, que a equipe decidiu receber menos dos pilotos e investir em talento para tentar sair do buraco em 2019.

 

Vandoorne: Não que a expectativa em cima do belga fosse gigante depois da primeira temporada mediana, mas é impressionante como alguém com uma carreira tão forte nas categorias de base possa ter tido uma passagem tão apagada pela Fórmula 1. Tudo bem que a performance da McLaren, especialmente na segunda metade do ano, não ajudou em nada, e Vandoorne estava correndo ao lado de Fernando Alonso, mas suas queixas no meio do ano de problemas de chassi que nunca foram encontrados pela equipe indicam um diagnóstico parecido bom Bottas: Stoffel passou a ser batido tão facilmente por Alonso que começou a ver fantasmas e entrou em uma espiral negativa. Diferentemente do finlandês, contudo, isso significou sua saída da F-1.

 

Ocon: O francês continua como queridinho da Mercedes (leia-se, de Toto Wolff) e deve voltar ao grid em 2020, possivelmente na própria equipe principal. Mas não fez bem a sua reputação em 2018. O rendimento nas classificações foi bem superior ao de Sergio Perez, mas nas corridas isso não se repetiu e Ocon terminou 13 pontos atrás. Muito disso tem a ver com seu comportamento na pista: Esteban teve três abandonos por colisão e ainda se envolveu em alguns toques pelo caminho – o mais famoso deles com seu antigo algoz na F-3 Max Verstappen no Brasil. Apesar da cara de bom moço e da fala mansa, dentro das linhas brancas, a coisa muda: é daqueles que deixa para o rival a decisão de bater, mesmo se for com o próprio companheiro, como Perez entendeu ano passado. Seria mesmo uma boa colocá-lo frente a frente com Lewis Hamilton daqui um ano?

3 Comments

  1. Faz uma matéria sobre pilotos que perderam de 0 nas classificações de corridas, como aconteceu com Alonso X Vandoorne este ano 😀

  2. Como a vida por vezes é ingrata. O Sebastian Vettel muitas vezes foi chamado de Baby Schumi por ser considerado o sucessor natural do maior Bicho Papão da história da F-1.
    Hoje ele é contestado.
    Eu acredito que ninguém vá de estupendo a estúpido da noite pro dia.
    Mas…como diz o velho ditado “a vida é igual viaduto, um dia você está em cima e no outro está embaixo.”

  3. Huuum…
    Julianne, seria pedir demais um especial sobre a McLaren durante o ócio das férias?
    É realmente incrível como uma equipe que outrora teve tantos bons profissionais produziu um chassi incrivelmente fraco esse ano. E se voltarmos na linha do tempo, é incapaz de produzir um chassi verdadeiramente bom desde 2008.
    Sobre o xeque nos títulos de Vettel, do meu ponto de vista acho que ele está sim, ano passado ele ainda pôde colocar a perda do título mais nos erros da Ferrari do que nos próprios, mas esse ano ficou bem claro que ele ainda não possui a maturidade necessária para trabalhar sobre pressão. Desde a época da Red Bull que ele erra se estiver pressionado e continua assim. Embora paradoxalmente ele cresce em situações de adversidade se tiver muitos fatores a seu favor. Como no toque com Bruno Senna em um dos títulos, mas ali ele tinha fatores a seu favor, como o melhor carro da categoria. A análise indica que ele não cresceu nesse ponto.
    Lewis Hamilton aprendeu com todos os seus erros, pricipalmente na perda do título pro Rosberg e por isso venceu do Vettel esse ano.
    Seria demais ver nova disputa parelha, como a desse ano, entre os dois para saber se Vettel aprendeu com os seus erros e saber realmente o quanto havia do carro e o quanto havia do piloto nos quatro títulos mundiais dele.
    Grande abraço a todos do blog!


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